Quênia proíbe filme de temática LGBTQIAP+: “Afronta à cultura”
O Quênia proibiu a exibição do documentário “I Am Samuel”, que retrata a história de um casal gay. Segundo o governo do país africano, a produção representa uma “afronta à cultura e identidade” do país. Dirigido por Peter Murimi, o filme foi exibido no ano passado nos EUA, durante o Festival de Atlanta, ocasião em que arrancou aplausos da imprensa americana e atingiu 90% de aprovação na média computada pelo portal Rotten Tomatoes. Em contraste com as qualidades vistas pelos críticos dos EUA, o KFCB, Conselho de Classificação de Filmes do Quênia, afirma que o filme é uma blasfêmia e não poderia existir. Em sua avaliação, a entidade reguladora afirmou que o documentário busca propagar “valores que estão em dissonância com nossa constituição, valores culturais e normas”. “Pior ainda, a produção está rebaixando o cristianismo, já que dois gays no filme pretendem conduzir um casamento religioso invocando o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, acrescentou o relato do chefe do KFCB, Christopher Wambua. “I Am Samuel” é o segundo filme LGBTQIA+ proibido no país. O primeiro veto aconteceu com “Rafiki” (2018), que retratava uma história de amor entre duas mulheres e se tornou o primeiro filme queniano exibido no Festival de Cannes. Na ocasião, o Conselho pediu à diretor Wanuri Kahiu para mudar o final, pois foi considerado problemático ao trazer um cenário muito esperançoso e positivo. Kahiu recusou, o que levou à proibição do filme “devido ao seu tema homossexual e clara intenção de promover o lesbianismo no Quênia, contrariando a lei”. O Quênia integra uma lista de países ultraconservadores que ainda têm leis que criminalizam a homossexualidade. Confira abaixo o trailer britânico de “I Am Samuel”.
Rafiki mostra amor proibido em país que reprime LGBTQs
Kena (Samantha Mugatsia) e Ziki (Sheila Munyiva) se sentem atraídas uma pela outra e se tornam as “amigas” do título original de “Rafiki”, primeiro e premiado longa da cineasta queniana Wanuri Kahiu. As protagonistas são filhas de dois políticos locais, de uma região de Nairobi, no Quênia, que estão em disputa na eleição municipal com posicionamentos políticos diferentes. Só por isso, já não seria muito adequada essa aproximação. Fica mais complicada a situação, considerando-se que, apesar de o casamento gay entrar nas cogitações políticas, no Quênia a homossexualidade é ilegal e pode ser penalizada com prisão. Além disso, é fortemente rejeitada e hostilizada pela religião. Não há garantia dos direitos dos LGBTs. Tudo isso faz com que o amor entre Kena e Ziki, que se dá de forma quase instantânea – amor à primeira vista? – se torne um drama, impedindo que elas possam experimentar um envolvimento amoroso que escapa dos padrões e expectativas dessa sociedade muito conservadora. “Rafiki” trabalha essas questões com sutileza, numa produção bem cuidada, e escorando-se no admirável talento da jovem atriz Samantha Mugatsia, que conquista desde os primeiros planos do filme. Sua parceira explora mais a aparência e a feminilidade, mas não tem o mesmo carisma. O resultado geral é muito bom. O filme da diretora Wanuri Kahiu merece ser conhecido e apreciado. Não precisa nem dizer que a exibição de “Rafiki”, que tem coprodução da África do Sul e França e foi bem recebida nos festivais internacionais de cinema, teve sua exibição proibida no Quênia, por supostamente promover o lesbianismo. Em pleno século 21, há países e governos que querem impedir que a diversidade humana exista. Mostrá-la se confunde com propagá-la. Temos muito ainda para evoluir, até que o mundo como um todo possa ser um lugar habitável para todos os humanos.
