Anne Rice (1941–2021)

A escritora Anne Rice, autora do best-seller “Entrevista com o Vampiro”, morreu na noite de sábado (11/12) aos 80 anos, após sofrer um AVC. Sua morte foi confirmada pelo filho Christopher Rice […]

Instagram/Anne Rice

A escritora Anne Rice, autora do best-seller “Entrevista com o Vampiro”, morreu na noite de sábado (11/12) aos 80 anos, após sofrer um AVC. Sua morte foi confirmada pelo filho Christopher Rice nas redes sociais. “A imensidão da dor de nossa família não pode ser exagerada”, ele escreveu.

Autora de quase 40 best-sellers de ficção no universo gótico, Rice vendeu mais de 150 milhões de exemplares no mundo inteiro. E tudo começou com “Entrevista com o Vampiro”, lançado em 1976, que chegou no Brasil com tradução para o português de Clarice Lispector.

Seu sucesso inaugurou uma saga literária, conhecida como “As Crônicas Vampirescas”, que inclui “O Vampiro Lestat” e “A Rainha dos Condenados”, e saiu das páginas impressas para inspirar músicas e filmes.

“Entrevista com o Vampiro” virou primeiro uma música de Sting, “Moon Over Bourbon Street”, em 1986. E em 1994 chegou ao cinema, com Lestat interpretado por Tom Cruise.

A adaptação de “Entrevista com o Vampiro” também contou com Brad Pitt, Antonio Banderas e a então menina Kirsten Dunst, e marcou uma geração com suas cenas icônicas dirigidas por Neil Jordan. De forte contexto homossexual, o filme trazia Cruise e Pitt como parceiros eternos, criando como uma criança vampira (Dunst) como filha.

Responsável por revitalizar o gênero dos filmes de vampiros, “Entrevista com o Vampiro” foi precursor de “Crepúsculo” ao mudar a representação das criaturas da noite, que deixavam de ser monstros desalmados para se revelar pessoas atormentadas e capazes de amar. O filme também trocou o visual assustador dos vampiros, estabelecido por “Nosferatu” e os filmes de “Drácula”, pela aparência sedutora de dois dos maiores astros do cinema de sua época.

A locação em Nova Orleans, lar da escritora, também teve efeito inspirador ao explorar o misticismo da região. Não por acaso, a série “The Originals” mostrou os primeiros vampiros do mundo, também vindo de páginas literárias (no caso, de L. J. Smith), morando na mesma cidade.

A produção de cinema ainda ganhou uma sequência sem o mesmo elenco em 2002, “A Rainha dos Condenados”, que trazia Stuart Townsend como o vampiro roqueiro Lestat e a cantora Aaliyah (1979–2001) no papel-título, o último de sua carreira.

Rice também criou outra saga gótica bem-sucedida, a trilogia das “Bruxas de Mayfair” (Lives of the Mayfair Witches), e posteriormente misturou as duas franquias em livros que estabeleceram um universo sobrenatural compartilhado.

Tanto as “As Crônicas Vampirescas” quanto as “Bruxas de Mayfair” vão virar séries a partir de 2022 no canal pago americano AMC, o mesmo de “The Walking Dead”.

A escritora tinha conseguido recuperar em 2016 os direitos de adaptação de seus livros de vampiros, que estavam com a Warner, e decidiu que não faria mais filmes. Impressionada com a qualidade das séries recentes, buscou parceiros para desenvolver atrações baseadas em suas obras, de modo a criar seu próprio universo televisivo.

O produtor-roteirista Rolin Jones, que trabalhou em “Friday Night Lights”, “The Exorcist” e recentemente criou a nova versão de “Perry Mason” para a HBO, vai desenvolver as adaptações para a AMC. Ele chegou a trabalhar com Anne Rice no começo do projeto, e continuará a produzir as adaptações ao lado de Christopher Rice.