A atriz Rose McGowan deu uma entrevista bomba à revista dominical do jornal britânico The Times, que ficou ainda mais explosiva com distorções do entrevistador replicadas pela mídia mundial. Mostrando rancor, ela atacou a iniciativa Time’s Up, criada por um grupo de personalidades femininas para apoiar vítimas de abuso e lutar por maiores oportunidades e igualdade salarial para as mulheres.
O motivo, aparentemente, é o fato de o Time’s Up não tratar a atriz como a líder que ela acredita ser.
“Eu acho que elas [os membros do Time’s Up] são umas cretinas”, comentou. “Elas não são campeãs, são perdedoras. Eu não gosto delas. Como você explica o fato de que ganhei um prêmio de ‘homem do ano’ da GQ, mas nenhum grupo de mulheres ou revista de mulheres me apoiou?”.
A atriz, conhecida pela série “Charmed” e filmes como “Pânico” e “Planeta Terror”, ainda reclamou que não é convidada para os “almoços e eventos” do grupo. “Honestamente, eu nem quero ir. É tudo a m**** de uma mentira. É uma mentira que faz com que eles se sintam melhor”, disse.
McGowan caracterizou como “quase impossível” que pessoas próximas de Weinstein, como Meryl Streep e Hillary Clinton, não soubessem de seu comportamento abusivo em relação a outras mulheres.
“Eu retiraria os meus anos de apoio [a Clinton] se pudesse”, comentou. “Eu a apoiei até mesmo contra Obama. Hoje em dia, se eu fosse concorrer a um cargo público, concorreria como republicana. Só para mexer com a cabeça das pessoas, só para f**** o sistema todo”.
“Os apoiadores de Donald Trump estão certos em uma coisa: eles desprezam Hollywood por ser um bando de liberais falsos. Eles são mesmo”, continuou. “Eles todos vivem uma vida vazia de significado, e sabem disso. Essa é a punição deles. São infelizes”.
McGowan, por fim, disse que não pretende mais atuar. A última aparição da atriz nos cinemas foi no suspense independente “O Som”, lançado no ano passado.
A entrevista pode ser acusada de retratar McGowan como invejosa e de promover a tática pouco progressista de atacar outras mulheres para se valorizar. Mas ficou pior do jeito como foi complementada pelo repórter e reproduzida pelo “telefone sem fio” (wi-fi, né?) da internet.
Nos textos replicados, as declarações sobre o Time’s Up sofreram mudanças de alvo, como se visassem o movimento #MeToo.
A confusão costuma ser constante, mas desta vez criou frases como “o #MeToo é uma mentira”.
Diante da distorção, Rose McGowan foi ao Twitter corrigir. “Eu nunca disse que #MeToo é uma mentira. Nunca”, ela esclareceu. “Eu estava falando sobre Hollywood e Time’s Up, não #MeToo”.
Expressando sua frustração, ela acrescentou: “Ugh. Estou de saco muito cheio com erros sensacionalistas. #MeToo é sobre sobreviventes e suas experiências, que não podem ser tiradas.”
Ela postou dois vídeos no Twitter para esclarecer suas ideias.
“#MeToo é importante, é honesto e é a nossa experiência. Não é mentira”, disse ela. “Por alguma razão, há pessoas na mídia que tentam derrubá-lo, mas eu digo que é forte. Novamente, é simplesmente a nossa experiência compartilhada. É isso que é o #MeToo. E é lindo. Como nós somos.”
Apesar de se dizer sempre má-interpretada, na semana passada Rose McGowan foi ao Twitter pedir desculpas por atacar sua ex-amiga Asia Argento e espalhar mentiras sobre a polêmica que cerca a outra expoente do #MeToo. Por confiar em Rose McGowan e na namorada dela, Asia teve mensagens de texto privadas expostas nas redes sociais e foi acusada de pedófila por McGowan, que levou duas semanas para pedir desculpas por ter confundido informações. A acusação de McGowan fez Asia ser demitida do programa de calouros musicais “X-Factor” da Itália.
— rose mcgowan (@rosemcgowan) October 8, 2018