Ministério da Educação encerra contrato e despeja TV Escola

O governo Jair Bolsonaro decidiu não renovar o contrato de gestão com a Associação Roquette Pinto, que gerencia a TV Escola. Por conta disso, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, determinou um […]

O governo Jair Bolsonaro decidiu não renovar o contrato de gestão com a Associação Roquette Pinto, que gerencia a TV Escola. Por conta disso, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, determinou um despejo da TV Escola das dependências do Ministério da Educação . Equipamentos do canal foram recolhidos por um caminhão de mudança na manhã sexta-feira (13/12) e encaminhados para um depósito em Brasília.

O fim do contrato aconteceu após o governo encontrar dificuldades para indicar pessoas e politizar ainda mais o canal com conteúdo ideológico. De acordo com documentos obtidos pelo site de direita O Antagonista, em julho o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, encaminhou ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, nomes que deveriam ser nomeados para a fundação, apesar de não terem nenhuma ligação com a área da Educação ou mesmo com Jornalismo – um era formado em Odontologia e o outro em curso de escolta armada. Os apadrinhados acabaram rejeitados.

Apesar disso, o conteúdo da TV Escola, que existe desde 1995 com teor educacional voltado para professores e estudantes, sofreu influência do governo. O diretor-geral, Francisco Câmpera, foi indicado ainda na gestão do ex-ministro Ricardo Vélez, e a associação ainda abrigou integrantes da ala mais ideológica do governo, como Eduardo Melo, que é diretor adjunto.

Isto aconteceu após o Ministério da Educação atrasar repasses neste ano para a associação, o que vinha dificultando a continuidade das operações do canal.

Para completar, nesta semana a emissora passou a transmitir uma série sobre a história do Brasil com visão fortemente ideológica, cujo tom revisionista enfatiza a religião e minimiza a importância dos não brancos para o país, acompanhada por entrevistas com o escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, e outros porta-vozes da extrema direita.

Em nota, a Roquette Pinto informou que tentou “inúmeros contatos com assessores do Ministério e com o próprio ministro no sentido de solicitar uma prorrogação do prazo para a desocupação afim de poder achar um local adequado. Não recebeu nenhuma resposta”.

Além de gerenciar a TV Escola, a Associação Roquette Pinto também é responsável TV Ines, canal voltado a surdos, e pela Cinemateca.

O Ministério da Educação confirma que o contrato não será renovado, mas disse, em nota oficial, que “estuda a possibilidade de as atividades do canal serem exercidas por outra instituição da administração pública”.

A declaração sugere que outra empresa deverá assumir as operações do canal, possivelmente com novo aporte financeiro (verbas públicas), e, no caso de emplacar um “caráter emergencial”, sem litação, o que possibilitaria a escolha de associação ligada aos interesses do governo – ou de integrantes do governo. A conferir.