Bolsonaro se aproxima do que deputados consideraram crime com Danilo Gentili

Em gravação revelada nesta segunda (12/4), o presidente Jair Bolsonaro ameaçou agredir fisicamente um senador da República. Durante uma entrevista à Rádio Bandeirantes, o senador Jorge Kajuru revelou uma nova parte do […]

Divulgação/SBT

Em gravação revelada nesta segunda (12/4), o presidente Jair Bolsonaro ameaçou agredir fisicamente um senador da República.

Durante uma entrevista à Rádio Bandeirantes, o senador Jorge Kajuru revelou uma nova parte do diálogo polêmico que travou com Bolsonaro no fim de semana, em que o presidente lhe pediu para participar ou tentar travar a CPI da Pandemia. “Se você não participa, daí a canalhada lá do Randolfe Rodrigues vai participar. E vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desse”.

O “bosta desse” contra quem Bolsonaro disse que vai “ter que sair na porrada” é um Senador eleito, Randolfe Rodrigues, responsável pela criação da CPI da Pandemia.

A ameaça física com nome e sobrenome é menos genérica que o tuite de fevereiro passado de Danilo Gentili, que levou a Câmara dos Deputados a protocolar uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a prisão do apresentador. Na época, a sugestão de Gentili para que a população “entrasse” no Congresso “e socasse todo deputado” por causa da PEC de im(p)unidade parlamentar, foi considerado um ameaça à democracia.

Originalmente, Gentili escreveu: “Eu só acreditaria que esse País tem jeito se a população entrasse agora na câmara e socasse todo deputado que está nesse momento discutindo PEC de imunidade parlamentar”.

A ação contra Gentili foi coordenada pelo deputado Luis Tibé, responsável pela procuradoria da Câmara, a partir de um pedido do deputado federal Celso Sabino, buscando equiparar a postagem do apresentador do talk show “The Noite” com a do deputado federal Daniel Silveira, preso após ameaçar ministros do STF.

“Não podemos ter uma sociedade e uma Democracia com pesos e duas medidas. Se o Supremo Tribunal Federal, sabiamente, estabeleceu um limite para a livre manifestação do pensamento que é o respeito à integridade das instituições democráticas – princípio que a Câmara dos Deputados acolheu com margem de 364 votos – a Justiça brasileira não pode permitir que ninguém faça a incitação de ‘socar’ deputados”, concluiu o deputado, por meio de sua assessoria de imprensa.

A ação política contra Gentili não foi adiante porque ele não é um político eleito e, portanto, não tem fórum no STF. A PEC da im(p)unidade parlamentar também não foi votada, graças ao repúdio das redes sociais.

Mesmo assim, Gentili se arrependeu, apagou o post e fez outra afirmação em seguida: “Eu fiz um tuíte que foi alvo de justas críticas por alguns deputados. Quem me segue sabe que sempre defendi as instituições. Aliás, minha briga com bolsonaristas foi justamente pelo fato de eu ser contrário aos pedidos criminosos de fechamento do STF e do Congresso”.

Já Bolsonaro dobrou a aposta e afirmou para seus seguidores, a respeito da gravação polêmica: “Falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?”.

Mas enquanto o presidente brada, sua tropa de choque no Congresso tenta minimizar as bravatas. A avaliação é de que o ataque contra Randolfe Rodrigues foi individualizado, a um parlamentar identificado com a esquerda, e não contra o Senado.

Jair Bolsonaro tem fórum no STF.