Débora Falabella diz que Bolsonaro não é normal e deve ser tratado como lunático

A atriz Débora Falabella, que estrela a série “Aruanas”, atualmente exibida pela rede Globo, aproveitou o tema politizado da produção, que acompanha ativistas ambientais, para criticar o governo Bolsonaro. Durante uma entrevista […]

Divulgação/Globo

A atriz Débora Falabella, que estrela a série “Aruanas”, atualmente exibida pela rede Globo, aproveitou o tema politizado da produção, que acompanha ativistas ambientais, para criticar o governo Bolsonaro.

Durante uma entrevista ao portal UOL, Falabella foi direta ao falar a respeito do presidente. “A gente precisa ter a percepção de que estamos lidando com algo que não é normal. Durante muito tempo, no início desse governo, acho que as pessoas estavam lidando com ele de uma forma muito normal, como se fosse só uma pessoa que fala coisas absurdas. Agora está muito explícito. Não sei como que a gente não trata essa pessoa [Bolsonaro] como um louco, um lunático, há muito tempo”, disparou a a atriz.

Na série, Falabella interpreta Natalie, uma jornalista que busca a verdade, doa a quem doer, e que usa seu trabalho para auxiliar a ONG Aruana em luta pela defesa da Amazônia. Sua personagem chegou a declarar num episódio que o papel do jornalismo é colocar o dedo na ferida, e a atriz viu paralelos na relação dos vilões da produção com o comportamento de Bolsonaro, que chegou a mandar jornalista “calar a boca” para não responder a uma pergunta.

Ela acrescenta que a resposta do atual governo à pandemia do novo coronavírus só reforçou sua percepção.

“Vejo com muita tristeza o que está acontecendo com o nosso país agora. Acho que já é um momento muito difícil para o mundo. O que a gente escuta [no Brasil] é muito vergonhoso, absurdo. Chegou em um momento em que não dá mais para fingir que isso é normal. A gente está precisando defender a vida e estamos lidando com um governo que está fechando os olhos para isso e ao mesmo tempo tenta atacar quem está defendendo. Hoje no nosso país a gente está lidando com duas virulências [o governo e o coronavírus]”, frisa ela.

Falabella diz considerar as omissões do governo na saúde tão ou mais perigosas que a devastação que incentiva na Amazônia.

“A série foi escrita há muito tempo, acho que a Amazônia já vem sofrendo há muito tempo, com governos anteriores também. Mas agora a gente chegou nas vias do absurdo. Se trata da nossa sobrevivência defender a natureza, a floresta, nossos recursos naturais. Quem é contra isso é contra a vida. É muito claro que não estamos levantando uma questão política controversa, estamos falando de algo de um bem geral, que precisa ser defendido”.

Em sua pesquisa para compor sua personagem, ela visitou a Amazônia e conheceu de perto a atuação de ONGs, em especial do Greenpeace, que chegou a ser atacado com fake news pelo presidente.

“O Greenpeace foi transformador para mim: eu ouvia falar, via as matérias, achava incrível, mas quando você conhece, conversa com aquelas pessoas, você tem uma sensação mesmo que eles são heróis”, afirma.

Ela reforça que é preciso defender a atuação de ativistas. “O Brasil tem um número horrível: é o país onde mais se mata ativistas. Isso é muito triste. O interessante da série é mostrar que ativistas são pessoas reais, que estão lutando por algo de um bem maior. Elas poderiam estar dentro de suas casas, não se preocupando com isso”.

Vale lembrar que Bolsonaro culpou até Leonardo DiCaprio de incendiar a Amazônia. Ele também acusou, sem provas, ONGs de fazerem picaretagem, ao mesmo tempo em que desmontou mecanismos de fiscalização e proteção de reservas indígenas, incentivando demissões de funcionários eficientes e premiando invasores de terras com a regularização de seus crimes. O resultado é um desmatamento sem qualquer precedente na região, com recordes que não param de crescer.