Robert Redford, lenda de Hollywood e fundador do Festival de Sundance, morre aos 89 anos
Astro foi ícone do cinema americano, estrela de filmes clássicos, cineasta premiado com o Oscar, produtor de filmes brasileiros e pai do novo cinema independente
Dabney Coleman, ator de “Como Eliminar seu Chefe” e “Tootsie”, morre aos 92 anos
O ator americano era conhecido por interpretar personagens sem escrúpulos em comédias de sucesso
Kurt Luedtke (1939 – 2020)
O jornalista e roteirista Kurt Luedtke, que venceu o Oscar por “Entre Dois Amores” (1985), morreu no domingo (9/8) aos 80 anos, num hospital do Michigan (EUA) após longa batalha contra uma doença não divulgada. Ele ganhou proeminência em 1967, quando ainda era um jovem jornalista e participou da cobertura do quebra-quebra da cidade de Detroit durante os protestos raciais daquele ano. O trabalho realizado com outros colegas do jornal metropolitano Detroit Free Press venceu um Prêmio Pulitzer (o Oscar do jornalismo). Depois de uma experiência como editor, ele anunciou planos de escrever um livro de ficção sobre um tragédia causada por má reportagem jornalística. Um estúdio de Hollywood gostou da premissa e comprou os direitos por US$ 20 mil, com a intenção de contratar um roteirista para fazer a adaptação. Mas Luedtke fez uma contraproposta. Em vez de escrever um livro para alguém adaptar, ele abandonaria os planos de publicação para escrever diretamente a história como um roteiro original. O resultado foi “Ausência de Malícia” (1981), clássico dirigido pelo mestre Sydney Pollack sobre os danos causados por uma repórter durona (Sally Field) ao publicar informação falsa de uma fonte mal-intencionada do governo. Ao acreditar na veracidade da denúncia grave, ela acaba destruindo a vida de um homem inocente (Paul Newman) e levando uma mulher (Melinda Dillon) ao suicídio. O filmão foi indicado a três Oscars, incluindo o de Melhor Roteiro Original, e acabou entrando no currículo das aulas de Jornalismo nos EUA. Ele venceu o Oscar com seu próximo projeto, “Entre Dois Amores” (1985), em que explorou os escritos semiautobiográficos do autor dinamarquês Isak Dinesen sobre seus anos no Quênia. As tentativas anteriores de adaptar obras de Dinesen nunca tinham dado em nada. Mas ao se concentrar num complicado caso de amor do escritor e uma linda piloto de espírito livre, ele encontrou o potencial para um clássico romântico, em que o cenário africano importaria mais pelo impacto visual. Novamente dirigido por Pollack e com Robert Redford e Meryl Streep como protagonistas, “Entre Dois Amores” venceu sete Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado. Apesar desse sucesso, Luedtke só assinou mais um roteiro. “Destinos Cruzados” (1999) era um melodrama romântico baseado num romance de Warren Adler, em que Harrison Ford e Kristin Scott Thomas se conhecem e se envolvem após seus cônjuges infiéis morrerem em um acidente de avião. Foi também sua terceira parceria com Pollack, mas não repetiu o desempenho das obras anteriores. Luedtke ainda esteve envolvido com outros dois filmes famosos, “Rain Man” (1988) e “A Lista de Schindler” (1993), mas acabou substituído sem que seus roteiros fossem utilizados nas filmagens, por não agradar aos diretores responsáveis – respectivamente, Barry Levinson e Steven Spielberg. Para se ter noção, Luedtke não aceitava a visão de que o industrial alemão Oskar Schindler seria um salvador do povo judeu na Alemanha nazista. Em vez disso, ele defendia que Schindler era um aproveitador de guerra, cujo papel no salvamento de mais de mil judeus foi motivado por sua necessidade de mão de obra barata em sua fábrica de esmaltes. Ele lutou por quatro anos para encontrar o altruísmo buscado por Spielberg, sem conseguir. O problema seria seu ceticismo arraigado, disse Spielberg à revista Entertainment Weekly. “Como repórter”, explicou o cineasta, “ele teve alguns conflitos jornalísticos por não acreditar na história”. Steven Zaillian acabou assinando a versão da história de Schindler que Spielberg filmou. E o longa venceu sete Oscars, incluindo Melhor Filme, Diretor e Roteiro. Luedtke ficou só com um Oscar mesmo. Mas não abriu mão de suas convicções.
