O Festival de Gramado 2018 começa nesta sexta-feira (16/8) com nada menos que 14 longas em competição. Deste total, nove são nacionais e cinco estrangeiros. E se o número de estrangeiros encolheu, é para se aplaudir o aumento de candidatos brasileiros. No ano passado foram sete e há dois anos eram apenas seis concorrentes nacionais.
O aumento da competitividade valoriza a premiação e cutuca a organização dos demais festivais espalhados pelo país, que juntam cinco filmes para disputar dezenas de troféus e acabam inflacionando a distribuição de prêmios sem relevância. Com o crescimento, Gramado se posiciona estrategicamente para voltar a revelar talentos e recuperar sua importância no calendário do cinema nacional, trazendo enfim uma concorrência ao Festival do Rio – que virou referência justamente por reunir mais filmes que todos os demais… juntos!
Por outro lado, a seleção chama atenção para o predomínio de produções cariocas. Dos nove títulos selecionados para a competição de longas brasileiros, cinco vem do Rio de Janeiro – mais da metade. Os demais são dois filmes de São Paulo, um do Paraná e outro do Rio Grande do Sul. Mesmo com dois títulos a mais que a competição do ano passado, não foram incluídas nenhuma produção das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste na disputa ao Kikito 2018.
Entre os destaques da competição, estão a animação “A Cidade dos Piratas”, do animador gaúcho Otto Guerra, que adapta as tiras dos “Piratas do Tietê”, de Laerte, a cinebiografia “Simonal”, dirigida por Leonardo Domingues, “O Banquete”, de Daniela Thomas, passado em um cenário fechado, “Ferrugem”, de Aly Muritiba, premiado no Festival de Seattle e exibido no Festival de Sundance, e “Benzinho”, de Gustavo Pizzi, também levado a Sundance.
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A boa presença nacional, entretanto, não deveria desculpar uma seleção internacional miserável. A lista com apenas cinco títulos não justifica uma competição, pelos motivos já apontados. E tem o detalhe: um dos cinco selecionados, ainda por cima, é uma coprodução brasileira, “Las Herederas”, dirigida pelo paraguaio Marcelo Martinessi, que já venceu o Prêmio da Crítica no Festival de Berlim. Filmaço que seria mais valorizado com uma exibição especial fora de competição.
Afinal, Gramado também exibe filmes fora de competição. E geralmente é aberto por um longa que não disputa prêmios. Este ano, o escolhido foi “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues, musical ambicioso que teve premiére mundial em Cannes, na França, e tem estreia marcada nos cinemas brasileiros em 6 de setembro. Diegues não filmava há 12 anos – desde “O Maior Amor do Mundo” (2006) – e a abertura do festival gaúcho marcará a primeira exibição nacional do longa.
O evento também prestará homenagens especiais a artistas relevantes do cinema brasileiro e latino. O Troféu Eduardo Abelin será entregue ao cineasta Carlos Saldanha, de “A Era do Gelo”, “Rio” e “O touro Ferdinando”, indicado duas vezes ao Oscar. O Troféu Cidade de Gramado irá para ator Ney Latorraca, pela carreira de 23 filmes. O troféu Oscarito será entregue ao ator Edson Celulari, que celebra 40 anos de carreira. E a estrela uruguaia Natalia Oreiro receberá o Kikito de Cristal.
A programação ainda inclui 34 curtas e outras cinco mostras não competitivas, estendendendo-se até o dia 25 de agosto no Rio Grande do Sul.
Veja abaixo a lista completa dos filmes selecionados para a competição.
LONGAS BRASILEIROS
“10 Segundos Para Vencer” (RJ), de José Alvarenga Jr.
“O Banquete” (SP), de Daniela Thomas
“Benzinho” (RJ), de Gustavo Pizzi
“A Cidade dos Piratas” (RS), de Otto Guerra
“Correndo Atrás” (RJ), de Jeferson De
“Ferrugem” (PR), de Aly Muritiba
“Mormaço” (RJ), de Marina Meliande
“Simonal” (RJ), de Leonardo Domingues
“A Voz do Silêncio” (SP), de André Ristum
LONGAS ESTRANGEIROS
“Averno” (Bolívia/Uruguai), de Marcos Loayza
“Las Herederas” (Paraguai/Brasil/Uruguai/França/Alemanha), de Marcelo Martinessi
“Mi Mundial” (Uruguai/Argentina/Brasil), de Carlos Morelli
“Recreo” (Argentina), de Hernán Guerschuny e Jazmín Stuart
“Violeta al Fin” (Costa Rica/México), de Hilda Hidalgo
CURTAS BRASILEIROS
“À Tona” (DF), de Daniella Cronemberger
“Apenas o Que Você Precisa Saber Sobre Mim” (SC), de Maria Augusta V. Nunes
“Aquarela” (MA), de Thiago Kistenmacker e Al Danuzio
“Catadora de Gente” (RS), de Mirela Kruel
“Estamos Todos Aqui” (SP), de Chico Santos e Rafael Mellim
“Um Filme de Baixo Orçamento” (SP), de Paulo Leierer
“Guaxuma” (PE), de Nara Normande
“Kairo” (SP), de Fabio Rodrigo
“Majur” (MT), de Rafael Irineu
“Minha Mãe, Minha Filha” (SP), de Alexandre Estevanato
“Nova Iorque” (PE), de Leo Tabosa
“Plantae” (RJ), de Guilherme Gehr
“A Retirada Para Um Coração Bruto” (MG), de Marco Antonio Pereira
“Torre” (SP), de Nádia Mangolini
CURTAS GAÚCHOS – PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
“À Sombra” (Canoas), de Felipe Iesbick
“O Abismo” (Sapucaia do Sul), de Lucas Reis
“Antes do Lembrar” (Porto Alegre), de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes
“Coágulo” (São Leopoldo), de Jéssica Gonzatto
“O Comedor de Sementes” (São Leopoldo), de Victoria Farina
“Um Corpo Feminino” (Porto Alegre), de Thais Fernandes
“Entre Sós” (Porto Alegre), de Caetano Salerno
“Fè Mye Talè” (Encantado), de Henrique Both Lahude
“A Formidável Fabriqueta de Sonhos Menina Betina” (Pelotas), de Tiago Ribeiro
“Gasparotto” (Porto Alegre), de Zeca Brito
“Grito” (Santa Maria), de Luiz Alberto Cassol
“Maçãs em Fogo” (Porto Alegre), de Bruno de Oliveira
“Movimento à Margem” (Porto Alegre), de Lícia Arosteguy e Lucas Tergolina
“Mulher Ltda” (Canoas), de Taísa Ennes
“Nós Montanha” (Porto Alegre), de Gabriel Motta
“Pelos Velhos Tempos” (Porto Alegre), de Ulisses da Motta
“Sem Abrigo” (Porto Alegre), de Leonardo Remor
“Subtexto” (Caxias do Sul), de Cristian Beltrán
“Vinil” (Porto Alegre), de Catherine Silveira de Vargas e Valentina Peroni Freire Barata
“O Viúvo” (Porto Alegre), de Luiz Carlos Wolf Chemale