O jornalista, crítico e cineasta Nelson Hoineff morreu neste domingo (15/12), aos 71 anos. A informação foi compartilhada pelas redes sociais do diretor, sem que fosse informada a causa da morte.
Como jornalista, ele ficou conhecido pela criação do “Documento Especial”. Exibido pela primeira vez em 2 de agosto de 1989, na Rede Manchete, o programa foi pioneiro no uso da câmera escondida, longos planos sem corte e por retratar pessoas e situações ignoradas pela imprensa.
Em 430 episódios, a produção abordou da prostituição à grupos neonazistas. Entre suas maiores audiências, estão uma reportagem sobre a Igreja Pentecostal, feita inteiramente com câmera escondida, e um especial polêmico com o tema “Os Pobres Vão à Praia”, refletindo o preconceito dos cariocas – que é grande sucesso no YouTube até hoje. Outro episódio, “Vidas Secas”, dedicado à fome no Nordeste, rendeu a Hoineff um prêmio no Festival da TV de Monte Carlo, em Mônaco.
Ele dirigiu vários episódios do programa, que chegou a ser líder de audiência em seu auge, em 1990. E acabou usando esta experiência para virar cineasta, notabilizando-se por formar uma filmografia de documentários premiados sobre diversas personalidades da cultura brasileira.
Seus longas incluem “O Homem Pode Voar” (2006), uma reflexão sobre Santos Dumont, “Alô Alô Teresinha” (2009), que venceu Festival Cine-PE ao retratar o Chacrinha, “Caro Francis” (2010), perfil de Paulo Francis premiado no Festival de Paulínia, “Cauby: Começaria Tudo Outra Vez” (2015), sucesso comercial focado no cantor Cauby Peixoto, e seu longa final, “Eu, Pecador”, sobre o cantor e político Agnaldo Timóteo.
Hoineff se especializou em cinema pela NYU (Universidade de Nova York) e em novas tecnologias da televisão pela New School for Social Research, em Nova York. Também foi membro do Conselho Consultivo da Secretaria do Audiovisual, fundador e por quatro vezes presidente da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, co-fundador da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão, da qual foi vice-presidente por duas gestões, além de ter ajudado a lançar o Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro.