O público do Festival de Toronto consagrou “Three Billboards Outside Ebbing, Missouri” como Melhor Filme da 42ª edição do principal evento cinematográfico canadense.
Terceira comédia de humor negro do inglês Martin McDonagh, o longa foi considerado ainda mais sombrio que “Na Mira do Chefe” (2008) e “Sete Psicopatas e um Shih Tzu” (2012), e superior a ambos na opinião da crítica norte-americana (97% de aprovação no Rotten Tomatoes).
A trama gira em torno de uma mãe (vivida por Frances McDormand, do filme “Fargo”) da pequena cidade de Ebbing, no Missouri, que, inconformada com a incompetência da polícia após o estupro e assassinato da filha, manda erguer cartazes cobrando providências e expondo o xerife local.
Já tinha sido um dos filmes mais comentados do Festival de Veneza, em que venceu o prêmio de Melhor Roteiro. Desta vez, foi o favorito do público, que é quem premia os principais longas de Toronto.
Além de “Three Billboards Outside Ebbing, Missouri”, o público aprovou “I, Tonya”, a cinebiografia da polêmica patinadora Tonya Harding, estrelada por Margot Robbie (“Esquadrão Suicida”), e “Call Me By Your Name”, um romance gay sensível do italiano Luca Guadagnino (“Um Mergulho No Passado”). Foram, respectivamente, o 2º e o 3º filmes mais votados.
Entre os documentários, os favoritos foram o francês “Faces Places” (Visages, Villages), que reúne o fotógrafo/muralista JR e a cineasta Agnès Varda numa viagem/registro pela França rural, seguido por “Long Time Running”, sobre o último show da banda canadense The Tragically Hip, e “Super Size Me 2: Holy Chicken!”, continuação do famoso “Super Size Me: A Dieta do Palhaço” (2004).
Os espectadores também elegeram os melhores filmes da seção paralela mais famosa do festival, Midnight (dedicada a filmes extremos). Geralmente marcada por produções de terror, a Midnight 2017 deu mais espaço para dramas, comédias e thrillers pouco convencionais.
O vencedor foi “Bodied”, de Joseph Khan, o aclamado diretor dos últimos clipes de Taylor Swift. O filme acompanha um estudante branco que resolve fazer uma tese sobre batalhas de rap e se envolve tanto que passa a competir. Em 2º lugar ficou “The Disaster Artist”, de James Franco, sobre os bastidores hilários das filmagens do pior filme de todos os tempos (“The Room”). E o thriller prisional “Brawl in Cell Block 99”, segundo longa de S. Craig Zahler (do ótimo western “Rastro de Maldade”), completou o pódio em 3º lugar.
O festival também tem uma mostra com vencedores determinados por um juri. Mas a seção Plataforma, inaugurada em 2015, possui um perfil menos comercial e voltado para o cinema internacional. O vencedor deste ano foi “Sweet Country”, do cineasta aborígene Warwick Thornton, um western ambientado na Austrália selvagem dos anos 1920. Thornton, que já tinha vencido a Câmera de Ouro em Cannes com sua estreia, “Sansão e Dalila” (2009), também venceu o Prêmio do Juri no recente Festival de Veneza com seu novo filme.
Por fim, o prêmio da crítica (FIPRESCI) foi para “Ava”, da iraniana Sadaf Foroughi, sobre as dificuldades de uma adolescente rebelde na sociedade conformista muçulmana, exibido na mostra Discovery, e “El Autor”, do espanhol Manuel Martín Cuenca, sobre um escritor que detalha um assassinato, sem saber que pode se tornar vítima de sua história.
Geralmente, as obras premiadas em Toronto conquistam indicações ao Oscar. Em alguma oportunidades, até vencem o cobiçado prêmio de Melhor Filme da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos. No ano passado, o vencedor do festival canadense foi “La La Land”, o longa mais premiado do Oscar 2017.