Regina Duarte usou as redes sociais para criticar a quarentena recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e seguida por vários estados brasileiros para conter a pandemia do novo coronavírus.
A atriz insinuou que aqueles que se isolam enquanto outras pessoas precisam trabalhar são egoístas. O texto se alinha com a campanha do presidente Jair Bolsonaro contra tudo o que tem sido recomendado e feito nos estados e até nos outros países do mundo, com direito até a “tá okay”, o vício de linguagem de Bolsonaro. “Você quer ficar em casa? TáOk! Mas vc exige um frentista e posto de combustível aberto pra vc sair com seu carro em qquer emergência … Você quer ficar em casa? Mas vc. exige o Mercado aberto com atendentes, senão sem alimentos você surta!”, escreveu Regina, numa longa lista de repetições de situações, que se encerra com o “Brasil uber alles” bolsonarista.
O texto recebeu muitos comentários, a maioria esmagadora negativa, inclusive de ex-colegas da ex-atriz da Globo.
Emanuelle Araújo, por exemplo, fez questão de rebater.
“Que absurdo, Regina. Que absurdo. Em primeiro lugar deveriam estar todos em casa. E devido às exceções, existem várias campanhas para essas pessoas que você cita, que não podem parar de trabalhar, estejam protegidas pelo GOVERNO, e este mesmo GOVERNO que incita que outros, que podem ficar em casa, vão para ruas e inclusive contaminem estas pessoas que não podem parar. A transmissão generalizada”, disse.
Marcos Palmeira também comentou no post. “Acho que devemos seguir as orientações da OMS e o governo apresentar um plano para minimizar os riscos. Sem rumo não dá! Talvez abrir mão de mordomias possa ajudar. Enfim, precisamos de união e não mais divisões”, escreveu.
O texto foi publicado em meio a dois outros fatos importantes – e opostos – , que lhe dão maior contexto.
Um deles foi o lançamento de uma campanha ampla de marketing do governo Bolsonaro para interromper as quarentenas e estimular a população a sair de suas casas, com a desculpa de que “o Brasil não pode parar”. A iniciativa também deixa claro que, felizmente, o governo tem bastante dinheiro sobrando – esse tipo de campanha não é barata – , o que será importante durante a crise sanitária.
O outro fato relevante foi o anúncio de que, graças às medidas de estímulo ao isolamento, São Paulo já começou a achatar a curva de infecção do coronavírus. Enfrentando ofensas de Bolsonaro, o governo paulista fechou escolas entre os dias 18 e 19 de março e todos os serviços não essenciais em 24 de março. Os moradores da capital entenderam o recado e a cidade se tornou praticamente fantasma, conforme a população optou pelo isolamento em suas casas.
O resultado foi festejado pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, em entrevista coletiva realizada na quinta-feira (26/3).
“O que gostaria de observar, se vocês se lembram bem, nós éramos praticamente 90% dos casos do Brasil; agora, nós somos 30% dos casos”, disse o Germman. “O que mostra para nós neste cenário que as medidas de restrição de mobilidade estão sendo suficientes ou pelo menos colaborando de forma efetiva para que a gente tenha 862 casos [de um total de 2.433 no país]”.
Ao comparar a diferença do crescimento da pandemia no estado de São Paulo com o resto do Brasil, o professor de física da Universidade de São Paulo (USP), José Fernando Diniz Chubaci, disse ao jornal Folha de S. Paulo: “Isso indica para a gente quais são as políticas a serem seguidas”.
Confira abaixo o post polêmico de Regina Duarte, que defende o oposto da política bem-sucedida de São Paulo contra a proliferação do coronavírus.