A Netflix lançou a 3ª e última temporada de “Glitch”, produção sobrenatural australiana premiada, na quarta-feira (25/9) sem realizar nenhuma divulgação. A plataforma não produziu nenhum trailer, divulgou pôster ou mesmo uma foto dos novos episódios. Nem mesmo postou nas redes sociais que o lançamento estava disponível. Nada.
A atitude reforça uma das maiores queixas dos usuários do serviço, da falta de informação sobre o conteúdo disponível no catálogo. Se o conteúdo foi produzido pela própria plataforma ou adquirido de terceiros, como é o caso de “Glitch”, custou dinheiro. Mas é como se a Netflix não se interessasse em obter audiência com o investimento. O caso não é único e tem sido uma das principais razões de cancelamento de séries do serviço. A 3ª temporada da sci-fi canadense “Travelers” também foi jogada no catálogo com pouco apoio promocional em dezembro passado e acabou cancelada loga em seguida.
A falta de divulgação reflete outra característica negativa do serviço oferecido pela Netflix: o desinteresse pela continuidade. A estratégia comercial que tem caracterizado a renovação de conteúdo da plataforma é o lançamento ininterrupto de séries novas, em paralelo ao crescimento desmedido de cancelamentos. Isto prejudica o engajamento do público nas produções. Não por acaso, séries antigas, que duraram várias temporadas e tiveram conclusão em suas histórias, lideram o ranking das maratonas em streaming. Há uma lição nisso que a Netflix não parece interessada em aprender.
Curiosamente, a plataforma divulgou as duas primeiras temporadas de “Glitch”. E foi um grande sucesso. De fato, foi a repercussão da 1ª temporada em streaming que incentivou o canal australiano ABC a investir em sua continuação, quando já considerava tratar a atração como uma minissérie curta. Para completar, a produção acabou vencendo o AACTA Awards, premiação da Academia Australiana de Artes Televisivas e Cinematográficas, que equivale ao “Emmy australiano”, como Melhor Série de Drama.
Com o lançamento da 3ª temporada, a história se completa, atestando a grande diferença com que abordou uma premissa bastante explorada nos últimos tempos – pela série francesa “Les Revenants”, seu remake americano “The Returned” e ainda “Resurrection”, todas já canceladas.
Ambientado na pequena cidade de Yoorana, o drama sobrenatural acompanha o policial James Hayes (Patrick Brammall, do filme “A Pequena Morte”) na investigação do caso de sete mortos que voltaram à vida, sem memória nenhuma de quem eram. Todos eles estão ligados de alguma maneira e Hayes reconhece um deles do seu próprio passado – é sua falecida ex-esposa. Aos poucos, o caso se torna mais complexo e, na 3ª temporada, atinge proporções apocalípticas.
Criada por Louise Fox (roteirista de “Broadchurch”) e Tony Ayres (criador de “Nowhere Boys”), a série também traz em seu elenco Genevieve O’Reilly (“Rogue One: Uma História Star Wars”), Emma Booth (“Deuses do Egito”), Emily Barclay (“A Luz Entre Oceanos”), Sean Keenan (“Terra Estranha”), Andrew McFarlane (“Conspiração e Poder”), Daniela Farinacci (“Lion”), Hannah Monson (série “The Leftovers”), Aaron L. McGrath (“Jasper Jones”) e John Leary (“Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar”).
É possível ver abaixo o trailer produzido pelo canal australiano ABC, sem legendas, para o lançamento televisivo da série em agosto. Foi o ABC, por sinal, quem espalhou que a série chegou na Netflix, em suas redes sociais. Apesar desse pouco caso, “Glitch” está completa no catálogo da empresa de streaming e vale uma das melhores maratonas que o serviço tem a oferecer. #FicaADica.