Os editores da versão alemã da revista Playboy responderem à denúncia do compositor Ennio Morricone de que ele nunca deu entrevista para a publicação, muito menos uma entrevista em que chamou o diretor Quentin Tarantino de “cretino” e seus filmes de “lixo”, como virou notícia no fim de semana em todo o mundo.
Num primeiro momento, os porta-vozes da revista falaram grosso, dando data e citando testemunha da entrevista. No segundo, afinaram. Admitiram que as frases nunca ditas foram “reproduzidas erroneamente”.
“Até agora, considerávamos o freelancer que conduziu a entrevista com Ennio Morricone em nosso nome como um jornalista renomado tanto no impresso quanto no rádio”, disse o editor Florian Boitin em novo comunicado, nesta terça-feira (13/11). “No passado, não tivemos razões para duvidar de sua integridade jornalística e suas habilidades”.
“Baseando-se na informação que temos à nossa disposição, precisamos, infelizmente, assumir que as palavras ditas na entrevista foram reproduzidas, em parte, erroneamente. Queremos expressar o nosso arrependimento se retratamos o Sr. Morricone sob uma luz falsa. Estamos trabalhando para clarificar este assunto e explorando medidas legais”, completa o texto.
A entrevista viralizou, reproduzida até no Brasil, por Morricone supostamente atacar Tarantino e menosprezar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. Ele recebeu o Oscar de Melhor Trilha Sonora por seu trabalho em “Os Oito Odiados”, de Tarantino.
Perturbado pela repercussão, o célebre compositor italiano emitiu um comunicado afirmando jamais ter dado a tal entrevista. Além de elogiar Tarantino e seus filmes, Morricone também afirmou que processaria a publicação alemã.
Leia abaixo a íntegra da manifestação de Morricone.
“Chegou ao meu conhecimento que a Playboy da Alemanha publicou um artigo em que chamei Tarantino de cretino e considero seus filmes um lixo. Isso é totalmente falso. Eu não dei uma entrevista para a Playboy da Alemanha e ainda mais, eu nunca chamei Tarantino de cretino e certamente não considero seus filmes um lixo. Eu requisitei ao meu advogado na Itália para que tome medidas civis e penais.
Considero Tarantino um ótimo diretor. Eu gosto muito da minha colaboração com ele e do relacionamento que desenvolvemos durante o tempo que passamos juntos. Ele é corajoso e tem uma personalidade enorme. Eu confio em Tarantino por ser uma das pessoas responsáveis por me dar um Oscar, o que é com certeza um dos maiores reconhecimentos da minha carreira, e sou eternamente grato pela oportunidade de compor música para seu filme.
Em Londres, durante uma entrevista coletiva, na frente de Tarantino, afirmei claramente que considero Quentin um dos maiores diretores desta época. E nunca falaria mal da Academia – uma instituição importante que me deu dois dos mais importantes importantes reconhecimentos da minha carreira”.
Morricone, que completou 90 anos no último dia 10 de novembro, compôs alguns dos temas mais reconhecidos da história do cinema. Suas trilhas em “Por Um Punhado de Dólares” (1964), “Três Homens em Conflito” (1966), “Era uma Vez no Oeste” (1968), “Sacco e Vanzetti” (1971), “Cinzas no Paraíso” (1978), “Os Intocáveis” (1987), “Cinema Paradiso” (1988), entre vários outros trabalhos, são considerados clássicos absolutos do cinema.