Festival de Gramado reúne a indústria cinematográfica sob ataque de Bolsonaro

O Festival de Gramado nasceu durante o boom do cinema brasileiro produzido na era de ouro da Embrafilme, sobreviveu à destruição daquela época pelo governo Collor, quando praticamente não foram lançados longas, […]

O Festival de Gramado nasceu durante o boom do cinema brasileiro produzido na era de ouro da Embrafilme, sobreviveu à destruição daquela época pelo governo Collor, quando praticamente não foram lançados longas, e chega a sua 47ª edição nesta sexta (17/8) em meio a ataques do presidente Bolsonaro aos filmes feitos no país. A concentração da indústria cinematográfica na serra gaúcha, neste momento histórico, é garantia de repercussão.

Os discursos de protestos são mais que esperados durante a abertura do evento às 18h, que apresentará “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, em sua primeira exibição no Brasil após vencer o prêmio do júri no Festival de Cannes. Kleber Mendonça Filho, como todos lembram, protestou contra o “golpe” sofrido por Dilma Rousseff com cartazes no tapete vermelho de Cannes em 2016, quando lançou “Aquarius”. E até hoje se fala disso.

Bolsonaro fez tudo para acirrar os ânimos ao máximo com uma live na noite de quinta, afirmando que tinha barrado a liberação de incentivos para filmes de temática LGBTQ+ e que já teria “degolado todo mundo” se as cabeças da Ancine “não tivessem mandato”, utilizando-se da linguagem violenta para ameaçar o órgão responsável pelo incentivo à produção do cinema brasileiro.

Por conta do governo extremamente ideológico de Bolsonaro – um PT ao avesso – , a política deve roubar a cena dos próprios filmes no evento, que vai acontecer até o dia 24 de agosto.

Ainda assim, há muitos filmes. Ao todo, 19 longas e 34 curtas.

Entre os sete longa-metragens da mostra competitiva nacional incluem-se a cinebiografia “Hebe — A estrela do Brasil”, de Maurício Farias, com Andréa Beltrão na pele da famosa apresentadora da TV brasileira, a dramédia “Veneza”, de Miguel Falabella, que acompanha a viagem dos sonhos de uma cafetina à cidade italiana, e “O Homem Cordial”, de Iberê Carvalho, suspense no qual Paulo Miklos interpreta um cantor de rock envolvido na morte de um policial.

Além disso, o festival também homenageará quatro personalidades: o ator Lázaro Ramos, a atriz e cineasta Carla Camurati, o ator argentino Leonardo Sbaraglia e o artista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica. As homenagens serão acompanhadas pelos devidos discursos, alguns mais contundentes que outros.

Confira abaixo a lista dos longas selecionados para as mostras competitivas do evento gaúcho.

Filmes Brasileiros

“Hebe – A Estrela do Brasil” (São Paulo)
Direção: Maurício Farias

“O Homem Cordial” (Distrito Federal)
Direção: Iberê Carvalho

“Pacarrete” (Ceará)
Direção: Allan Deberton

“Raia 4” (Rio Grande do Sul)
Direção: Emiliano Cunha

“Veneza” (Rio de Janeiro)
Direção: Miguel Falabella

“Vou Nadar Até Você” (São Paulo)
Direção: Klaus Mitteldorf e Luciano Patrick

“30 Anos Blues” (São Paulo)
Direção: Andradina Azevedo e Dida Andrade

Filmes Latino-Americanos

“A Son of Man – La Maldición del Tesoro de Atahualpa” (Equador)
Diretor: Jamaicanoproblem

“Dos Fridas” (México e Costa Rica)
Direção: Ishtar Yasin

“El Despertar de las Hormigas” (Costa Rica)
Direção: Antonella Sudasassi Furnis

“En el Pozo” (Uruguai)
Direção: Bernardo e Rafael Antonaccio

“La Forma de las Horas” (Argentina)
Direção: Paula de Luque

“Muralla” (Bolívia)
Direção: Rodrigo Alfredo Alejandro Patiño Sanjines

“Perro Bomba” (Chile)
Direção: Juan Caceres