O ator Leonardo DiCaprio precisou devolver um Oscar para a Justiça. Mas não foi o troféu que conquistou por “O Regresso” (2015). Ele entregou a investigadores da FBI um troféu vencido por Marlon Brando, que havia chegado às suas mãos como presente dos produtores do filme “O Lobo de Wall Street” (2013) em reconhecimento ao seu desempenho.
DiCaprio planejava usá-lo em um leilão beneficente de sua fundação, criada em 1998, que apoia uma série de projetos ambientais. Mas a peça acabou integrando a relação de objetos suspeitos de terem sido adquiridos por corrupção com o dinheiro público da Malásia.
A produtora Red Granite, que financiou “O Lobo de Wall Street”, está sofrendo uma devassa, devido a acusações de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Alguns objetos de arte que foram dados a DiCaprio como pagamento pelo filme também foram confiscados.
“O sr. DiCaprio começou a devolver esses itens, que foram recebidos e aceitos por ele com o propósito de serem incluídos em um leilão de caridade anual para beneficiar sua fundação”, disse um comunicado oficial, expedido na quinta-feira (15/6). “Ele também devolveu o Oscar originalmente conquistado por Marlon Brando, que foi entregue ao sr. DiCaprio como um presente conjunto da Red Granite para agradecer por seu trabalho em ‘O Lobo de Wall Street'”, acrescenta o texto.
O motivo da investigação é a suspeita de apropriação ilegal de dinheiro público do governo da Malásia para financiar as produções da Red Granite. O orçamento de US$ 155 milhões de “O Lobo de Wall Street” teria sido desviado de um fundo estatal malaio, denominado 1MDB (1Malaysia Development Berhad). O escândalo de corrupção envolve o enteado do Primeiro Ministro da Malásia, Riza Aziz, que é sócio da Red Granite.
Igualmente financiada pela produtora, a comédia “Debi & Lóide 2” (2014) também está tendo seus gastos e pagamentos fiscalizados.
Os desvios, porém, não se restringem às produções da Red Granite. Com débitos de US$ 11,73 bilhões, a trilha de dinheiro do 1MDB chega à vários bancos internacionais, incluindo, segundo denúncias, a contas de outros parentes do Primeiro Ministro Najib Tun Razak, abertas em paraísos fiscais.