O Youtuber Felipe Neto foi intimado pelo vereador Carlos Bolsonaro, que abriu um processo para enquadrá-lo na Lei de Segurança Nacional por chamar o presidente de genocida nas redes sociais.
Em resposta, Neto divulgou um vídeo em que reforçou suas críticas. “Não sei exatamente como ele gostaria que eu me referisse ao presidente da República, um presidente que chamou reiteradamente a maior pandemia que se viu em muitos anos de ‘gripezinha'”, disse no vídeo. “Um presidente que incentiva a todos a saírem às ruas como se nada estivesse acontecendo, que provocou aglomerações em todos os momentos da pandemia… Um presidente que sabotou e sabota as medidas de prefeitos e governadores que tentaram fazer alguma coisa contra a propagação do vírus, um presidente que condenou durante todo esse tempo o uso de máscaras e se recusou a utilizá-las, que demitiu dois ministros da Saúde e gastou milhões em cloroquina, uma droga comprovadamente ineficaz, que se recusou veementemente a comprar vacinas. Como eu deveria chamar esse presidente? Colegão, amigo do povo, guerreiro? Não sobrava outra palavra para definir o presidente.”
A investigação é presidida pelo delegado Paulo Dacosta Sartori, o mesmo que, em 2020, abriu na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) inquérito contra o influenciador digital por “corrupção de menores”.
Após a intimação, a expressão “Bolsonaro genocida” disparou na internet.
Até sexta-feira passada (12/3), a busca por “Bolsonaro genocida” resultava em 1,3 milhão de links na homepage do Google. Nesta terça (16/3), após a intimação, a pesquisa resulta em mais de 2 milhões de links. Só na segunda, o termo “genocida” foi usado em 330 mil tuítes, de 115 mil perfis mobilizados, segundo o especialista em redes sociais e big data, o professor Fabio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo.
Também no Twitter, Neto lembrou que passou cinco anos criticando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem nunca ter sido importunado, apontando uma tentativa de limitar sua liberdade de expressão, via intimidação policial, por parte da família Bolsonaro. Na segunda, Lula prestou solidariedade ao influenciador digital.
Jair Bolsonaro foi denunciado por genocídio no ano passado no Tribunal Penal Internacional, com sede na Suíça, que atualmente decide se irá abrir inquérito. Carlos Bolsonaro não intimou os responsáveis pela denúncia, a Comissão Arns e a Conectas Direitos Humanos.