“A Morte te dá Parabéns” (2017) parecia mais um revival descartável da fórmula consagrada por “Feitiço do Tempo” (1993), que tinha Bill Murray preso para sempre no mesmo dia. A ideia já tinha sido repetida por outros filmes de gênero, como “No Limite do Amanhã” (2014), que explorou a ficção científica e obrigou Tom Cruise a viver e morrer eternamente no mesmo dia. Em “A Morte te dá Parabéns”, a revelação Jessica Rothe estava longe do status de Murray e Cruise em seus filmes, mas ao protagonizar a versão terror dessa brincadeira, ela elevou o nível de um longa divertido de um diretor também promissor (Christopher Landon) e pavimentou o caminho para se tornar uma estrela, rendendo o revival mais bacana e criativo dos slashers desde “Pânico” (1996).
Mas você sabe como é o terror; adora uma continuação.
Embora “A Morte te dá Parabéns 2” seja consequência da fórmula citada, o esforço de Christopher Landon é insano para seguir em frente fazendo algo diferente. Tanto que, ao contrário do primeiro (e de “Feitiço do Tempo” e “No Limite do Amanhã”), valorizou mais a premissa que o enredo. Ele passa do slasher para a ficção científica como se fosse a coisa mais fácil do mundo transitar entre um gênero e outro. Não é. O resultado parece transformar a sequência numa paródia do filme anterior, ao fazer questão de explicar a “maldição” que aflige Tree (Jessica Rothe) – e, como se sabe, é um erro colossal justificar um mistério.
Landon abusa de inspirações como “Inception” (2010) e “De Volta para o Futuro: Parte II” (1989). Só que os filmes de Christopher Nolan e Robert Zemeckis, por mais loucos que fiquem a cada segundo, estabelecem regras dentro de seus estranhos universos. E isso faz toda a diferença, porque “A Morte te dá Parabéns 2” não faz o menor sentido.
Não faz sentido em relação ao original, que consegue manter a atenção do público do início ao fim, mas também no contexto das inúmeras viagens alucinógenas do gênero criadas com sucesso para o cinema.
Talvez seja essa a intenção, mas isso atrapalha a diversão escapista. Afinal, deixa o público a maior parte do tempo tentando se situar.
Ao menos, o diretor-roteirista arrisca e isso é louvável. Sua ambição, inclusive, já propõe uma terceira parte que sugere trilhar uma proposta ainda mais diferente – em meio aos créditos finais.
E ele sempre pode contar com a energia de Jessica Rothe. A talentosa atriz carrega o filme nas costas e o salva do desastre criativo completo. Não vai demorar para alçar voos mais altos. Desde que deixe de se repetir nessa franquia.