Após o ministro da Cidadania, João Roma, dizer que mandaria verificar a situação da Bolsa Atleta do corredor Paulo André Camilo de Oliveira, participante do “BBB 22”, o governo decidiu suspender a assistência paga ao medalhista pan-americano.
Em razão de falta de treinamentos, o Ministério da Cidadania decidiu que haveria conflito entre os 1,8 mil que um dos melhores atletas brasileiros recebe do governo e sua participação no reality show da rede Globo – que transformou Paulo André no atleta em atividade mais famoso do Brasil, com quase 6 milhões de seguidores no Instagram.
“A Consultoria Jurídica do Ministério da Cidadania emitiu parecer sobre a participação do atleta no ‘Big Brother Brasil’, da TV Globo. A pasta encaminhou notificação para o atleta e aguarda a manifestação dele para dar andamento ao processo. Cabe informar que o pagamento foi suspenso preventivamente, já que a lei que disciplina o programa exige a continuidade dos treinos durante todo o período de recebimento do benefício”, diz a nota enviada à imprensa.
A decisão do Ministério da Cidadania expõe como é pequeno o apoio do governo brasileiro a seus atletas, equivalente a um salário mínimo e meio. Por isso, é necessário que outras entidades ajudem esportistas para que não precisem fazer jornada dupla pela subsistência.
A iniciativa do governo federal não foi acompanhada, por exemplo, pelo governo estadual do Espírito Santo. Além do Bolsa Atleta federal, Paulo André recebe mensalmente R$ 2 mil pelo Bolsa Atleta Capixaba, e um salário próximo a R$ 5 mil pela patente que ocupa na Marinha. Ele ainda recebe uma quantia da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) por integrar a seleção permanente da categoria.
Recentemente, a CBAt convocou Paulo André para a participação do campeonato Sul-Americano de Atletismo, realizado nos dias 19 e 20 de fevereiro, na Bolívia. Por estar confinado para participar do reality, ele não competiu.
O período em confinamento, entretanto, não é maior que o tratamento de uma possível lesão. Atletas de alto rendimento costumam ter lesões que levam de três a quatro meses de tratamento, com ausência em treinos.
Thays Andreata, mãe do filho de Paulo André, disse em suas redes sociais que “a vida de atleta não é fácil no Brasil e vimos o ‘BBB’ como uma forma de proporcionar uma vida melhor para nosso filho”.
Em sua carreira de atleta, Paulo André tem a segunda melhor marca do Brasil na corrida de 100m em todos os tempos, ficando duas vezes a 2 milissegundos do recorde de Robson Caetano. Ele chegou a superar o recorde em agosto de 2019, no Troféu Brasil, quando venceu os 100m rasos com a marca de 9s90. Mas o tempo não foi validado como novo recorde sul-americano por ter sido obtido com vento de +3,2 m/s (o limite é +2 m/s).
P.A. também conquistou duas medalhas, uma de prata e outra de ouro, nos Jogos Pan-Americanos de 2019.