O pastor Silas Malafaia gravou um vídeo divertido, pedindo um boicote à Disney, motivado pelo primeiro beijo gay exibido em uma animação do estúdio. A cena foi ao ar num episódio do desenho “Star vs. As Forças do Mal”, do Disney Channel. Nela, vários casais se beijam durante um show – entre eles gays, héteros e idosos.
“A safadeza da Disney em querer erotizar e ensinar homossexualismo a crianças chegou em seus desenhos. Vamos dizer não para esses devassos”, escreveu ele no Twitter, abrindo uma série de publicações sobre o assunto.
“A Disney fez a escolha de ensinar homossexualismo para as crianças. A declaração universal de direitos humanos diz que esse ensino é dos pais”, continuou, usando um termo pejorativo para designar a homossexualidade. “Vamos fazer uma grande campanha para os pais não comprarem nenhum produto da Disney. Essa é a resposta para esses que querem destruir a família. Não existe coisa mais covarde e asquerosa do que atingir crianças indefesas”.
O vídeo que defende a disseminação da homofobia na infância destaca que a Disney “resolveu comprar a agenda gay”, novamente chamando o estúdio infantil de “asqueroso, nojento e covarde”. “Peço que todos os pais deixem de comprar produtos da Disney. Tem que doer no bolso dessa cambada”.
O nível só caiu daí em diante. Ao responder um artigo sobre o assunto, do colunista Anselmo Goes do jornal O Globo, o pastor chamou o jornalista de “marica”, seguido por um kkk, demonstrando toda a sua seriedade e educação. E, em tom de pregação, tratou de disseminar o ódio. “Gays, esquerdopatas, devassos, imorais e anarquistas. É uma honra ter essa gente contra”.
De todo modo, a histeria homofóbica já virou piada. Em vez de respostas favoráveis ou protestos contra a intolerância, a maioria dos comentários sobre os tuítes do pastor foram debochados.
“Imagino agora, nesse momento, o pessoal da Disney numa sala, apavorados e discutindo sobre o tal Silas que quer boicote”, ironizou um internauta. “Não acredito que Malafaia causou a falência da Disney”, brincou outro.
No ano passado, a Disney tomou uma posição bastante clara e firme contra a homofobia de políticos e religiosos, ao ameaçar tirar seus negócios do estado da Geórgia, quando uma lei de caráter preconceituoso foi aprovada pelo legislativo estadual. Graças à pressão econômica do maior estúdio de Hollywood, o governador da Geórgia não promulgou a lei.
Para completar, é preciso avisar para o pastor sobre “A Bela e a Fera”, versão com atores do clássico animado de 1991. Já exibido para a imprensa, o final do filme deve merecer outro vídeo de “alerta às famílias e aos pais”.