Pela primeira vez em sua carreira, o ator Adam Sandler está cotadíssimo para receber uma indicação ao Oscar. Seu novo filme, “Uncut Gems”, continua a receber cada vez mais elogios. O jornal New York Post decretou em título desta semana que se trata do melhor filme de Sandler, acompanhando a louvação iniciada pela primeira projeção do filme no Festival de Telluride.
Sandler interpreta Howard Ratner, um joalheiro judeu trambiqueiro de Nova York, que se mete em apostas esportivas de alto risco que podem lhe render o maior lucro de sua vida, levando-o a andar perigosamente na corda bamba, equilibrando negócios, família e prejudicando adversários de todos os lados. Cheio de dívidas, ele mergulha cada vez mais fundo no mundo das apostas e começa a jogar regularmente, em sua implacável perseguição à vitória final.
A verdade é que a aposta de Sandler mais que se pagou. Na vida real. A decisão do ator de estrelar um drama indie é quase uma anomalia na filmografia do astro de “Eu os Declaro Marido e… Larry”, “Zohan: O Agente Bom de Corte” e “Cada um tem a Gêmea que Merece”. Apesar disso, Sandler já demonstrou que, quando quer, é capaz de sensibilizar, como em “Embriagado de Amor” (2002), “Tá Rindo do Quê?” (2009) e “Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe” (2017).
O prêmio para esta aposta seria a cobiçada indicação ao Oscar.
Com a exibição de “Uncut Gems” no Festival de Cinema de Nova York, Sandler falou sobre a possibilidade.
“Eu nem mesmo sei o que dizer. É legal, mas esse não foi o objetivo de fazer o filme”, disse o ator em entrevista à revista People. “Eu amo o filme, e o que quer que aconteça. É ótimo que digam isso, mas procuro não me empolgar, porque quando eu faço comédias, eu trabalho igual da mesma maneira. Elas significam muito para mim. Dito isso, este filme tem um ótimo roteiro e diretores incríveis, e eu só quis fazer o melhor trabalho que pudesse por ele.”
Consta que os diretores do filme, os irmãos Benny e Josh Safdie, queriam Sandler de qualquer jeito, mas o ator não aceitou ao primeiro convite para fazer o longa. Não se via no papel. Isto foi em 2009 e os Safdie estavam apenas começando. Mas em 2017 eles lançaram “Bom Comportamento”, que deu status de ator sério a Robert Pattinson e entrou na lista de melhores filmes daquele ano.
Quando os Safdie decidiram tirar o pó de seu velho roteiro, buscaram Jonah Hill (“Anjos da Lei”) para o papel principal. Mas Hill acabou desistindo na véspera da filmagem. Foi quando decidiram tentar novamente seu plano A. E, desta vez, Sandler aceitou. Era para ser.
De acordo com o crítico Eric Kohn, do site IndieWire, Sandler acabou se tornando o grande destaque da obra. “É o primeiro filme a de fato se comunicar com as forças performáticas de Sandler desde ‘Embriagado de Amor'”. E Todd McCarthy, da revista The Hollywood Reporter, faz um trocadilho com o título do filme, considerando o desempenho de Sandler uma “joia”. “É um grande personagem, e Sandler acerta em cheio.”
Mas Peter Debruge, da revista Variety, prefere dar aos diretores os méritos pelo desempenho do humorista. “O filme prova como um diretor certo pode pegar o que sempre irritou os críticos sobre a atuação de Sandler, a do eterno homem infantil, e engrandecer num estudo de personagem mais sutil.”
Além de Sandler, o elenco também conta com LaKeith Stanfield (“Corra!”), Eric Bogosian (“Billions”), Idina Menzel (de “Glee” e voz de Elsa em “Frozen”), o cantor The Weeknd, o jogador de basquete Kevin Garnett e a estreante Julia Fox.
Após passar pelos festivais de Telluride, Toronto e Nova York, o filme atingiu 95% de aprovação no Rotten Tomatoes.
A estreia comercial está marcada para 13 de dezembro nos Estados Unidos, a tempo de conseguir a almejada indicação de Sandler ao Oscar, mas ainda não há previsão para seu lançamento no Brasil.