“Gabriel e a Montanha”, único longa-metragem brasileiro selecionado para o Festival de Cannes deste ano, foi exibido neste domingo (21/5), durante a programação da Semana da Crítica, prestigiada mostra paralela do festival. O filme dirigido por Fellipe Barbosa (“Casa Grande”) emocionou o público, que aplaudiu a obra no Espace Miramar, e a crítica internacional, que aplaudiu na internet.
“O filme aborda sua narrativa com um ar de autenticidade inescapavelmente emocionante”, publicou o site Screen Daily.
“Um sucesso brilhante em termos de forma para um filme que não visa resolver todas as questões misteriosas em torno de uma vida e uma morte, mas extrai um perfume de encanto inebriante”, classificou o site Cineuropa.
“Barbosa tem de ser elogiado por querer enfrentar o que é claramente uma produção complexa em sua segunda empreitada cinematográfica, filmando em vários países da África e em locais que nem sempre são facilmente acessíveis e ainda contando parcialmente com um elenco não-profissional. Se nada mais, as imagens… são lindas na tela grande, sugerindo pelo menos uma das razões pelas quais Gabriel embarcou em sua viagem malfadada”, exaltou o site da revista The Hollywood Reporter.
A obra dramatiza os últimos dias de Gabriel Buchmann, jovem economista brasileiro que morreu em 2009, aos 28 anos, durante uma escalada no Malawi. Buchmann, que era amigo de infância do diretor, estava viajando pelo mundo antes de iniciar um programa de doutorado sobre desenvolvimento social. Ao subir o Monte Mulanje, pico mais alto do Malawi com mais de 3 mil metros de altitude, ele se perdeu e acabou morrendo de hipotermia.
A projeção em Cannes contou com a presença de Fátima Buchmann. Mãe do personagem do título, ela assistiu ao longa pela primeira e, emocionada, foi a primeira a abraçar o diretor após o fim da exibição. Nina Buchmann, irmã de Gabriel, João Pedro Zappa – que interpreta o protagonista -, o ator Leonard Siampala e o produtor-executivo da TvZERO Rodrigo Letier também estiveram presentes na sessão.
Gabriel Buchmann viajou para a África com o objetivo de analisar de perto a pobreza e se qualificar para um doutorado na UCLA, nos Estados Unidos. A adaptação cinematográfica foi desenvolvida a partir de anotações, e-mails de Gabriel para a mãe e a namorada e entrevistas com pessoas que cruzaram seu caminho na África. Algumas dessas pessoas trabalham no filme interpretando a si mesmas.
Na viagem, Gabriel também passou por países como Quênia e Tanzânia, sempre preocupado em conhecer as particularidades das comunidades locais, como a tribo dos Massais. Ele gastava entre dois e três dólares por dia e chegou a ajudar amigos que fez nessas regiões, pagando o aluguel mensal da casa de uma família africana com somente 12 dólares.
No filme, Gabriel (João Pedro Zappa) se aventura por outras subidas difíceis, como o Kilimanjaro, ponto mais alto do continente africano. Ele também recebe a visita de sua namorada, Cris (Caroline Abras), que estava na África do Sul participando de um seminário sobre políticas públicas e, juntos, viajaram pela Tanzânia e Zâmbia.
“O significado de uma viagem só pode ser definido após o retorno. Gabriel não teve a oportunidade de retornar. Minha motivação para fazer esse filme foi descobrir o significado da viagem que ficou perdido e compartilhá-lo, que é exatamente o que o Gabriel teria feito”, explicou Fellipe Barbosa, em comunicado para a imprensa.
Este é o segundo longa-metragem de ficção dirigido por Fellipe Barbosa, que esteve à frente do elogiado “Casa Grande”, vencedor do prêmio do público no Festival do Rio e considerado Melhor Filme Brasileiro exibido em 2015 pela Pipoca Moderna.