A Universal congelou os planos do remake de “A Noiva de Frankenstein”. O estúdio tirou o filme de seu calendário de lançamentos e dispensou a equipe que já estava trabalhando na pré-produção, explicando em comunicado que se trata de um adiamento para reconsiderar o projeto.
A situação revela o fiasco do planejamento do chamado Dark Universe (Universo Sombrio) do estúdio. Milhões foram gastos no desenvolvimento de um universo compartilhado entre os monstros clássicos da Universal, e a não realização desses filmes deve gerar mais milhões em multas para os atores que assinaram contrato para as produções, entre eles Javier Bardem (“Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar”), que deveria viver o monstro de Frankenstein no filme arquivado, e até Johnny Depp, que estrelaria “O Homem-Invisível”, agora também invisível no calendário da companhia.
Oficialmente, o congelamento do projeto visa dar tempo para o roteirista David Koepp (o mesmo de “A Múmia”) fazer mudanças no roteiro, além de outras considerações genéricas.
“Após muitas considerações, a Universal Pictures e o diretor Bill Condon decidiram adiar ‘A Noiva de Frankenstein’. Nenhum de nós quer fazer algo apressado para manter uma data de lançamento, quando sabemos que esse filme especial necessita de tempo. Bill já provou seu talento diversas vezes e estamos ansiosos em continuar a trabalhar juntos”, diz a declaração oficial do estúdio.
Estranhamente, um dia antes, Condon dera uma entrevista à revista Forbes em que se dizia “animado” para começar a trabalhar no longa, informando que as filmagens estavam programadas para fevereiro de 2018, visando um lançamento em 14 de fevereiro de 2019.
O estúdio queria Angelina Jolie no papel principal, mas aparentemente não teve sucesso na negociação. A atriz preferiu fazer a continuação de “Malévola” na Disney.
Especula-se que, além da indisponibilidade de Angelina, os planos de “A Noiva de Frankenstein” foram revistos após o desempenho horrível de “A Múmia”. Concebido como o primeiro filme do universo compartilhado, a produção deu um prejuízo estimado em cerca de US$ 95 milhões.
Estrelado por Tom Cruise, “A Múmia” custou US$ 125 milhões apenas para ser produzido, mais um montante de despesas de marketing que, segundo o site Deadline, elevam seu orçamento total para mais de US$ 200 milhões. Entretanto, rendeu apenas US$ 80 milhões na América do Norte. Em todo o mundo, o filme somou US$ 409 milhões.
O diretor de “A Múmia”, Alex Kurtzman, era o arquiteto do projeto do Dark Universe, comandando roteiristas e cineastas para criar filmes com tramas e personagens compartilhados, como a Marvel realiza em suas produções. Ele até encomendou logotipo para o plano vistoso, revelado em vídeo, com direito a contratação de astros de filmes – os mencionados Bardem e Depp –
que posaram para fotos e participaram de eventos para badalar projetos que podem nem ser rodados.
Durante o evento semestral da TCA (Associação dos Críticos de TV dos EUA) em agosto, em que foi falar da série “Star Trek: Discovery”, Kurtzman foi perguntado sobre sua participação nos demais filmes que a Universal estaria planejando, e disse não saber o que vai fazer, nem se ainda continuava à frente do Dark Universe.
Por sinal, o próprio nome Dark Universe é motivo de problemas para a Universal. O site The Hollywood Reporter apurou ter ouvido de uma fonte não identificada da Warner, que o estúdio pretende processar a empresa rival pelo uso do nome, já que se trata de marca registrada. Dark Universe é o título que a Warner pretende dar ao filme da Liga da Justiça Sombria.