Wilford Brimley (1934 – 2020)
O ator Wilford Brimley, conhecido pelo drama “Ausência de Malícia” (1981), o thriller “A Firma” (1993) e a clássica sci-fi “Cocoon” (1985), morreu no sábado (1/8) em Utah, EUA, aos 85 anos, após uma doença renal. Seu bigode de morsa e aparência de vovô bonzinho marcaram época, explorados até em comerciais da aveia Quaker e de testes de diabetes. Mas houve um tempo em que Anthony Wilford Brimley foi jovem, lutou na Guerra da Coreia, trabalhou como ferreiro, cavaleiro de rodeio e até guarda-costas do recluso milionário Howard Hughes. Como sabia andar a cavalo, a carreira de ator começou com figurações em séries de cowboy e nos westerns “Bravura Indômita” (1969), com John Wayne, e “Mato em Nome da Lei” (1971), com Burt Lancaster. Já as famosas calma e conversa reta que caracterizaram a maioria de seus papéis começaram a ser conhecidas durante sua participação na lendária série “Os Waltons”, como o vizinho da família do título, Horace Brimley, entre 1974 e 1977. Ele dizia que não era ator, apenas um cowboy que empregaram para aparecer em filmes. Jamais ficaria com a mocinha, nunca apareceria sem camisa ou seria protagonista, mas não se incomodava, porque tinha um autógrafo de Jack Lemmon, e foi para conseguir a assinatura de seu ídolo que entrou num teste para o filme que o transformou, definitivamente, em ator. “Entrei naquela sala para pegar um autógrafo e saí com uma carreira”, ele contou numa entrevista de 1995, sobre como conseguiu o papel do capataz da usina nuclear que se torna confidente do personagem de Jack Lemmon em “Síndrome da China” (1979). Brimley chamou atenção e, na sequência, emplacou participações em dois filmes com Robert Redford, “O Cavaleiro Elétrico” (1979) e “Brubaker” (1980). O papel de fazendeiro em “O Cavaleiro Elétrico” não era muito diferente do que já tinha feito em “Os Waltons”, mas o diretor Sydney Pollack gostou tanto do ator que o escalou em mais dois filmes, mudando o rumo da carreira de Brimley. Até “Ausência de Malícia” (1981), seus papéis eram pequenos. Mas o filme seguinte de Pollack, estrelado por Paul Newman, colocou-o em evidência como o promotor que, ao tentar incriminar o personagem de Newman, dá início a um dominó trágico. Pollack ainda o escalou, mais tarde, como um chefe de segurança sinistro em “A Firma” (1993), com Tom Cruise. Brimley fez poucos filmes de ficção científica, mas o gênero lhe deu bastante projeção. Ele foi um dos cientistas isolados na Antártica no cultuado “O Enigma de Outro Mundo” (The Thing, 1982), de John Carpenter, e um dos velhinhos de um asilo que se sente rejuvenescido ao entrar em contato com a energia alienígena de “Cocoon” (1985), de Ron Howard. Era o início – e o auge – de sua carreira, e ele já interpretava papéis da Terceira Idade. Nesta época, Brimley atuou em mais um drama com Robert Redford, “Um Homem Fora de Série” (1984), em que teve outro desempenho marcante. Ele também integrou o elenco de “Minha Terra, Minha Vida” (1984), “Um Hotel Muito Louco” (1984) e “A Força do Carinho” (1983), que rendeu o Oscar para Robert Duvall, e estrelou uma série de 1986 a 1988, “Our House”, como um viúvo aposentado que, após a morte de seu filho, acolhe sua nora (Deidre Hall) e os três netos (a neta mais velha era interpretada por Shannen Doherty). Depois disso, vieram a continuação “Cocoon: O Retorno” (1988), “A Firma” (1993), “O Alvo” (1993), com Jean-Claude Van Damme, e um reencontro com Jack Lemmon na comédia “Meus Queridos Presidentes” (1996). Mas, apesar de se manter ativo, após viver um vovô no filme da Disney “Um Verão Inesquecível” (1998) suas aparições se tornaram mais esparsas e menos importantes, e ele próprio acabou se cansando de Hollywood, usando suas economias para comprar um rancho e levar uma vida simples com sua segunda esposa Beverly, que ele conheceu no set de “Laços de Ternura”, além de aproveitar para tocar jazz com os amigos. Entre seus últimos filmes estão a comédia “Cadê os Morgan?” (2009), como dono do único restaurante da cidadezinha da trama, e o drama religioso “Eu Acredito” (2017), no qual viveu um pastor. Sua morte foi lamentada por vários artistas. O diretor John Carpenter, que o comandou em “O Enigma do Outro Mundo”, o descreveu como alguém 100% “de verdade: um verdadeiro cowboy, um grande ator, um homem maravilhoso”. “Vou sentir muito sua falta, Will”, escreveu o cineasta no Twitter. Jean-Claude Van Damme lembrou-o como um grande “tio” em “O Alvo”. E a atriz Barbara Hershey, colega do ator em “Um Homem Fora de Série”, acrescentou: “Wilford Brimley era um homem e ator maravilhoso, e tive grande prazer em trabalhar com ele. Ele sempre me fazia rir”.
