7500 cria tensão claustrofóbica em trama de sequestro aéreo

Longa-metragem de estreia do alemão Patrick Vollrath, “7500”, disponibilizado em streaming pela Amazon, consegue montar uma história de tensão claustrofóbica, que se passa totalmente dentro da cabine de um avião atacado por […]

Divulgação/Amazon

Longa-metragem de estreia do alemão Patrick Vollrath, “7500”, disponibilizado em streaming pela Amazon, consegue montar uma história de tensão claustrofóbica, que se passa totalmente dentro da cabine de um avião atacado por terroristas. O fato de apresentar uma visão limitada pelas paredes da cabine acaba por tornar tudo ainda mais interessante. Uma produção mais convencional teria toda a reviravolta com os passageiros sofrendo a pressão e o terror da situação (ataque físico dos terroristas, avião prestes a cair etc). Em vez disso, e até como forma de diminuir os custos de produção, o que Vollrath apresenta é uma obra que foge da vulgaridade.

É também uma obra que se pretende realista. O ator que interpreta o capitão do avião é um verdadeiro piloto, e muito do ótimo desempenho de Joseph Gordon-Levitt, no papel do copiloto isolado, deve-se ao fato de ele ter aprendido com o profissional e ter criado certa intimidade com a cabine, com seus botões, alavancas, meios de comunicação etc. Para trazer este realismo, o filme até flerta com estilo documental, iniciando com imagens de câmeras de segurança de um aeroporto de Berlim, e com uso do silêncio como trilha sonora.

Vollrath parece querer construir um thriller anti-hollywoodiano, no sentido de sair das convenções da maioria dos filmes de ataques ou sequestros em aviões. A câmera não é estática, mas permanece boa parte do tempo focada no personagem de Gordon-Levitt, como se houvesse uma terceira pessoa ali dentro da cabine como testemunha. E essa testemunha somos nós, os espectadores.

O filme é bem-sucedido especialmente em sua primeira metade, quando a tensão crescente mantém o interesse sobre o desenrolar da situação. Porém, conforme a resolução se aproxima, depois da segunda metade da narrativa, a impressão é que o diretor e seu corroteirista não souberam desenvolver um desfecho satisfatório.

Enquanto os terroristas estão – com exceção de um deles – , do lado de fora da cabine, lutando para entrar, o medo e a tensão se manifestam de maneira bastante intensa. Inclusive, com as ameaças de morte a membros da tripulação e de passageiros se intensificando e se tornando cada vez mais dramáticas.

Talvez a estrutura de filme B funcionasse melhor se o diretor optasse por um projeto de duração ainda menor, com cerca de 70 minutos, por exemplo. Isso tornaria o filme, além de mais enxuto, muito mais eficiente na construção da densidade dramática, já que a meia hora final quase leva tudo a perder. Ainda assim, “7500” é um thriller bem-feito e bem-vindo, e mais um exemplo de como é possível realizar voos ousados com pouco orçamento, ao fugir das convenções de Hollywood.