A cantora Adriana Calcanhotto divulgou um novo clipe impactante. Em “Ogunté”, aparece com um vestido “infinito” de saco de lixo preto, que se estende por todo o cenário em ondulações constantes, feito o alto-mar.
A faixa fala sobre a poluição de rios e mares, enquanto Cacanhotto manifesta seu significado no próprio corpo, como uma instalação viva, revelando, ao final, que sob o plástico negro escuro existe vida vibrante.
Combinação de artes plásticas, coreografia e encenação teatral, o vídeo remete ao trabalho anterior da cantora, “O Cu do Mundo”, igualmente forte e dirigido pelo mesmo Murilo Alvesso. Também merece aplausos o criador do figurino, Antônio Gomes, que transformou lixo num traje de deusa.
As convergências entre os dois trabalhos mais recentes da cantora vão além do vigor artístico e estético. Compartilham temas do apocalipse cotidiano, referências de umbanda e beats eletrônicas, numa reinvenção completa do estilo da cantora, que se tornou muito mais jovem, energizada e contemporânea após completar 50 anos.
“Ogunté” chega no Dia de Iemenjá (2/2) como um manifesto. Há vitalidade na música brasileira, sob o véu negro de estupidez que cobre rádios e TV.