O ator João Paulo Adour, que foi galã das novelas da Globo nos anos 1970, foi encontrado morto na segunda-feira (3/7) em sua casa, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro. Vizinhos chamaram o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar ao sentirem um forte cheiro vindo de um apartamento e a morte foi constatada. Ele tinha 77 anos e morava sozinho.
Adour começou sua jornada profissional pelo teatro e chegou a ganhar um prêmio da Associação Brasileira de Críticos como ator revelação de 1962. Depois de viajar pela Europa, voltou para fazer cinema, mas apareceu em apenas dois longa-metragens, como figurante em “Cara a Cara” (1967), de Julio Bressane, e coadjuvante em “As Sete Faces de um Cafajeste” (1968), de Jece Valadão.
A estreia na TV aconteceu em seguida, na novela “Um Gosto Amargo de Festa” (1969), na rede Tupi. Mas a carreira só foi deslanchar após surgir na Globo na novela “A Ponte dos Suspiros”, de Dias Gomes, em 1969.
De boa aparência, acabou se tornando “o preferido das menininhas”, como chegou a publicar a revista Amiga, após “Assim na Terra Como no Céu” (1970). Mas Adour não era só um bonitão. Sua experiência teatral agradava aos teledramaturgos mais importantes da época, o que lhe rendeu uma parceria importante com Dias Gomes, em novelas históricas como “Verão Vermelho” (1970), “Bandeira 2” (1971) e “O Bem-Amado” (1973), no qual interpretou Cecéu, o filho playboy e irresponsável de Odorico Paraguaçu, personagem icônico de Paulo Gracindo.
O sucesso como Cecéu o fez emendar duas tramas mais adultas da emissora, integrando “Gabriela” (1975) e “O Grito” (1976), novelas das 22 horas. Mas logo depois foi deslocado para a faixa mais jovem, aparecendo em “Dona Xepa” (1977), “Olhai os Lírios do Campo” (1980) e “As Três Marias” (1980), na qual interpretou Afonso, noivo de Maria da Glória, uma das protagonistas, vivida por Maitê Proença.
O que parecia uma carreira ascendente, porém, não foi muito adiante, rendendo apenas mais duas novelas na Globo, “Brilhante” (1981) e “Corpo a Corpo” (1984), ambas de Gilberto Braga e exibidas no “horário nobre” das 20h.
Ele encerrou sua trajetória televisiva com um último trabalho na extinta Rede Manchete. Em “Novo Amor” (1986), de Manoel Carlos, o ator viveu Miguel, coadjuvante de pouca importância na trama.