O grupo feminino Rouge voltou, como diz a letra de “Dona da Minha Vida”. E o público notou. O clipe da música foi visto mais de 1,3 milhão de vezes em dois dias.
O vídeo começa no “teto de São Paulo”, num heliporto acima dos prédios (“voltei, desta vez eu vou por cima…”), onde o quinteto executa sua coreografia de Destiny’s Child e solta um corinho vocal de “hino de Copa do Mundo”. E termina no asfalto, numa marcha empoderada pelas ruas.
O terceiro vídeo lançado desde o retorno do grupo em 2017, após “Bailando” e “Confia em Mim”, é um clipe com historinha. E não chega nem a ser subliminar. Está na cara. Em close. A marcha “leva” a um comercial de aplicativo de táxi.
Sintoma dos tempos, “Dona da Minha Vida” é mais um comercial de produto que não tem nada a ver com a música. A tendência do product placement deixou de ser sutil para se tornar invasiva. E mesmo assim não há nada que alerte se tratar de inserção paga.
Isto coloca em cheque a autenticidade de cada manifestação. Veja-se, por exemplo, que o Rouge foi comemorar o sucesso do clipe nas redes sociais dizendo estar “levando uma mensagem de paz, esperança, amor, respeito e liberdade!”. Poderia ser só um clichê. Mas, nesse mundo patrocinado, quem duvida que não seja outra publicidade – de um certo instituto de auto-ajuda, que tem o mesmíssimo slogan?