“Esquadrão 6” não terá sequência após decepcionar Netflix

Demorou, mas a Netflix admitiu que “Esquadrão 6” foi uma decepção. Em entrevista à revista Variety, Scott Stuber, chefe da divisão de filmes da plataforma, afirmou que a produção orçada em cerca […]

Divulgação/Netflix

Demorou, mas a Netflix admitiu que “Esquadrão 6” foi uma decepção. Em entrevista à revista Variety, Scott Stuber, chefe da divisão de filmes da plataforma, afirmou que a produção orçada em cerca de US$ 150 milhões, não atingiu as expectativas.

“Não sentimos que chegamos lá criativamente. Teve um bom sucesso, mas no final do dia não sentimos que atingimos algo que justificasse voltar. Não teve um amor profundo pelos personagens ou por aquele universo”, ele comentou.

A declaração também é uma admissão tardia de que os números grandiosos alardeados nos relatórios trimestrais da Netflix para seus investidores na verdade não são tão grandes assim.

Vale lembrar que em janeiro do ano passado a empresa disse, de forma oficial, que “Esquadrão 6” tinha quebrado o recorde de audiência da plataforma, sendo visto por 83 milhões de contas de assinantes. Na época, isto representava praticamente metade de toda a base de assinantes mundiais da Netflix. Isto é uma decepção?

O relatório que alardeou o feito de “Esquadrão 6” foi também aquele que inaugurou a nova maneira com que a Netflix faz sua medição de público, inflando os resultados de forma irreal.

Desde janeiro de 2020, um filme ou série é considerado visto se alguém “escolher assistir pelo menos 2 minutos” de seu conteúdo, o que segunda a plataforma seria “tempo suficiente para indicar que a escolha foi intencional”.

Vale lembrar que dois minutos é a duração de um trailer.

Anteriormente, a medição se baseava apenas em episódios que tivessem 70% de exibição concluída e os números eram expressivamente menores. Com o novo método de contabilização, todos os sucessos da Netflix passaram a ter dezenas de milhões de visualizações a mais que na contagem original.

Mas a Netflix não deve ter abandonado o método tradicional em seus relatórios internos. Isto explicaria porque um filme que foi publicamente chamado de blockbuster digital é, na verdade, considerado um fiasco pelo chefe do setor.

Durante a reportagem da Variety, Stubber também admitiu que os números da Netflix são considerados um problema por cineastas que ele gostaria de atrair para a empresa, adiantando que isso deve mudar em breve.

Dirigido por Michael Bay (dos infames “Transformers”), “Esquadrão 6” também foi rejeitado pela crítica. Com apenas 35% de aprovação na média das resenhas analisadas pelo site Rotten Tomatoes, o filme teve uma das piores avaliações dentre todos os longas lançados pela plataforma.

Com um elenco encabeçado por Ryan Reynolds (também de “Deadpool”), o filme gira em torno de um grupo de ex-militares que se transformam em “heróis secretos”, agindo em segredo, em missões sigilosas contra inimigos dos EUA, após serem dados como mortos.

A maioria dos críticos reclamou da direção de Michael Bay, que voltou a privilegiar explosões como forma de compensar falta de sentido e ritmo do filme, que tem muitas cenas repetitivas. Mas os roteiristas Paul Wernick e Rhett Reese (“Deadpool”) também foram emparedados. A história foi considerada antiquada e estereotipada. A crítica do site Collider chegou até a chamar o filme de versão dramática e levada à sério (no pior sentido) da sátira animada “Team America” (2004), em que um bando de bonecos americanos patriotas explodiam o mundo em nome da liberdade.

Lembre abaixo do trailer do filme.