365 Dias: Polêmico filme erótico da Netflix terá duas sequências
O polêmico hit da Netflix “365 Dias” vai ganhar não uma, mas duas sequências. O site Deadline apurou que os produtores estão filmando as partes 2 e 3 ao mesmo tempo. Com isso, o “Cinquenta Tons de Cinza” polonês também completará uma trilogia de filmes como sua inspiração original. “365 Dias” se tornou um grande sucesso em streaming por suas cenas de alta temperatura sexual. Mas o softcore da Netflix também foi considerado um lixo por glamourizar o abuso sexual. Embora as redes sociais tenham recomendado com elogios, o filme conseguiu a façanha de atingir a impressionante aprovação de 0% (zero!) no Rotten Tomatoes. Para completar, ainda foi indicado a várias categorias do Framboesa de Ouro, o prêmio para as piores obras do ano, e venceu a estatueta de Pior Roteiro. As similaridades com “Cinquenta Tons de Cinza” incluem o tom sadomasoquista, excesso de cenas eróticas e até a inclusão de um baile de máscaras. Mas tem um detalhe que torna todos os closes descamisados do protagonista repulsivos: o relacionamento do casal central não é consentido. “365 Dias” mostra como um homem rapta e mantém uma mulher em cativeiro pelo tempo de seu título, como o objetivo de forçá-la a se apaixonar por ele. A cantora Duffy, que sofreu situação parecida, chegou a escrever uma carta para a Netflix pedindo que o filme fosse retirado do streaming. Não só não foi ouvida como a plataforma fará mais filmes para mostrar um pouco mais do romance entre abusador e vítima. Os atores principais do primeiro filme, Michele Morrone e Anna-Maria Sieklucka, voltarão para as continuações, que ainda contarão com o modelo e sex symbol italiano Simone Susinna como principal novidade do elenco. Na trama, Laura (Sieklucka) e Massimo (Morrone) voltarão a se encontrar, mas como em qualquer melodrama, o revival é complicado por problemas familiares dele e pela chegada de um novo homem na vida dela. As continuações serão baseadas na trilogia de livros escrita por Blanka Lipinska, que novamente se juntará aos diretores originais, Barbara Bialowas e Tomasz Mandes, para escrever as adaptações – não está claro se a meta é triplicar as Framboesas de Ouro.
Duffy critica Netflix por promover a violência sexual de 365 Dias
A cantora britânica Duffy teria decidido protestar publicamente contra a publicidade elogiosa em torno do longa polonês “365 Dias”, que é apresentado como um novo “Cinquenta Tons de Cinza” na Netflix. Em fevereiro, ela revelou ter sido sequestrada, drogada, mantido em cativeiro e estuprada por um período longo e não detalhado, dizendo que isso a fez abandonar sua arte e sumir por um tempo. “365 Dias” mostra, justamente, um homem raptando e mantendo uma mulher em cativeiro pelo tempo de seu título, como o objetivo de forçá-la a se apaixonar por ele. O filme foi lançado na Polônia em 7 de fevereiro e entrou no catálogo da Netflix em 8 de junho. Duffy não usa redes sociais e teria se manifestado por meio de uma carta aberta, endereçada ao CEO da Netflix, Reed Hastings. Uma cópia da carta foi fotografada pelo jornal britânico The Sun (veja a reprodução abaixo). Nela, Duffy chama a decisão de disponibilizar o filme de “irresponsável”. “Não queria ter que escrever para você, mas a ‘virtude’ do meu sofrimento me obriga a fazê-lo”, diz a cantora, fazendo referência ao que passou enquanto foi mantida em cativeiro. “‘365 Dias’ glamoriza a realidade brutal do tráfico sexual, do sequestro e do estupro. Não deveria ser a ideia de entretenimento para ninguém, nem ser descrito como tal ou comercializado desta maneira. Enquanto escrevo essas palavras, cerca de 25 milhões de pessoas são vítimas de tráfico [sexual] em todo o mundo. Por favor, tire um momento para pensar neste número, equivalente a quase metade da população da Inglaterra.” Duffy também lamentou que