Após o diretor Lars von Trier negar ter assediado Björk durante as filmagens de “Dançando no Escuro” (2001) e seu produtor dizer que as vítimas do episódio tinham sido eles, pelos problemas enfrentados com a cantora, ela voltou ao Facebook para dar mais detalhes, listados como tópicos.
Ainda sem nomear o “diretor dinamarquês” que a assediou sexualmente, Björk contou algumas das propostas indecentes que ouviu, descreveu explosões de raiva por se recusar e relatou mais fatos que reforçam se tratar de von Trier – como a entrevista de 2000 à revista Q, em que o cineasta disse que ela teria rasgado e comido pedaços de uma camiseta.
“É extremamente difícil vir a público contar algo dessa natureza, especialmente quando se é imediatamente ridicularizada pelos abusadores”, acrescentou Björk, numa referência direta à entrevista de Trier e o produtor Peter Aalbaek. “Simpatizo plenamente com todos os que hesitam, mesmo durante anos. Mas sinto que é a hora certa, especialmente agora, quando se pode causar uma mudança”, ela escreveu, antes de detalhar o que disse “acreditar se enquadrar como assédio sexual”.
Leia abaixo os tópicos listados por Björk:
“1. Depois de cada take, o diretor corria em minha direção e me envolvia com seus braços por longos períodos, na frente de toda a equipe ou mesmo sozinho, e me acariciou algumas vezes contra a minha vontade.
2. Quando, após dois meses disso, eu disse que ele deveria parar de me tocar, ele explodiu e quebrou uma cadeira na frente de todos no set. Como se ele sempre tivesse tido a permissão de acariciar suas atrizes. Então, todos nós fomos mandados para casa.
3. Durante todo o processo de filmagens, ouvi dele ofertas sexuais sussuradas constantes, assustadoras, paralisantes e não-solicitadas, com descrições gráficas, às vezes de como a mulher dele ficaria de pé ao nosso lado.
4. Enquanto filmávamos na Suécia, ele ameaçava subir da sacada de seu quarto para o meu no meio da noite, com uma clara intenção sexual, enquanto sua mulher estava no quarto ao lado. Eu escapei para o quarto de um amigo. Isso foi o que finalmente me despertou para a severidade da situação e me fez defender meu terreno.
5. Histórias fabricadas na imprensa pelo produtor dele, falando que eu era uma pessoa difícil. Isso combina lindamente os métodos e o bullying de (Harvey) Weinstein. Eu nunca comi uma camiseta. Nem sei se isso é possível.
6. Eu não concordei ou me conformei em ser assediada sexualmente. Isso foi retratado como se eu fosse difícil. Se ser difícil é se recusar a ser tratada dessa maneira, eu aceito (a alcunha)”.