O cineasta Marcus Baldini, que dirigiu “Bruna Surfistinha” (2011), resolveu se pronunciar nesta sexta-feira (19/9) a respeito dos comentários pejorativos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro contra seu trabalho.
Na quinta, Bolsonaro disse não poder “admitir que com dinheiro público se façam filmes como ‘Bruna Surfistinha'”.
Por meio de nota oficial, Baldini ressaltou que o longa é “um projeto importante tanto pela questão artística quanto pela econômica”.
“’Bruna Surfistinha’ é um filme com olhar humano sobre um assunto relevante e presente na vida das pessoas. Seu impacto poderia até ser medido por números: mais de 2 milhões de pessoas assistiram ao filme somente nos cinemas. Mais outros milhões, na TV. Um filme que empregou 500 pessoas diretamente, pagou milhões em impostos, gerou receita para o governo e foi premiado na Academia Brasileira de Cinema”, afirmou Baldini.
De acordo com ele, “o filme ajudou a fortalecer a indústria audiovisual e foi recompensado com o interesse do público, que assim se aproxima do cinema brasileiro”.
“’Bruna Surfistinha’ é um filme do qual me orgulho. A diversidade é uma das belezas da humanidade e a cultura, sua expressão. O cinema não pode se reduzir a uma ou outra visão de mundo, pois isso nos limita como gente, como povo.”
Além do diretor, a atriz Deborah Secco, intérprete da Bruna Surfistinha no cinema, também se pronunciou por meio de sua assessoria de imprensa, dizendo-se “triste e chocada” diante da declaração do presidente.
“Fiquei muito triste e um pouco chocada de o filme ter sido colocado nesse lugar”, afirmou a atriz, para quem “a arte tem que ser ampla, abrangente”. “A gente precisa poder falar sobre tudo, para que, através da arte, consiga debater sobre tudo”, apontou, refletindo uma visão pluralista e democrática.
Depois de atacar “Bruna Surfistinha”, Bolsonaro afirmou que pretende criar “filtros” (eufemismo para censura) para projetos de cinema “em respeito às famílias”. Ou então extinguir simplesmente a Ancine, que, entre outras atividades, encaminha o financiamento da maioria dos projetos cinematográficos do país.
Na prática, significa mandar às vazes uma indústria inteira, sem se importar com o impacto econômico da medida.