Jussie Smollett foi libertado após seis dias da prisão por ordem de um tribunal de apelação. O ator tinha sido condenado a cinco meses de prisão por supostamente forjar um ataque racista e homofóbico contra si mesmo.
A libertação aconteceu após a promotora original do caso, Kim Foxx, ter protestado publicamente contra o julgamento, que para ela não deveria ter acontecido, e se irritado com a sentença, sugerindo racismo. Ela foi afastada pelo juiz do caso após apontar que não havia provas conclusivas e que o processo estava contaminado por declarações tendenciosas da polícia de Chicago.
Na quarta (16/3), o tribunal de apelação também discordou da sentença, dada como extinta mediante o pagamento de uma multa no valor de US$ 150 mil.
Além da multa, Smollett também passará por um período de 30 meses de liberdade condicional.
O ator da série “Empire” saiu da prisão do Condado de Cook, em Chicago, na companhia de cinco seguranças sem responder a perguntas da imprensa. Ele sustenta que é inocente e vítima de racismo do sistema judicial.
A condenação aconteceu após o ator fazer uma queixa criminal, em janeiro de 2019, alegando ter sido vítima de “crime de ódio” por apoiadores de Donald Trump. Smollett, que é negro e gay, contou ter sido agredido por duas pessoas encapuzadas que gritavam ofensas racistas e homofóbicas.
O caso foi marcado por contradições e, no curso da investigação, a polícia de Chicago transformou o registro de crime de preconceito em suspeita contra o próprio ator.
O tratamento público da investigação chegou a fazer a promotora original desistir do processo, mas o juiz Michael Toomin resolveu nomear um novo promotor, que retomou as investigações e, após a conclusão do levantamento de provas e testemunhos, indiciou Smollett em seis acusações relacionadas a relatos falsos à polícia.
Em meio à polêmica, o ator foi demitido da série “Empire”, em que tinha um dos papéis principais.
A principal descoberta da investigação foi a participação dos irmãos Ola e Avel Osundairo na agressão. Personal trainers de descendência nigeriana, eles já haviam aparecido como figurantes em “Empire” e testemunharam que o ator lhes pagou para que o atacassem, depois que a polícia os ameaçou de prisão e deportação para a Nigéria.
O superintendente da polícia de Chicago, Eddie Johnson, chegou a apresentar um cheque assinado por Smollett para os irmãos como prova das acusações.
Entretanto, em depoimento à polícia, os irmãos supostamente contratados por Smollett disseram que o dinheiro que receberam do ator na verdade era pagamento pela prestação de serviços como personal trainers. Há fotos no Instagram desse trabalho. Mesmo assim o processo seguiu em frente.
Os advogados de Smollett chegaram a argumentar que os irmãos atacaram o ator com máscaras porque são homofóbicos e não gostam de “quem ele é” e que inventaram a história de que foi tudo encenado para escapar de condenação e da ameaça de deportação.
Revoltada com a sentença, a promotora Kim Foxx publicou um artigo no jornal Chicago Sun-Times chamando o julgamento do ator de grande falha do sistema judicial.
“Smollett foi indiciado, julgado e condenado por uma acusação mambembe em questão de meses”, escreveu Foxx no artigo. “Enquanto isso, as famílias de mais de 50 mulheres negras assassinadas em Chicago nos últimos 20 anos seguem na fila aguardando justiça.”