Os governos de São Paulo e Rio tomaram a frente das soluções para a indústria cultural, durante a crise gerada pela pandemia de coronavírus no Brasil. No mesmo dia em que a Ancine publicou a impressionante decisão urgente de obrigar filmes e séries com financiamento público a exibirem a bandeira nacional, as secretarias municipais de Cultura das duas maiores cidades brasileiras, bem como a secretaria estadual do governo de São Paulo, anunciaram medidas concretas.
O secretário de Cultura Alê Youssef anunciou nesta quinta (19/3) a iniciativa Janelas de São Paulo, que envolve cerca de 8 mil artistas. Eles farão apresentações gravadas em suas casas, que serão pagas e divulgadas pela Prefeitura na internet.
A proposta deve abranger criadores de diversas linguagens artísticas, inspiradas pelas cantorias nas janelas de cidades italianas durante a quarentena naquele país, assim como o surgimento de shows online organizados por artistas da música pop internacional.
O material gravado pelos artistas ficará disponível nas páginas da prefeitura, nas redes sociais e também, provavelmente, na plataforma de streaming Spcine Play, mantida pelo município. O serviço, por sinal, liberou diversos filmes para serem vistos de graça pelo público, na terça passada (17/3).
O projeto Janelas de São Paulo tem orçamento de R$ 10 milhões. Além disso, a secretaria paulistana destaca que outros R$ 93 milhões serão disponibilizados em forma de fomentos e programas que já estavam previstos antes do surto do vírus, e que tiveram os prazos estendidos, atendendo reivindicação do setor.
Também para garantir renda, os contratos já assinados foram prorrogados. Mesmo as atividades que tiveram de ser adiadas serão pagas como acordado antes do coronavírus e reagendadas para entrega ou exibição após a crise.
Já o governo do estado de São Paulo anunciou uma linha de crédito com 12 meses de carência para proteger empresas durante a crise provocada pela pandemia. Dos R$ 500 milhões anunciados, R$ 275 milhões são destinados exclusivamente para os setores de cultura e economia criativa, turismo e comércio, vistos como os mais impactados pela situação. Só para as áreas de cultura e economia criativa, que normalmente respondem por 3,9% do PIB do estado, a perda com a pandemia do coronavírus é estimada em R$ 34,5 bilhões pelo secretário Sérgio Sá Leitão.
Outra ação anunciada é o programa Cultura em Casa, que está reunindo, em um site, links para conteúdo cultural que o público pode ver em casa para se entreter. Aos poucos, a lista deve engordar com opções de todas as entidades culturais ligadas ao governo.
No Rio, o secretário municipal de Cultura, Adolfo Konder, informou que a pasta vai adiantar o processo de seleção dos editais dos Pontos de Cultura e da Música para Lonas, Arenas e Areninhas. Sarão dez pontos de cultura financiados com R$ 70 mil, e um Pontão de Cultura, que receberá R$ 300 mil. Os projetos de música selecionados receberão R$ 30 mil cada. Assim como na cidade de São Paulo, a proposta é que cada projeto selecionado receba os recursos o quanto antes, independentemente do processo de realização.
Konder também informou que está fazendo estudo orçamentário para viabilizar financiamentos de ações e projetos em plataformas online voltados para pequenos produtores e artistas de rua. O projeto Janelas de São Paulo pode servir de exemplo para a iniciativa carioca.