Barry Newman, astro de “Corrida contra o Destino”, morre aos 92 anos
O ator Barry Newman, que marcou época dirigindo um Dodge Challenger superpotente através do oeste americano em “Corrida contra o Destino” (The Vanishing Point), faleceu aos 92 anos. Newman morreu em 11 de maio no NewYork-Presbyterian Columbia University Irving Medical Center, conforme relatado neste domingo (4/6) por sua esposa, Angela. Nascido em Boston em 7 de novembro de 1930, Barry Foster Newman começou sua carreira na Broadway, interpretando um músico de jazz na comédia “Nature’s Way”, em 1957. Após várias peças, ele se destacou na TV no papel de um jovem advogado na novela “The Edge of Night”, em meados dos anos 1960. E quase foi também o fim de sua carreira, já que teve um desentendimento com um diretor que causou sua demissão – fazendo seu personagem ser enviado para um sanatório. Ele foi dar a volta por cima no cinema, ao interpretar Tony Pretrocelli, um jovem advogado que se envolve num “Crime Perfeito” em 1970. O filme escrito e dirigido por Sidney J. Furie fez grande sucesso e acabou virando uma série da NBC, “Petrocelli”, que Newman estrelou por duas temporadas, de setembro de 1974 a março de 1976. Após “Crime Perfeito”, Newman desempenhou seu papel mais famoso, como Kowalski, o motorista de “Corrida contra o Destino” (1971). “Isso foi muito único”, disse Newman numa entrevista de 2019. “Eu tinha acabado de fazer este filme sobre um advogado, um graduado em Harvard, e pensei que este é um tipo diferente de coisa. O cara era o rebelde, o anti-herói. Eu gostei muito de fazer isso.” Kowalski era um veterano da Guerra do Vietnã, ex-policial e ex-piloto de corrida que virou motorista de entrega de carros. A história começa quando ele aceita uma aposta para entregar um Dodge Challenger branco de 1970 de Denver, Colorado, em São Francisco, Califórnia, em menos de 15 horas. Embora seja uma missão extremamente difícil, ele acredita ser capaz. Mas após cometer várias infrações de trânsito, passa a ser perseguido pelas autoridades. Ainda assim, consegue tempo para encontrar várias personagens, cada uma das quais representando diferentes aspectos da sociedade da época. Além de ser lembrado por suas cenas de perseguição de carros, o filme de Richard C. Sarafian se tornou famoso por focar os temas culturais da época, como percepções de rebelião e alienação social, com a estrada representando a liberdade e a perseguição policial representando a repressão e o controle social. Esta dimensão era extrapolada com o auxílio da narração de um DJ negro, Super Soul (Cleavon Little), que, ao saber das façanhas de Kowalski, passa a estimular o motorista e o transforma em herói em seu programa de rádio. Mas apesar de ter se tornado cultuadíssimo, o lançamento original do longa não chamou atenção nos EUA. O sucesso começou no exterior, quando sua estreia em Londres ocasionou “filas ao redor do quarteirão com pessoas ansiosas para vê-lo”. “Ele foi relançado nos EUA depois de ser exibido na Europa e as pessoas então começaram a se interessar pelo filme. Ele se tornou um filme cult sem que eu mesmo percebesse. Até hoje, estou sempre sendo solicitado a falar sobre o filme em algum lugar”, contou o ator em 2019. Seu filme seguinte tentou capitalizar a popularidade de “Corrida Contra o Destino” ao escalar Newman num conversível em novas cenas de estrada. Mas “O Medo é a Chave” (1972) passou batido por crítica e público. No mesmo ano, o ator ainda foi um espião em “Missão Confidencial”, antes de se dirigir à TV para estrelar o telefilme “Night Games” (1974), que serviu de piloto para a série “Petrocelli”. Newman seguiu alternando-se entre cinema e TV pelo resto da carreira. Mais recentemente, apareceu em filmes como “Daylight” (1996), estrelado por Sylvester Stallone, “Os Picaretas” (1999), com Steve Martin e Eddie Murphy, “O Segredo do Sucesso” (2001), com Charlie Sheen, e na série “The O.C.”, onde interpretou o Professor Max Bloom. Infelizmente, sua carreira foi interrompida em 2009, quando o ator foi diagnosticado com câncer de cordas vocais. No entanto, ele retornou ao sets em 2022, reunindo-se novamente com o diretor de “Crime Perfeito”, Sidney J. Furie, no filme “Finding Hannah”, que ainda não possui previsão de estreia. Graças a “Corrida contra o Destino”, Newman viverá para sempre na cultura pop. Seu personagem inspirou até uma música da banda Primal Scream, “Kowalski”, lançado no álbum “Vanishing Point” (o título do filme em inglês) em 1997. O longa também foi a inspiração do diretor Edgar Wright para criar “Em Ritmo de Fuga” (2017). E Quentin Tarantino o chamou, no roteiro de “À Prova de Morte” (2007), de “um dos melhores filmes americanos já feitos”. Por sinal, o carro daquele filme tinha a mesma placa do Challenger dirigido por Newman. Veja abaixo o trailer clássico de “Corrida contra o Destino”.
Donald May (1929–2022)
O ator Donald May, que marcou época nas novelas dos EUA entre as décadas de 1960 e 1980, morreu na sexta-feira (28/1) aos 92 anos em sua casa em Kent, Nova York. Sua morte foi anunciada por sua família em uma página do Facebook dedicada à novela “The Edge of Night”. May teve uma carreira estável na TV, que começou em 1956 com um papel de protagonista na série dramática “West Point”. Ele também substituiu o protagonista do western “Colt .45” na 3ª e última temporada da atração em 1959, e participou de episódios de “Hawaiian Eye”, “77 Sunset Strip”, “Surfside 6”, “Cheyenne”, “Combate”, “FBI” e outras. Sua projeção como astro de novelas aconteceu ao ser escalado como o advogado Adam Drake na produção de temática jurídica “The Edge of Night”. May estrelou quase 3 mil episódios da novela, exibidos ao longo de uma década, de 1967 a 1977. E acabou fazendo história na TV ao dizer 22 minutos de diálogos num episódio de 1968. Ele foi o único integrante do elenco a falar no capítulo inteiro, durante uma argumentação diante de um tribunal, defendendo a inocência de uma cantora acusada de assassinato. Apesar do longo discurso, o júri considerou a cliente culpada e a sentenciou a ser enforcada, mas Adam Drake (May) virou detetive para encontrar o verdadeiro assassino, salvando a cantora no último minuto. O ator também estrelou mais de 1,6 mil episódios da novela “Texas”, contracenando com a esposa Carla Borelli durante os anos 1980. Mas a maior parte de sua carreira foi preenchida com participações episódicas em séries do período, como “Ilha da Fantasia”, “Barnaby Jones”, “Vivendo e Aprendendo”, “Os Gatões” e “Falcon Crest”, onde também atuou ao lado da esposa. Além de outras aparições em novelas (“As the World Turns”, “All My Children” e “One Life to Live”), May participou de várias produções teatrais em Nova York e Los Angeles ao longo dos anos. Ele teve dois filhos que seguiram a profissão da família e um deles, Christopher May, pode ser visto atualmente na série “Depois da Festa” (The Afterparty), lançamento da semana passada na Apple TV+.