Amazing Grace: Lendário filme “perdido” de Aretha Franklin chega em VOD no Brasil
O lendário filme “perdido” de Aretha Franklin (1942–2018), o documentário “Amazing Grace”, chegou nesta quinta-feira (8/4) aos serviços de VOD do Brasil. “Amazing Grace” foi filmado em 1972 pelo famoso cineasta Sydney Pollack (1934–2008), responsável por clássicos de Hollywood como “A Noite dos Desesperados” (1969), “Mais Forte que a Vingança” (1972), “Três Dias do Condor” (1975), “Tootsie” (1982), “Entre Dois Amores” (1985) etc, e registra a célebre gravação do disco homônimo, que se tornou o maior campeão de vendas da história da música gospel. Pollack levou uma grande equipe de filmagens para registrar o show da cantora na Igreja Batista New Missionary, no bairro pobre de Watts, em Los Angeles, flagrando o fervor do público diante de uma Aretha divina, no auge de seu talento, aos 29 anos de idade. Mas, apesar de ser o mesmo show que virou o disco “Amazing Grace”, o filme não foi lançado, permanecendo no limbo por 46 anos, a ponto de ser considerado “perdido”, arquivado em lugar desconhecido, devido a uma série de problemas legais e técnicos. A falta de lançamento foi consequência de uma opção equivocada do diretor, que não fez captação direta de som, nem usou claquetes ou marcações nas imagens para ajudar na sincronia em pós-produção, o que tornou a edição sonora impossível de ser realizada na época. Pollack chegou a contratar leitores labiais para ajudar a encaixar as falas com as imagens, e trabalhou com editores especialistas, sem obter sucesso. A decepção fez o filme ficar abandonado por quatro décadas até que Alan Elliott, ex-produtor da Atlantic, redescobriu o material e, com uso de novas tecnologias digitais, começou um lento processo de juntar o som às cenas e finalmente editar o filme a partir das imagens brutas. Renascido, o filme teve sua primeira exibição pública logo após a morte de Aretha em 2018, durante o Festival AFI, em Los Angeles, e a reação de pública e crítica foi arrebatadora. “Amazing Grace” atingiu 99% de aprovação no site Rotten Tomatoes, com elogios unânimes dos críticos norte-americanos. A produção agora pode ser vista no Brasil por meio das plataformas Apple TV (iTunes), Now, Google Play, YouTube, Vivo Play e Sky Play. Veja abaixo o trailer do filme original.
Documentário “perdido” de Aretha Franklin filmado por Sydney Pollack há 46 anos ganha primeiro trailer
O falecimento de Aretha Franklin em agosto passado continua inspirando uma série de homenagens e projetos. E entre as produções, surge agora o primeiro trailer de um documentário inédito, mas lendário. “Amazing Grace” foi filmado em 1972 pelo famoso cineasta Sydney Pollack (1934–2008), responsável por clássicos de Hollywood como “A Noite dos Desesperados” (1969), “Mais Forte que a Vingança” (1972), “Três Dias do Condor” (1975), “Tootsie” (1982), “Entre Dois Amores” (1985) e muitos outros. O filme registra a célebre gravação do disco homônimo, que se tornou o maior campeão de vendas da história da música gospel. Pollack levou uma equipe de filmagens para registrar o show da cantora na Igreja Batista New Missionary, em Los Angeles, flagrando o fervor do público diante de uma Aretha divina, no auge de seu talento, aos 29 anos de idade. É o mesmo show que virou o disco “Amazing Grace”. Mas o filme não refletiu o êxito do lançamento musical, ficando no limbo por 46 anos, a ponto de ser considerado “perdido”, arquivado em lugar desconhecido, devido a uma série de problemas legais e técnicos. Redescoberto, teve sua primeira exibição pública na semana passada, durante o Festival AFI, em Los Angeles, e a reação de pública e crítica foi arrebatadora. A produção agora terá lançamento limitado, a partir da próxima sexta (23/11) na Califórnia, para se qualificar e buscar um indicação ao Oscar. Caso consiga, seria a oitava e primeira póstuma de Pollack, que venceu os Oscars de Melhor Filme e Melhor Direção por “Entre Dois Amores”.




