A Academia Francesa de Cinema consagrou o filme “Custódia”, que aborda a questão da violência de gênero, na premiação do César 2019, o equivalente ao “Oscar do cinema francês”. O longa de Xavier Legrand venceu quatro estatuetas, incluindo Melhor Filme, na cerimônia celebrada na noite de sexta-feira (22/2) em Paris.
“Quando rodamos o filme, em 2016, 123 mulheres foram assassinadas pelo companheiro ou ex-companheiro. No decorrer do ano, 25 mulheres foram assassinadas, o que quer dizer que passamos a uma mulher a cada dois dias, enquanto em 2016 era uma a cada três dias”, declarou o diretor do filme, Xavier Legrand.
“Custódia” teve sua première mundial no Festival de Veneza de 2017, onde venceu dois prêmios, inclusive Melhor Direção, e foi premiado pela crítica na Mostra de São Paulo daquele ano, antes de ser exibido comercialmente no Brasil – o que ocorreu em julho do ano passado. O longa também entrou na lista dos melhores lançamentos de 2018 da Pipoca Moderna (veja aqui).
A estrela do filme, Léa Drucker, venceu o César de Melhor Atriz por seu papel de uma mãe que tenta recompor a vida após a separação do marido violento. Em seu discurso, ela homenageou as mulheres corajosas que a inspiraram, “todas as mulheres, todas as feministas que escrevem, atuam, elevam a voz e defendem diariamente a causa das mulheres, desafiando com frequência insultos e todo tipo de agressividade”.
“A violência começa pelas palavras que usamos no dia-a-dia. Pensamos que são banais, mas não nos damos conta de que são o começo de uma ameaça, são o reflexo de uma forma de pensar, de uma ideologia que todos devemos combater”, acrescentou.
O cineasta Xavier Legrand ainda venceu o troféu de Roteiro Original – e o quarto troféu de seu filme foi para a Edição. Entretanto, ele perdeu o César de Melhor Direção para Jacques Audiard, premiado pelo western franco-americano “Os Irmãos Sisters”. Já o Melhor Ator foi Alex Lutz, por “Guy”, filme que ele também escreveu e dirigiu.
Um dos pontos altos da cerimônia foi uma homenagem ao ator, diretor e produtor Robert Redford, de 82 anos, que recebeu um César honorário por sua carreira.
Confira abaixo a lista completa dos vencedores.
Melhor Filme:
“Custódia”, de Xavier Legrand
Melhor Direção:
Jacques Audiard (“Os Irmãos Sisters”)
Melhor Ator:
Alex Lutz (“Guy”)
Melhor Atriz:
Léa Drucker (“Custódia”)
Melhor Ator Coadjuvante:
Philippe Katerine (“Le Grand Bain”)
Melhor Atriz Coadjuvante:
Karin Viard (“Les Chatouilles”)
Melhor Revelação Masculina:
Dylan Robert (“Shéhérazade”)
Melhor Revelação Feminina:
Kenza Fortas (“Shéhérazade”)
Melhor Roteiro Original:
Xavier Legrand (“Custódia”)
Melhor Roteiro Adaptado:
Andréa Bescond e Eric Métayer (“Les Chatouilles”)
Melhor Edição:
Yorgos Lamprinos (“Custódia”)
Melhor Fotografia:
Benoït Debie (“Os Irmãos Sisters”)
Melhor Música Original:
Vincent Blanchard e Romain Greffe (“Guy”)
Melhor Som:
Brigitte Taillandier, Valérie de Loof e Cyril Holtz (“Os Irmãos Sisters”)
Melhor Direção de Arte:
Michel Barthélémy (“Os Irmãos Sisters”)
Melhor Figurino:
Pierre-Jean Larroque (” Mademoiselle de Joncquières”)
Melhor Filme de Estreia:
“Shéhérazade”, de Jean-Bernard Marlin
Melhor Documentário:
“Ni Juge, Ni Soumise”, de Jean Libon e Yves Hinant
Melhor Filme de Animação:
“Dilili à Paris”, de Michel Ocelt
Melhor Filme Estrangeiro:
“Assunto de Família”, de Hirokazu Koreeda (Japão)
Melhor Curta-Metragem de Ficção:
“Les Petites Mains”, de Rémi Allier
Melhor Curta-Metragem de Animação:
“Villaine Fille”, de Ayce Kartal
César do Público:
“Les Tuche 3”, de Olivier Baroux
César Honorário:
Robert Redford