a Netflix ofereça uma plataforma para esse tipo de filme, que erotiza o sequestro e distorce a violência sexual, transformando-a em algo “sexy”, e disse não conseguir imaginar como a empresa pode ter sido tão descuidada e insensível. “Todos sabemos”, continuou, “que a Netflix não reproduziria um material que glamorizasse pedofilia, racismo, homofobia, genocídio ou qualquer outro crime contra a humanidade. O mundo corretamente se levantaria e gritaria. Tragicamente, as vítimas de tráfico e sequestro são invisíveis e, em ‘365 Anos’, seu sofrimento é transformado em um ‘drama erótico’, como descreve a Netflix.” A cantora também se dirigiu aos autodeclarados fãs do filme, incentivando as milhões de pessoas que gostaram de “365 Anos” a refletir sobre sequestro, tráfico e exploração sexual. Duffy ainda compartilhou links com mais informações sobre o tema e indicou entidades como a Coalition Against Trafficking in Women e Hope for Justice, que enfrentam a situação. “Vocês não se deram conta de como ‘365 Anos’ levou sofrimento àqueles que passaram pela dor e o horror que esse filme glamoriza pelo entretenimento e por dólares. O que eu e outros que conhecemos essas injustiças precisamos é exatamente o oposto — uma narrativa da verdade, da esperança e que nos dê voz.”
365 Dias: Softcore polêmico da Netflix divide assinantes
Novo lançamento da Netflix, o softcore polonês “365 Dias” dividiu os assinantes da plataforma entre opiniões que vão do “adorei” ao “odiei com todas as forças”. A história parece agradar fãs de “Cinquenta Tons de Cinza” pelas similaridades, que incluem tom sadomasoquista, excesso de cenas eróticas e até a inclusão de um baile de máscaras. Mas tem um detalhe que torna todos os closes descamisados do protagonista repulsivos: o relacionamento do casal central não é consentido. Além disso, quem achou “Cinquenta Tons de Cinza” medíocre – afinal, foi indicado ao Framboesa de Ouro de pior filme – , teve ainda menos consideração pela obra, assinada por Tomasz Mandes e Barbara Bialowas, que segue narrativamente o tom de romance erótico trash. A trama acompanha Massimo (Michele Morrone), membro da máfia siciliana, que rapta Laura (Anna Maria Sieklucka), uma diretora de vendas, e a força a se apaixonar por ele (que se acha o Máximo) ao longo dos 365 dias do título. “Acabei de assistir ‘365 Dias’ e enquanto as cenas de sexo eram ótimas, a história em si romantiza apenas o sequestro e um relacionamento abusivo. Você basicamente assiste uma garota com síndrome de Estocolmo”, escreveu uma usuária americana no Twitter. “Há uma enorme diferença entre fantasia e realidade. Se você é um cara, por favor, não se inspire [no filme]. Nenhuma garota quer ser sequestrada e obrigada a se apaixonar”, alertou outra. Mas teve muita gente que só prestou atenção nas cenas de sexo, ignorando o contexto. “Me lembrou de ‘Cinquenta Tons de Cinza”, mas muito mais explícito”, sugeriu uma fã, acrescentando: “Vá ver”. “Eu fiz minha própria conta da Netflix apenas para assistir ‘365 Dias’ sem minha família saber”, acrescentou outra. “É praticamente sexo na Netflix”, descreveu uma ainda mais entusiasmada. Curiosamente, a maioria dos comentários são de mulheres. “Assisti ‘365 Dias’ por causa do ruído que ele criou. Posso dizer que o filme está sendo muito superestimado? Só consegui sentir vergonha com os diálogos, o enredo previsível e as reviravoltas irreais”, afirmou um dos poucos homens a se manifestar nas redes sociais. O filme não teve resenhas suficientes no Rotten Tomatoes, mas a única crítica compartilhada é negativa. Já o IMDb reúne 179 comentários de espectadores, a maioria negativos, que resultam numa nota extremamente baixa: 3,8 (numa escala até 10). Veja abaixo o trailer original polonês, que já permite perceber se “365 Dias” é um novo “De Olhos Bem Fechados” ou o próximo Framboesa de Ouro.
