O comediante Sacha Baron Cohen e a plataforma de streaming da Amazon superaram sem esforços o primeiro processo movido contra a produção do filme “Borat: Fita de Cinema Seguinte”, lançado na sexta passada (23/10) na Amazon Prime Video.
O juiz Kevin Farmer, do condado de Fulton, na Geórgia, mandou arquivar a ação de herdeiros de Judith Dim Evans, uma sobrevivente do Holocausto que apareceu no filme e morreu antes da estreia. Os parentes diziam que ela tinha sido “enganada” para participar da produção, mas o juiz encontrou vários problemas no processo, alguns dos quais apontados pela equipe de defesa da Amazon.
Pela aparição supostamente “não autorizada” de Judith, seus parentes pediam US$ 75 mil de indenização, declarando que Judith acreditava estar dando entrevista para um documentário “sério” e que ela teria ficado “horrorizada e chateada” ao saber que o filme “era uma comédia destinada a zombar do Holocausto e da cultura judaica”.
Entretanto, o jornalista Mike Fleming Jr testemunhou no site Deadline e nas redes sociais seu conhecimento dos bastidores da cena. Baron Cohen não surpreendeu a idosa. Pela primeira vez, ele não quis fazer uma pegadinha, justamente por respeitar Evans como sobrevivente do Holocausto.
“Por respeito, alguém disse a Evans e à amiga com quem ela compartilha a cena que o próprio Baron Cohen é judeu e interpretaria um personagem ignorante, que serviria como um meio de educação sobre o Holocausto”, escreveu Fleming Jr.
O filme, inclusive, tem uma dedicação especial a Judith Dim Evans em seus créditos finais.
O processo foi aberto antes do filme ser lançado, baseando-se em cenas do trailer. O encontro em questão mostra Borat numa sinagoga nos EUA, numa fantasia caricata de judeu, interagindo com duas senhoras judias após sua filha Tutar (Maria Bakalova) descobrir no Facebook que “o Holocausto nunca aconteceu”. “Eu estive no Holocausto, eu vi com meus olhos”, Judith diz para Borat.
A cena integra as críticas do filme às fake news, das quais Sacha Baron Cohen é um dos críticos mais contundentes.
Os advogados da Amazon divulgaram um comunicado comemorando a rapidez com que o processo foi extinto.
“A ação foi extinta, incondicionalmente. O processo acabou. Sacha Baron Cohen ficou profundamente grato pela oportunidade de trabalhar com Judith Dim Evans, cuja compaixão e coragem como sobrevivente do Holocausto tocou o coração de milhões de pessoas que viram o filme. A vida de Judith é uma repreensão poderosa àqueles que negam o Holocausto, e com este filme e seu ativismo, Sacha Baron Cohen continuará sua defesa para combater a negação do Holocausto em todo o mundo.”