O Palácio do Planalto informou que o deputado federal Roberto Freire (PPS-SP) será o novo ministro da Cultura, após Marcelo Calero pedir demissão. Presidente nacional do PPS (Partido Popular Socialista), que surgiu do antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro), Freire foi convidado pelo presidente Michel Temer para assumir o cargo na sexta-feira (18/11), após Calero pedir demissão, alegando razões pessoais.
Marcelo Calero entrou no governo em maio deste ano, após Temer assumir interinamente a Presidência da República. Inicialmente, ele foi nomeado secretário nacional de Cultura, órgão que foi vinculado ao ministério da Educação por algumas semanas, mas que voltou a ter autonomia depois da pressão de movimentos de grupos culturais contra a extinção do Ministério da Cultura (MinC).
Na carta de demissão, ele agradeceu a Temer a “honra” de ocupar o cargo e disse que tomou a decisão, de ordem pessoal, em “caráter irrevogável”.
“Durante os últimos seis meses, empreguei o melhor dos meus esforços, apoiado por uma equipe de extrema qualidade para pensar a política cultural brasileira. Saio do Ministério da Cultura com a tranquilidade de quem fez tudo o que era possível fazer, frente os desafios e limitações com os quais me defrontei. E que o fez de maneira correta e proba”, escreveu Calero.
Apesar do tom cordato da carta, Calero saiu do cargo denunciando pressões de um colega do governo Temer, para a aprovação de um empreendimento imobiliário milionário na Bahia, que estava para ser embargado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-ministro acusou Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo, de tê-lo pressionado a produzir um parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais.
Há 50 anos atuando na política brasileira, Roberto Freire lutou pela redemocratização e pela anistia desde os tempos do MDB. Ele já foi candidato a presidente da República (em 1989, pelo PCB), elegeu-se senador (1995-2002), deputado estadual e federal e fundou o PPS em 1992, quando liderou uma dissidência do PCB.
O deputado informou que ainda não conversou com o presidente e que pretende falar também com Calero. Mas o novo ministro começa com uma boa notícia para o setor, que é a disposição de Temer em injetar mais recursos para políticas da área, já tendo anunciado um aumento de 40% no orçamento do Ministério da Cultura para 2017.