O assassinato de Ângela Diniz vai virar filme estrelado pela atriz Isis Valverde (“Simonal”).
A produção será o próximo longa de Hugo Prata (“Elis”), mas o crime também deve render duas minisséries – uma assinada por Bruno Barreto (“O Hóspede Americano”) para a Globoplay e outra em desenvolvimento pela Conspiração Filmes. A boa notícia é que a existência dos demais projetos dificulta negociações para transformar o filme de Prata numa série, como aconteceu com “Elis” – iniciativa que costuma render produtos híbridos, sem foco e com montagem aos trancos, por tópicos.
A morte da socialite voltou a despertar interesse devido ao sucesso do recente podcast “Praia dos Ossos”, que, por sinal, será adaptado nas séries.
O crime cometido por Doca Street tornou-se um divisor de águas no movimento feminista e no Direito brasileiros. Durante o julgamento do assassino, que deu quatro tiros no rosto da companheira em dezembro de 1976, no auge de uma discussão na Praia dos Ossos, em Búzios, Rio de Janeiro, a defesa alegou “legítima defesa da honra” para tentar absolvê-lo do caso. Ele alegou ter matado “por amor”.
O argumento gerou polêmica. Militantes feministas organizaram um movimento cujo slogan – “quem ama não mata” – tornou-se, anos mais tarde, o título de uma minissérie da Globo.
Até o grande poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) se manifestou: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”, referindo-se à estratégia da defesa de culpabilizar Ângela Diniz por seu próprio assassinato.
A tese da “legítima defesa da honra” constava no Código Penal da época, mas mesmo assim Doca Street foi condenado a 15 anos de prisão. Na década seguinte, a nova Constituição, elaborada ao fim da ditadura, acabou com essa desculpa para o feminicídio.
O famoso crime dos anos 1970 se junta a outras produções de “true crime” brasileiros, que ganharam impulso com o sucesso dos filmes sobre Susanne von Richthofen, vivida por Carla Dias nos lançamentos da Amazon Prime Video.