David Hamilton (1933 – 2016)
Morreu David Hamilton, fotógrafo e cineasta inglês que se especializou em softcore e fotos de ninfetas nuas e, por conta disso, envolveu-se em muitas polêmicas. Indícios apontam que ele teria cometido suicídio em sua casa, em Paris, aos 83 anos. A polícia foi chamada por vizinhos, encontrando-o caído, ao lado de frascos de comprimidos. Em outubro passado, a apresentadora de televisão francesa Flavie Flament identificou-o como o fotógrafo mencionado em seu livro de memórias como estuprador. “O homem que me violentou quando eu tinha 13 anos é David Hamilton”, ela declarou em uma entrevista. A revelação deu início a uma avalanche de acusações por outras mulheres que tinham servido de modelo para o fotógrafo. Radicado em Paris desde os anos 1950, Hamilton foi designer gráfico da revista de moda Elle antes de mostrar interesse pela fotografia. A princípio um hobby, suas imagens, marcadas por grande granulação, logo chamaram a atenção de diversas publicações especializadas em fotografia artística. Vieram convites de galerias, editoras de livros de arte, e em pouco tempo ele se tornou célebre, um dos fotógrafos mais influentes dos anos 1960 e 1970. O detalhe é que ele tinha apenas um tema: garotas adolescentes. Que fotografava cada vez mais despidas. Usando filtros para criar atmosfera enevoada e luz natural para evocar a natureza, Hamilton mesclou sensualidade e onirismo num estilo marcante, que era chamado de “soft focus”, ficou conhecido como “Hamilton blur” e virou sinônimo de “fotografia de ninfetas”. Apesar de renderem exposições em galerias de prestígio, as fotografias de Hamilton foram banidas em vários países, nos quais seus livros foram taxados como pornografia infantil, figurando proeminentemente no debate sobre se pornografia poderia ser considerada arte. Com vários trabalhos publicados até no Brasil, Hamilton nunca fez fotos explícitas. Sua preferência era o erotismo, com mais alusões e fantasias que situações claras de sexo. A idade das modelos é que tornava o material controverso. Hamilton assumiu que se inspirava em “Lolita”, de Vladimir Nabokov, dizendo que compartilhava a “obsessão pela pureza” do escritor, e que sua arte buscava evocar “a candura de um paraíso perdido”. Com a revisão de sua obra, sob o olhar contemporâneo, esta candura tem parecido mais claramente uma perversão. Em 1977, ele filmou “Bilitis”, que levou a fotografia soft focus e suas ninfetas para o cinema. A trama acompanhava a personagem-título, uma colegial adolescente (Patti D’Arbanville, vista mais recentemente na série “Rescue Me”) que passava o verão com um casal em crise e desenvolvia uma paixão lésbica pela esposa, ao mesmo tempo em que provocava um adolescente local. Filmado na era de ouro do cinema erótico, “Bilitis” foi alçado à condição de cult pela fotografia impressionista e escapou de maior polêmica graças à idade real de sua atriz principal, 23 anos na época. Ironicamente, apenas um ano mais jovem que a intérprete da esposa, a modelo Mona Kristensen, com quem Hamilton acabou casando. A situação se tornou diferente em seu filme seguinte, “Laura, les Ombres de l’Été” (1979), que lançou a jovem Dawn Dunlap (“Rainha Guerreira”) com apenas 16 anos. De temática fetichista, a trama acompanhava um escultor que reencontra um antigo grande amor, apenas para ficar impressionado com sua filha adolescente. A jovem Laura também sente uma atração, mas a mãe (Maud Adams, de “007 Contra o Homem da Pistola de Ouro”) proíbe que os dois tenham qualquer contato. Quando o artista insiste em fazer uma escultura, ela só aceita que use como modelo fotos da menina. E é a deixa para a fotografia de Hamilton entrar em cena, explorando a “inocência sensual” de