A Netflix vai produzir uma nova versão de um dos maiores clássicos do escritor George Orwell, “A Revolução dos Bichos”.
A obra já rendeu animações e filmes com animais de verdade, mas será a primeira vez que será adaptada com auxílio da tecnologia de captura de movimentos numa animação computadorizada realista. Para tanto, a direção ficou a cargo de um especialista no gênero, o ator Andy Serkis (o César da franquia “Planeta dos Macacos”).
“A Revolução dos Bichos” será o segundo filme dirigido por Serkis com lançamento exclusivo da Netflix. A plataforma adquiriu recentemente “Mogli: O Livro da Selva”, versão de outra obra clássica com bichos dirigida por Serkis, num acordo que tirou o lançamento da Warner dos cinemas para disponibilizá-lo em seu serviço de streaming.
Serkis alimenta a vontade de adaptar “A Revolução dos Bichos” há anos e voltará a trabalhar, nesse projeto, com o diretor dos dois últimos “Planeta dos Macacos”, Matt Reeves, que entrará como produtor na empreitada.
Lançado originalmente em 1945, o livro de Orwell conta a história de dois porcos, Bola-de-Neve e Napoleão, que se rebelam contra os humanos que são donos da fazenda onde vivem e inspiram os demais animais a lutarem por sua independência. Eles constroem uma sociedade utópica baseada na igualdade entre os bichos, mas logo Napoleão se vê consumido pelo poder e distorce a intenção original da revolução, eliminando seus rivais e instituindo um mandamento fundamental: “Todos os animais são criados iguais, mas alguns são mais iguais do que outros”.
Autoproclamado social democrata, Orwell escreveu a fábula como uma crítica ao regime stalinista na então União Soviética, que ele considerava uma “traição” dos princípios da Revolução Russa de 1917.
A crítica de esquerda, claro, foi cooptada pela extrema direita, a ponto de o primeiro desenho de “A Revolução dos Bichos”, lançado em 1954, ter sido financiado pela CIA, a agência secreta americana. Esta versão, feita no auge maniqueísta da Guerra Fria e quatro anos após a morte de Orwell, é a única que muda o final pessimista da história para valorizar a “influência externa” (os EUA) na luta contra os porcos (comunistas).