O ator Henry Cavill teve que se desculpar após a repercussão negativa de uma entrevista polêmica à versão australiana da revista GQ, em que criticou o clima criado pelo movimento contra o assédio sexual #MeToo. Na entrevista, o intérprete do Superman, que volta aos cinemas em duas semanas no elenco de “Missão: Impossível – Efeito Fallout”, chegou a dizer que não flertava mais com mulheres por “ter medo de ser chamado de estuprador”.
Entre alguns dos comentários em que demonstrou insatisfação com as mudanças nas relações sociais entre homens e mulheres, ele assumiu-se “antiquado”, exaltou a “caça” às mulheres e se disse dificuldades para lidar com as exigências femininas atuais.
“As coisas tem que mudar, claro. Mas tem algo maravilhoso sobre um homem caçando uma mulher… Eu acho que uma mulher deve ser paquerada e caçada, mas talvez eu seja antiquado por pensar assim”, afirmou ele. “Mas é muito difícil fazer isso se há algumas regras impostas. Porque então é assim: ‘Bem, eu não quero ir lá e conversar com ela, porque eu vou ser chamado de estuprador ou algo do tipo’. Então você fica tipo ‘Esqueça, eu vou ligar para a minha ex-namorada então, e insistir em um relacionamento que nunca realmente funcionou'”.
Mas nem isso é possível, ele alega. “Agora? Agora você não pode insistir com alguém além do ‘não’. É tipo, ‘ok, tudo bem’. Mas então elas dizem, ‘Ah, por que você desistiu?’. ‘Bem, porque eu não queria ir para a cadeia?'”.
Desde a publicação da revista, o ator vinha sendo altamente criticado nas redes sociais. Um dos tuítes com maior repercussão foi escrito pela ativista contra o assédio sexual Helen Price no Twitter, em uma publicação que teve 42 mil curtidas.
“Isso é absurdo. Se Henry Cavill não quer ser chamado de estuprador, então tudo que ele tem que fazer é… não estuprar ninguém. A ginástica mental que alguns homens estão fazendo para se colocarem na posição de ‘vítimas’ do #MeToo é insana”, ela escreveu.
Com a polêmica pegando fogo, Cavill correu para jogar água, ainda que sem reduzir muito a fumaceira. Em comunicado, ele culpa “liberdades editoriais” pelas citações, supostamente tiradas de seu contexto original.
“Tendo visto a reação a uma reportagem, em especial em relação sobre os meus sentimentos sobre namorar e o movimento #MeToo, e eu gostaria apenas de me desculpar sobre qualquer confusão e mal-entendido que isso possa ter gerado. Ser insensível não era de forma alguma a minha intenção”, escreveu o ator.
“Essa experiência me ensinou uma lição valiosa sobre o contexto e a nuance das liberdades editoriais. Eu espero poder esclarecer a minha posição no futuro em relação a um assunto que é tão importante e que eu apoio de todo o meu coração”, completou.