A Warner anunciou uma mudança no título do filme “Aves de Rapina”. O filme, que antes se chamava “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa” passa agora a ser chamado oficialmente de “Harley Quinn: Birds of Prey” – ou “Arlequina: Aves de Rapina” – nos cinemas dos Estados Unidos.
A alteração foi uma reação ao desempenho de bilheteria, considerado fraquíssimo no fim de semana de estreia.
E comprova que a Warner não fez o dever de casa em relação ao filme.
O título equivocado foi um dos tópicos levantados entre as avaliações pós-desastre do estúdio, diante da abertura de US$ 33,2 milhões no mercado americano – a pior estreia de um filme de super-heróis da DC Comics desde o fiasco de “Mulher-Gato” em 2004.
Antes que alguém ligue o fato de “Aves de Rapina” e “Mulher-Gato” serem estrelados por mulheres como fator preponderante do fracasso – “Capitã Marvel” e “Mulher-Maravilha” enterraram essa tese – , há outros detalhes que aparecem em comum entre os dois filmes. Em ambos, as reclamações dos fãs sobre a escalação das intérpretes, que não refletem o perfil das personagens dos quadrinhos, jamais foram consideradas. A contratação de um(a) cineasta inexperiente só começou a ser tida como equivocada após os desempenhos negativos. Assim como o tom indeciso do roteiro, entre a comédia e a ação, que não agradou quem esperava mais de um ou de outro.
O título, claro, era um dos problemas óbvios de “Aves de Rapina”. Afinal, porque o filme não se chamou “Arlequina”, se ela era a única conhecida? Parece que deu certo com “Coringa”. Mas agora, após uma fortuna gasta em marketing para divulgar “Aves de Rapina”, a Warner parece ter finalmente se dado conta do erro.
Outro problema aparente teria sido a afobação do estúdio em construir um “universo cinematográfico”, que previa lançar uma franquia de “Aves de Rapina” paralela a novos filmes da Arlequina. Essa pressa resultou num segundo “Liga da Justiça” – que, em vez de lançar franquia, virou fim de linha. Ao contrário da Marvel, as adaptações da DC Comics tem sido bem-sucedidas quando não compartilham um “universo” de personagens.
E, lógico, não há como entender a classificação etária “R” (para maiores nos EUA). “Esquadrão Suicida”, que lançou a Arlequina no cinema, foi exibido para menores (PG-13). E a própria Arlequina é uma personagem de desenho animado infantil. Além disso, ao contrário de “Coringa”, “Deadpool” ou “Logan”, “Aves de Rapina” não apresentou nenhuma cena especialmente violenta ou sexual, apenas linguagem imprópria – um ou outro palavrão – que a dublagem nacional tende até a esconder.
A Warner também vacilou na data de estreia, marcada para o fim de semana do Oscar, quando o público ainda corria para ver os filmes indicados ao prêmio da Academia. Tanto é assim que o Top 10 do fim de semana resgatou até “Entre Facas e Segredos”, que já havia saído do topo do ranking – lançado em novembro passado!
No mercado internacional, “Aves de Rapina” saiu-se um pouco melhor, elevando o total para US$ 81,2 milhões em todo o mundo. No Brasil, o longa liderou a bilheteria do último fim de semana. Mas como os cinemas chineses e de parte da Ásia estão fechados, devido ao coronavírus, o montante global não deve se tornar a “salvação” de sua balança comercial.