Morreu Paul De Meo, produtor-roteirista ligado ao universo dos quadrinhos, que adaptou “Rocketeer” e criou a primeira série do herói Flash. Ele tinha 64 anos e faleceu inesperadamente em 26 de fevereiro, mas apenas há poucos dias seu amigo e parceiro de longa data Danny Bilson divulgou a notícia nas redes sociais.
Paul De Meo e Danny Bilson compartilharam praticamente toda a carreira juntos. Seu primeiro trabalho foi o roteiro da cultuada sci-fi de baixo orçamento “Trancers: O Policial do Futuro”, de 1984. O filme foi dirigido pelo lendário produtor Charles Band e ganhou diversas sequências, abrindo as portas para a dupla na produtora do cineasta, a Empire Pictures.
Na Empire, os dois assinaram um punhado de ficções científicas B, como “Patrulheiros do Espaço” (1985), que Bilson dirigiu, “Mandroid, O Exterminador” (1986) e “Arena” (1989). Apesar de derivativas, as produções tinham algumas ideias originais. E o fato de disporem de efeitos visuais razoáveis, diante dos baixos orçamentos da Empire, convenceram a Warner a contratá-los para desenvolver uma série de TV.
Em 1990, Bilson e De Meo criaram “The Flash”. Muito antes da rede CW apresentar Grant Gustin como Barry Allen, a dupla escalou John Wesley Shipp no papel do técnico forense que, após sofrer um bizarro acidente elétrico, transformava-se no homem mais rápido do mundo. A série durou apenas uma temporada, mas é lembrada com saudosismo, a ponto de ser referenciada pela encarnação moderna do herói. Os produtores atuais convidaram Amanda Pays e Mark Hamill a reviver seus personagens dos anos 1990 na nova “The Flash”, mas principalmente Shipp, homenageado em papel duplo, como pai de Barry Allen e como Jay Garrick, o Flash de um universo paralelo.
A experiência da dupla com personagens quadrinhos teve seu auge na adaptação de “Rocketeer” (1991), a versão da Disney para a criação de Dave Stevens, por sua vez inspirada nos antigos seriados de aventura dos anos 1930 – época de sua trama. Mesmo sem as referências às pin-ups da obra original, o filme dirigido por Joe Johnston (que depois fez “Capitão América: O Primeiro Vingador”) tornou-se cultuadíssimo.
Os dois ainda criaram outra série derivada da DC Comics em 1992, “Human Target”, baseada no mestre dos disfarces Alvo Humano. Além disso, emplacaram mais duas criações originais: a sci-fi “Viper” e a série de ação “The Sentinel”, exibidas até 1999.
A partir dos anos 2000, De Meo e Bilson se voltaram à produção de videogames, desenvolvendo vários jogos, incluindo quatro
lançamentos derivados da franquia cinematográfica 007.
Em 2006, a dupla voltou ao Flash, mas em forma de quadrinhos, escrevendo a revista “The Flash: Fastest Man Alive” para DC Comics.
Seu último trabalho em conjunto foi um retorno ao filme que começou a parceria. Em 2013, eles assinaram “Trancers: City of Lost Angels”, um curta que conclui a trama do personagem Jack Deth, vivido por Tim Thomerson, e com direção de Charles Band – após a franquia atingir seis continuações.
Além de roteirista e produtor, De Meo foi professor na USC School of Cinematic Arts.