Rolou polêmica nos bastidores da premiação do Grammy (o Oscar da indústria da música). Convidada a apresentar um pré-show do evento, a comediante Tiffany Haddish revelou que não aceitou a oferta, porque a produção do evento queria que ela apresentasse três horas de programação sem receber cachê. Pior que isso, ela ainda teria que pagar seus custos com maquiagem, cabelo e figurino.
“Tudo isso teria que sair do meu bolso. Eu não sei se isso significa que nunca mais serei nomeada, mas eu achei desrespeitoso”, ela desabafou em entrevista à revista Variety.
A publicação buscou a Academia da Gravação para explicações. Um representante disse que “todos os anfitriões, apresentadores e atrações musicais tradicionalmente participam gratuitamente, incluindo neste ano”. A alegação é que a Academia é uma organização sem fins lucrativos. Tiffany achou desaforo.
“Eu disse: ‘a exposição é maravilhosa, mas eu acho que já tenho bastante. Obrigada por me convidarem’. E ainda que eu aprecie a honra de ser nomeada, isso não está okay”, reclamou.
A atriz, que está indicada ao Grammy 2021 na categoria de Melhor Álbum de Comédia – por “Black Mitzvah”, seu trabalho para a Netflix – já tinha sido indicada no ano passado por “The Last Black Unicorn”, na categoria de Melhor Álbum Falado.
Diante da polêmica o chefe interino da Academia, Harvey Mason Jr, procurou pessoalmente a comediante, antes de se manifestar pelo Instagram.
Em vídeo postado em sua conta pessoal, Mason, que assumiu o cargo provisoriamente em janeiro passado, disse que não sabia da oferta e da conversa.
“Acabei de saber que a Academia de Gravação convidou Tiffany Haddish para apresentar a pré-cerimônia deste ano”, ele contou. “Infelizmente e sem o meu conhecimento, a profissional que trabalha para a Academia disse à Sra. Haddish que nem mesmo cobriríamos seus custos enquanto ela apresentasse este evento para nós. Para mim, isso está errado”, ele continuou. “Estou frustrado com essa decisão. Foi um lapso de julgamento, foi de mau gosto e foi desrespeitoso com a comunidade criativa – faço parte da comunidade criativa e sei como é isso, e não é certo”, acrescentou Mason, que é um veterano compositor, produtor e músico.
“Felizmente, a Sra. Haddish foi gentil o suficiente para permitir que eu tivesse uma conversa com ela. Pedi desculpas a ela pessoalmente, pedi desculpas em nome da Academia e expressei a ela meu pesar e meu desagrado sobre como isso aconteceu e como foi tratado. E vou repetir: Tiffany, sentimos muito e agradecemos por me permitir falar sobre isso”.
Esta não é a única polêmica da Academia neste longo 2020, que começou com a demissão da presidente da organização, Deborah Dugan, primeira mulher eleita para o cargo, defenestrada em janeiro sob acusação de má conduta. Ao sair, ela fez uma série de acusações contra a Academia, citando um comitê secreto que deixou Ed Sheeran e Ariana Grande fora da categoria de Música do Ano em 2019 após o favorecimento de outro artista por parte do conselho.
Mais recentemente, a ausência de The Weeknd entre os indicados a prêmios no Grammy 2021 despertou raiva no cantor e em vários colegas que lhe deram razão, após seu disco ser consagrado como Melhor do Ano em várias premiações, alimentando novas acusações de corrupção no prêmio.
A cerimônia do Grammy Awards 2021 está marcada para o dia 31 de janeiro. O comediante Trevor Noah, do “The Daily Show”, foi escolhido como anfitrião do evento e vai estrear na função. Não se sabe se ele também vai trabalhar de graça.