O cartunista argentino Quino, criador da personagem de quadrinhos Mafalda, morreu nesta quarta-feira (30/9) aos 88 anos. A morte foi confirmada por Daniel Divinsky, editor do cartunista. “Morreu Quino e, com isso, todas as pessoas boas deste país e do mundo irão chorar”, publicou Divinsky nas redes sociais.
Nascido em 17 de julho de 1932, em Mendoza, na Argentina, o filho de imigrantes espanhóis Joaquín Salvador Lavado acabou virando Quino quando seus pais lhe deram o apelido carinhoso para diferenciá-lo de seu tio, Joaquín, de quem herdou o nome e o gosto por desenhar.
Ele publicou sua primeira tirinha aos 22 anos e o primeiro livro, “Mundo Quino”, saiu em 1963, quanto tinha 31 anos. Mafalda surgiu um ano depois. Os comentários ácidos da menina desaforada de esquerda foram publicadas em mais de 35 idiomas e se tornaram as tiras em quadrinhos mais populares da língua espanhola. Mas apesar de celebradas até hoje, sua existência foi de apenas nove anos, entre 1964 e 1973.
Quino deixou de fazer Mafalda quando ela virou desenho animado em 1973. Ele se afastou da personagem no auge de sua popularidade, mas também durante o processo de sua infantilização. Mafalda era para adultos. Parte desses desenhos depois foram editados num longa, que Quino também reprovou.
O artista teve mais boa vontade com a segunda série animada da personagem, desenvolvida em 1993 pelo cineasta cubano Juan Padrón, que era seu amigo íntimo e com quem desenvolveu, nos anos 1980, uma coleção de curtas batizadas de “Quinoscópio”. Mas nem diante de muita insistência quis voltar a desenhar Mafalda ou ter outro personagem fixo em suas tirinhas.
Ele foi homenageado com muitos prêmios ao longo da carreira, incluindo a Ordem Oficial de Honra do Governo Francês e o Prêmio Príncipe de Astúrias de Comunicação e Humanidades, recebido em 2014, quando Mafalda completou 50 anos.
Já nesta época começou a enfrentar vários problemas de saúde. Por conta de problemas de circulação nas pernas, precisou passar a se locomover de cadeira de rodas. Também tinha glaucoma, o que afetou-lhe seriamente visão. No entanto, pessoas que viviam próximas a ele afirmam que o cartunista não perdeu o ânimo nos últimos meses.
“A tristeza é absoluta”, disse uma pessoa próxima à família ao jornal La Nación.