O Festival de Veneza inicia nesta quarta (1/9) sua 78ª edição com uma presença expressiva de astros e estrelas, após ter se tornado o primeiro evento de cinema a estender seu tapete vermelho à participação presencial durante a pandemia no ano passado. Com o avanço da vacinação, o festival ensaia a volta à normalidade, com lançamentos de impacto que tendem a render assunto até o próximo ano. Afinal, foi Veneza que recebeu em primeira mão filmes como “Nomadland” (2020), “Coringa” (2019) e “A Forma da Água” (2017), todos premiados com o Oscar meses depois.
A seleção de 2021 inclui os títulos da Netflix que Cannes boicotou e obras de vários cineastas consagrados. Entre os diretores que competirão pelo Leão de Ouro estão o espanhol Pedro Almodóvar, a neozelandesa Jane Campion, o italiano Paolo Sorrentino e o chileno Pablo Larraín.
Almodóvar abre a competição com “Mães Paralelas”, em que ele aborda um de seus temas favoritos: maternidade e família. Paolo Sorrentino, que já tem um Oscar no currículo, traz “The Hand of God”, baseado em sua juventude, que conta como torcer por Maradona salvou sua vida. Jane Campion comparece com “The Power of the Dog”, lançamento da Netflix sobre uma guerra entre irmãos. E Pablo Larraín apresenta “Spencer”, em que Kristen Stewart vive a Princesa Diana.
A seleção competitiva ainda exibirá os novos trabalhos da inglesa Ana Lily Amirpour, que já foi reconhecida em Veneza por “Amores Canibais” (2016), e do francês Stéphane Brizé, que recebeu o Prêmio da Crítica por “A Vida de uma Mulher” (2016), além da estreia na direção da atriz americana Maggie Gyllenhaal, que participou do júri da recente edição do Festival de Cannes, entre outros.
A lista também têm muitos filmes de cineastas latino-americanos, como o casal argentino Gastón Duprat e Mariano Cohn com seu filme ““Official Competition”, protagonizado por Penélope Cruz e Antonio Banderas, o mexicano Michel Franco, que depois de ter impactado a edição passada com “Nova Ordem” retorna com “Sundown”, o venezuelano Lorenzo Vigas, vencedor do Leão de Ouro em 2015 por “De Longe Te Observo”, que volta a competir com “La Caja”, sem esquecer o uruguaio Rodrigo Plá e o boliviano Kiro Russo na mostra Horizontes.
Já o Brasil, que tem seu cinema sufocado pela política anticultural de Bolsonaro, ficou fora da competição principal. Mas comparece com o curta “Ato”, dirigido por Bárbara Paz, premiada na edição de 2019 pelo documentário “Babenco: Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou”, e o longa “7 Prisioneiros”, produção da Netflix dirigida por Alexandre Moratto e estrelada por Rodrigo Santoro e Christian Malheiros, na mostra Horizontes e Horizontes Extra, além de “Deserto Particular”, de Aly Muritiba, na seção paralela Venice Days.
A participação dos grandes filmes de Hollywood também ficou restrita às sessões de gala fora da competição, com a exibição das novas produções de Denis Villeneuve (“Duna”), Ridley Scott (“O Último Duelo”), Edgar Wright (“Noite Passada em Soho”) e David Gordon Green (“Halloween Kills”).
“A qualidade média dos filmes está mais alta que o normal”, declarou o diretor do Festival, Alberto Barbera, ao revelar os títulos. “É como se a pandemia tivesse estimulado a criatividade”, acrescentou.
A responsabilidade por premiar os melhores estará nas mãos do júri presidido pelo cineasta sul-coreano Bong Joon-ho, vencedor do Oscar por “O Parasita”.
A exibição dos filmes da 78ª edição do Festival de Cinema de Veneza vai se estender até 11 de setembro e também prestará homenagens à atriz americana Jamie Lee Curtis e ao ator italiano Roberto Benigni com Leões de Ouro honorários pelas realizações de suas carreiras.