adolescentes vestidas em roupas de balé. O problema é que a estrelinha, fotografada completamente nua para o filme, era de fato menor de idade. E isso gerou muita polêmica na época, a ponto de “Laura” ser proibido ao redor do mundo, inclusive nos EUA, onde só chegou direto em vídeo na década de 1980. Por outro lado, nos países em que foi exibido, como França e Austrália, nem sequer recebeu censura máxima, atestando o caráter “suave” de seu erotismo. Aumentando o risco a cada filme, Hamilton lançou seu longa mais polêmico em 1980. “Tendres Cousines” era uma história de sexo adolescente, em que um jovem de 15 anos se apaixona pela prima. A alemã Anja Schüte tinha 16 anos quando encenou, nua, as cenas de sexo que culminam a trama. Mas o filme também continha diversas cenas sensuais de Valérie Dumas, ainda mais jovem, que interpretava sua irmã mais nova. Acabou banido em ainda mais países. Com “Un Été à Saint-Tropez” (1983), ele finalmente dispensou os garotos e as desculpas para se concentrar apenas nas ninfetas, filmando sete adolescentes que dividiam a mesma casa no litoral de Saint-Tropez. Durante dois dias, elas tinham suas rotinas enquadradas pelas câmeras: acordar, vestir-se, ir à praia, andar de bicicleta, colher flores, brigar com travesseiros, praticar balé, lavar-se umas às outras e rir muito, como felizes objetos sexuais. Não há quase diálogos, de modo que é praticamente um livro de fotos com movimentos. No mesmo ano, ele lançou seu último filme, que se diferenciou por apresentar foco normal, pela primeira e única vez em sua filmografia. Em “Primeiros Desejos” (1983), três garotas naufragam em diferentes partes de uma ilha e acabam transando com um homem, um adolescente e outra garota. Uma delas era Anja Schüte, então com 19 anos. Embora mais velhas, as jovens eram retratadas como sendo adolescentes, e isso incluía depilação completa. O advento da pornografia em vídeo acabou com o erotismo suave da geração de Hamilton. Mas ele continuou com fama de maldito, graças à contínua publicação de seus livros de fotografia. Em 2010, um homem foi condenado como pedófilo na Inglaterra por ter quatro livros do fotógrafo em sua biblioteca. O caso chamou atenção da mídia e levou à sua absolvição um ano depois, mas ajudou a lembrar o quanto o trabalho de Hamilton era polêmico. Poucos imaginavam, na época, que ele poderia ter feito mais do que apenas fotografar menores em situações impróprias. Ele jurava nunca ter feito nada além de fotografar as meninas. Chegou a soltar uma nota, após as acusações de Flament, dizendo que clicou inúmeras modelos e nunca nenhuma chegou sequer a reclamar de falta de respeito. Lembrou, ainda, jamais ter sofrido nenhum processo por seu trabalho. E que acusações do tipo só visavam sensacionalismo barato. “Claramente, a linchadora busca seus 15 minutos de fama para promover seu livro”, escreveu, apontando o que estaria por trás disso vir à tona apenas agora, 20 anos após tê-la fotografado, e lamentando o que isso poderia lhe custar, pelo tipo de obra que transformou em sua vida. Poucas horas após sua morte ser noticiada, Flament também emitiu um comunicado. Seco e brutal. “Acabei de saber da morte de David Hamilton, o homem que me estuprou quando eu tinha 13 anos. O homem que estuprou numerosas jovens, algumas dos quais vieram denunciá-lo com coragem e emoção nestas últimas semanas. Estou pensando nelas, na injustiça que nós estávamos tentando enfrentar juntas. Por sua covardia, ele nos condenou mais uma vez ao silêncio e à incapacidade de vê-lo ser condenado. O horror deste ato nunca vai acabar com o horror das nossas noites sem dormir.” Intitulado “A Consolação”, o livro de Flavie Flament tem como ilustração de capa uma foto de David Hamilton.


