Warner “oficializa”: Coringa não é herói e seu filme não faz apologia da violência

A Warner Bros. emitiu um comunicado oficial nesta terça (24/9), em que afirma que o filme “Coringa”, que estreia em outubro, não faz apologia da violência na vida real e que o […]

Divulgação/Warner Bros.

A Warner Bros. emitiu um comunicado oficial nesta terça (24/9), em que afirma que o filme “Coringa”, que estreia em outubro, não faz apologia da violência na vida real e que o personagem não é o herói. Algo que a maioria dos leitores de quadrinhos sabe. Mas que virou “questão crítica” para o público em geral.

A manifestação aconteceu poucas horas após familiares e vítimas de um atentado armado de 2012, que aconteceu durante uma sessão de “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” num shopping da cidade de Aurora, no Colorado (EUA), divulgarem uma carta aberta ao estúdio em que mostram preocupação sobre “Coringa”, que chega aos cinemas em outubro, pedindo para a Warner ser mais responsável com a questão. A carta chega a sugerir que o estúdio apoie iniciativas em prol do desarmamento da sociedade.

“A violência armada em nossa sociedade é uma questão crítica, e estendemos nossa mais profunda simpatia a todas as vítimas e famílias afetadas por essas tragédias. Nossa empresa tem uma longa história de doações para vítimas de violência, incluindo Aurora, e nas últimas semanas nossa empresa-mãe se juntou a outros líderes empresariais para convidar políticos a lidar com essa epidemia”, diz o comunicado do estúdio.

“Ao mesmo tempo, a Warner Bros. acredita que uma das funções da narrativa é provocar conversas difíceis sobre questões complexas. Não se engane: nem o personagem fictício Coringa, nem o filme, representam apoio a qualquer tipo de violência no mundo real. Não é a intenção do filme, dos cineastas ou do estúdio manter esse personagem como um herói”, completou.

Em 2012, um homem identificado como James Holmes, invadiu uma sessão de “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” em Aurora, matou 12 pessoas e deixou outras 70 feridas. As lembranças do episódio foram trazidas novamente à tona com o marketing de “Coringa”, sobre um dos vilões mais sanguinários dos quadrinhos de Batman.

“Eu não preciso ver uma foto de Holmes, só preciso ver um cartaz promocional de Coringa para ver a foto do assassino”, afirmou Sandy Phillips, que perdeu a filha no massacre em Aurora, em entrevista às redes de TV americanas. Para Phillips, o lançamento de “Coringa” é como um “tapa na cara”. “Minha preocupação é como uma pessoa que está à beira de se tornar um atirador pode ser encorajada por esse filme”, considerou.

O ator Joaquin Phoenix chegou a abandonar uma entrevista do jornal britânico The Telegraph, ao ser questionado sobre o impacto que o filme pode ter no público. Mas ele tocou no tema em entrevista à IGN, quando deu a entender que o público de cinema não era debiloide. “Eu acho que a maioria de nós sabe entender a diferença entre o que é certo e o que é errado. Então, eu não acho que é responsabilidade do cineasta ensinar ao público o que é moral ou a diferença entre certo e errado”, afirmou.

O diretor Todd Phillips adotou postura parecida e disse que o filme faz alertas importantes para problemas sociais. “O filme faz alertas sobre falta de amor, trauma infantil, falta de compaixão no mundo. Eu acho que as pessoas podem lidar com a mensagem”, destacou ao IGN.

Vale lembrar que psicopatas podem ser influenciados por qualquer coisa. Desde o olhar de um cachorro até trechos de um livro, como “O Apanhador no Campo de Centeio”, considerado obra-prima da literatura americana e uma das “inspirações” para o assassinato de John Lennon.