A organização do Festival de Cannes anunciou nesta terça (14/4) que o evento não será realizado na data prevista, entre o fim de junho e início de julho. Era óbvio que isso aconteceria. O anúncio foi feito um dia depois de o presidente da França, Emmanuel Macron, prolongar a quarentena no país, onde a organização de grandes eventos está proibida até meados de julho por conta da pandemia do novo coronavírus.
“É claramente difícil supor que o Festival de Cannes possa ser realizado este ano em seu formato original”, diz a nota divulgada pelos organizadores.
“No entanto, desde ontem à noite, iniciamos muitas discussões com profissionais, na França e no exterior. Eles concordam que o Festival de Cannes, um pilar essencial para a indústria cinematográfica, deve explorar todas as contingências que permitam apoiar o ano do cinema, tornando real o Cannes 2020, de uma maneira ou de outra”, acrescenta o comunicado.
Inicialmente, a organização se manteve confiante de que o Festival seria realizado nas datas originais, entre 12 e 23 de maio. Porém, em março, o Cannes 2020 passou para o final de junho, o que também demonstrava otimismo exagerado.
Mesmo diante da realidade, os organizadores evitavam abrir brechas para uma possível edição digital do evento. Isto porque Cannes chegou a banir os filmes da Netflix de sua competição, após pressão dos proprietários de cinemas da França, e a realização de uma versão do festival em streaming representaria uma reviravolta completa em sua posição original.
Caso isso aconteça, Cannes perderá argumentos para continuar barrando produções da Netflix e de outras plataformas digitais em sua competição.
A outra opção seria o cancelamento do festival neste ano, já que seria inviável a realização do evento no inverno europeu, enfrentando concorrência direta de Veneza.
Atualmente, o Palais des Festivals, cinema da mostra competitiva de Cannes, está interditado e servindo de centro de atendimento da população sem-teto da cidade francesa.