Miley Cyrus lançou o clipe de “Mother’s Daughter”, em que retoma batidas de pop eletrônico e postura mais sexual. A diferença é que desta vez não se trata de rebeldia adolescente, mas de expressão artística de uma mulher tão bem resolvida que inclui a própria mãe, Leticia “Tish” Cyrus, entre as convidadas do vídeo para ilustrar empoderamento – não apenas feminino, mas LGBTQ+.
Amparada por uma direção de arte glamourosa, que combina sado-masoquismo, parada LGBTQ+ e super-heróis, Miley reúne diversos nomes da cena alternativa americana – entre artistas e ativistas, aparecem os modelos trans Aaron Philip e Casil McArthur, a skatista Lacey Baker, a dançarina Amazon Ashley, a atriz Angelina Duplisea e a ativista de 11 anos Mari Copeny – , para se assumir politicamente feminista e queer.
O clipe é repleto de slogans, de “a virgindade é uma construção social” e “o pecado está em seu olhar” até “não é um objeto” e “meu corpo, minhas regras” (frases escritas sobre corpos femininos nus), sem abrir mão da sensualidade explícita. O que deve dar curto-circuito em machistas que propagam que feministas são feias e assexuadas.
Miley demonstra como o feminismo é, na verdade, um afrodisíaco poderoso. Mas também algo que pode representar um ato maternal, como amamentação – uma das imagens do vídeo. “Deve ser devido a alguma coisa na água ou que eu sou filha da minha mãe”, ela diz na canção, juntando empoderamento e família – e lá se vai outro pedaço do cérebro conservador para o chão.
A direção é do cineasta francês Alexandre Moors, que após chamar atenção com o drama indie “Chevrolet Azul” (2013) tem se especializado em clipes de rappers americanos, como ScHoolboy Q e Kendrick Lamar.
A música “Mother’s Daughter” faz parte do EP “She Is Coming”, com título de duplo sentido, lançado por Miley em maio. A cantora anunciou que o disco de seis faixas será o primeiro de uma trilogia, que deve ser completada ainda este ano com os EPs “She Is Here” e “She Is Everything”.