O processo do criador da série “The Walking Dead”, o cineasta Frank Darabont, contra o canal pago AMC chegou ao fim após oito anos de disputas na Justiça dos EUA com um acordo milionário. Darabont aceitou a proposta da emissora de lhe pagar US$ 200 milhões como participação nos lucros.
O cineasta foi quem concebeu “The Walking Dead”, levando a adaptação dos quadrinhos de Robert Kirkman para o canal em 2010. Ele escreveu, dirigiu, escalou o elenco original e produziu a 1ª temporada, que impressionou crítica e público, e foi demitido na metade das gravações do segundo ano por reclamar do baixo orçamento e baixa qualidade da equipe contratada pela AMC para trabalhar na produção.
Darabont não se conformava com o fato de “Mad Men” ter pouca audiência, mas dez vezes mais dinheiro do canal, enquanto “The Walking Dead”, com dez vezes mais público, era tratada como produção barata. A reclamação pública incomodou a equipe da AMC, que optou pela decisão drástica.
Após sua saída, “The Walking Dead” virou o carro-chefe do canal, gerando inclusive um spin-off bem-sucedido, “Fear the Walking Dead”.
Como o AMC estava claramente se beneficiando de seu trabalho, o cineasta entrou na Justiça, junto com a agência que lhe representa profissionalmente, em busca de uma parte dos lucros.
Após um processo marcado por trocas de acusações duras entre as duas partes, o acerto se aproximou dos desejos de Darabont, que buscava US$ 300 milhões na Justiça. Além de receber US$ 200 milhões, ele também ficou com direitos relativos a novos negócios de streaming de “The Walking Dead” e “Fear the Walking Dead” (que usa um personagem que ele escalou, Morgan Jones, vivido por Lennie James).
Analistas de Wall Street vinham calculando o lucro do canal em 2021 em aproximadamente US$ 200 milhões. Com o pagamento, o ano está sendo considerado perdido.
Entretanto, a decisão de encerrar a disputa também pode ser analisada como investimento, uma oportunidade para a AMC romper os laços do diretor com a franquia. Pelo acordo, Darabont aceita abrir mão de direitos sobre novos projetos relacionados a “The Walking Dead”, no momento em que o universo dos zumbis está se expandindo como novas séries e até filmes.
Embora “The Walking Dead” esteja chegando ao fim em sua vindoura 11ª temporada, que começa a ser exibida em agosto, sua história vai continuar com os personagens de Norman Reedus (Daryl) e Melissa McBride (Carol), ambos contratados originalmente por Darabont, numa nova atração prevista para 2023.
Só que a luta pelo futuro da franquia continua. O fim do processo milionário não apaziguou as disputas judiciais em torno dos zumbis, uma vez que a AMC enfrenta outro processo, aberto em 2017, pelos produtores Gale Anne Hurd, Glen Mazzara (que substituiu Darabont) e até o próprio criador dos quadrinhos, Robert Kirkman. Eles moveram uma ação similar por lucros não contabilizados, que está andando de forma mais lenta e ainda aguarda decisão na Corte de Los Angeles.