Estreias: Simonal e circuito limitado salvam a semana de horrores americanos
A programação de cinema desta quinta (8/8) traz nada menos que 15 estreias, e três delas são simultâneas com os Estados Unidos. A mais ampla é um filme de cachorro, que simbolicamente se tornou o primeiro título da Fox distribuído pela Disney no Brasil. “Meu Amigo Enzo” segue uma fórmula sentimental manipuladora capaz de deixar “Marley e Eu” parecendo uma comédia, embora o cachorro tenha a voz de Kevin Costner e ensine lições de vida. Críticos fãs de cachorros deram 55% de aprovação no Rotten Tomatoes. Os outros dois títulos americanos tiveram maior exposição de marketing, mas pouco tempo de repercussão crítica. O embargo às resenhas do terror “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” durou até esta quinta. Isso geralmente acontece quando o estúdio acha o filme assustador. De ruim. Mas não é o caso, já que abriu com 90% de aprovação, antes de descer para 81%. Apesar de todos os clichês, ainda é uma produção de Guilllermo Del Toro (“A Forma da Água”). O cineasta vencedor do Oscar também assina a história, mas a direção é do norueguês André Øvredal, e essa divisão de tarefas afetou um pouco a identidade da obra, que resultou mais genérica que o esperado. Já o embargo de “Rainhas do Crime” acabou na quarta, e isso deu tempo suficiente para a constatação do desastre: 18% de aprovação. É a pior nota já recebida por um filme (de cinema) estrelado pela atriz Melissa McCarthy. Ambos foram comparados a versões de sucessos recentes, respectivamente “It – A Coisa” e “As Viúvas”. Assim, o brasileiro “Simonal”, cinebiografia do cantor Wilson Simonal, acaba sendo uma opção razoável entre os lançamentos do circuito (relativamente) amplo. Mesmo com simplicidade narrativa, venceu três prêmios no Festival de Gramado do ano passado e descreve muito bem a ambiguidade política brasileira, ao lembrar como a esquerda perseguiu o artista negro mais bem-sucedido do país. As opções são melhores no circuito limitado, em que se destaca o suspense argentino “Vermelho Sol”. Passado nos anos 1970, a trama noir acompanha um advogado respeitado de cidade pequena, que é insultado e perseguido por um estranho, recém-chegado com desejo de vingança. O confronto leva a uma fatalidade, mas melhor que a investigação que se segue é a crítica ao espírito humano diante da corrupção. A imprensa americana considerou o longa, uma coprodução brasileira dirigida por Benjamín Naishtat (“Bem Perto de Buenos Aires”), nada menos que uma obra-prima com 100% de aprovação no Rotten Tomatoes. Igualmente incensado, o drama israelense “Não Mexa com Ela” atingiu 97% com uma trama sob medida para os tempos de empoderamento feminino e movimento #MeToo, ao seguir uma funcionária em ascensão numa grande empresa que, enquanto busca equilibrar o trabalho intenso com as tarefas de mãe de família, sofre assédio do patrão. A autenticidade com que o drama se desenrola é uma verdadeira História Assustadora para Contar no Escuro do cinema. A seção de temas polêmicos também inclui “Rafiki”, primeiro filme de temática LGBTQIA+ realizado no Quênia, sobre duas garotas impedidas de assumir sua paixão por sua comunidade que não aceita a homossexualidade. Tem 94% no Rotten Tomatoes, mas a verdade é que a boa vontade em relação ao tema pesa muito nesta nota positiva. Quem preferir uma opção mais singela, a dica é o indiano “Retrato do Amor”, que conta uma história típica de comédias românticas, em que desconhecidos fingem namoro para agradar parente doente e acabam se apaixonando. O curioso é que, mesmo com essa história de Sessão da Tarde, o diretor Ritesh Batra evita todos os clichês hollywoodianos. Ele já tinha se mostrado mestre no gênero com o premiado “Lunchbox” (2013) e este é mais um acerto. 79% no Rotten Tomatoes Há outras opções fora dessa curadoria. Confira abaixo a lista completa das estreias da semana com suas sinopses e trailers. Simonal | Brasil | Biografia Musical Dono de voz marcante, carisma encantador e charme irresistível, Wilson Simonal (Fabrício Boliveira) nasceu para ser uma das maiores vozes de todos os tempos da música brasileira. No entanto, após anos de sucesso conquistado com muito trabalho, suas finanças descontroladas o levam a, num rompante de ignorância, tomar decisões que marcarão para sempre sua carreira. Histórias Assustadoras para Contar no Escuro | EUA | Terror A cidade de Mill Valley é assombrada há décadas pelos mistérios envolvendo o casarão da família Bellows. Em 1968, a jovem Sarah (Kathleen Pollard), uma garota problemática que mantinha um relacionamento ruim com os pais, foi ao porão para escrever um livro repleto de histórias macabras. Décadas mais tarde, um grupo de adolescentes descobre o livro e passa a investigar o passado de Sarah. No entanto, as histórias do livro começam a se tornar reais. Rainhas do Crime | EUA | Drama Criminal Nova York, janeiro de 1978. Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) são casadas com mafiosos irlandeses, que comandam os negócios em Hell’s Kitchen. Quando eles são presos pela polícia, o trio fica a mercê de Little Jackie, novo chefão local, que se recusa a lhes dar o dinheiro necessário para seu sustento. Com isso, Kathy, Ruby e Claire decidem unir forças para criar sua própria “família”, oferecendo apoio e proteção a pequenos comerciantes locais. Com o tempo, o poder das mulheres cresce ao ponto não só de incomodar Little Jackie, mas também chamar a atenção da máfia italiana. Meu Amigo Enzo | EUA | Drama Denny Swift (Milo Ventimiglia) é um piloto de corridas arrojado com um talento especial para dirigir sob chuva. Um dia, ao ir para o trabalho, encontra um filhote de cachorro que decide adotar. Ele ganha o nome de Enzo, em homenagem ao criador da Ferrari, e passa a acompanhá-lo em todos os lugares, ganhando um apreço especial pela adrenalina das corridas, seja ao assisti-las ao vivo ou pela televisão. Com o passar dos anos, a amizade entre Denny e Enzo sofre profundas mudanças quando o piloto conhece, e se apaixona, por Eve (Amanda Seyfried). Vermelho Sol | Argentina, Brasil, França | Suspense Claudio é um advogado de meia idade que vive uma vida calma e confortável com sua esposa em uma pequena cidade da Argentina da década de 1970. Quando um detetive particular aparece na sua cidade determinado em localizar um estranho com quem ele brigou meses atrás em um restaurante, seu mundo é virado de cabeça para baixo. Não Mexa com Ela | Israel | Drama Orna (Liron Ben Shlush) é mãe de três filhos pequenos e está passando por dificuldades financeiras, com o restaurante do seu marido quase sem dar lucro. Quando ela consegue um emprego de assistente em uma luxuosa imobiliária, parece que sua sorte vai mudar, mas conforme cresce dentro da empresa ela se torna alvo de assédio de seu chefe, Benny (Menashe Noy), que efetua desde comentários sobre sua roupa e cabelo até agressivas sugestões. Retrato do Amor | Índia | Drama Pressionado por sua família a se casar o mais rápido possível, um fotógrafo de Mumbai convence uma tímida estranha a fingir ser a sua noiva durante a visita da avó. Apesar da relutância, ela aceita a proposta e os dois desenvolvem um laço totalmente inesperado. Rafiki | Quênia, França | Drama Kena (Samantha Mugatsia) e Ziki (Sheila Munyiva) são grandes amigas e, embora suas famílias sejam rivais políticas, as duas continuaram juntas ao longo dos anos, apoiando uma a outra na batalha pela conquistas de seus sonhos. A relação de amizade transforma-se em um romance que passa a afetar a rotina da comunidade conservadora em que vivem. As jovens terão que escolher entre experienciar o amor que partilham ou se distanciar em função de uma vida segura. Mulheres Armadas, Homens na Lata | França | Comédia Sem trabalho ou diploma, Sandra, ex-Miss Pas-de-Calais, volta a morar com a mãe no sul da França, depois de 15 anos na Côte d’Azur. Contratada na fábrica de conservas local, ela rejeita constantemente o assédio sexual de seu chefe e acaba matando-o acidentalmente quando tenta se defender. A primeira reação de Sandra e suas amigas da empresa, que presenciam o crime, é chamar socorro. Quando elas descobrem uma mala cheia de dinheiro no armário do homem morto, o jogo muda e elas decidem ficar com a fortuna a qualquer preço. Fourteen | EUA | Drama Ao longo de uma década, uma jovem torna-se cada vez mais debilitada e disfuncional devido a uma doença mental impossível de ser diagnosticada com clareza. Enquanto as pessoas mais distantes desconfiam que o problema tenha outras raízes, seus amigos mais próximos e familiares procuram as melhores formas para ajudá-la sem danificar seu cotidiano. Leste Oeste | Brasil | Drama Ezequiel (Felipe Kannenberg) é um ex-piloto que vive há 15 anos longe de sua cidade natal. Depois de todo esse tempo, ele decide voltar para disputar sua última corrida. Lá, ele vai ter que enfrentar alguns personagens de seu passado, como seu antigo affair, Stela (Simone Iliescu), e também Ângelo (José Maschio), o patriarca da família. Ele também vai cruzar com Pedro (Bruno Silva), um jovem de 16 anos que sonha em pilotar. Voando Alto | Alemanha | Animação O pequeno Manou passou sua vida inteira acreditando que era uma gaivota, quando na realidade ele é filho de um casal de andorinhas. Enquanto tenta aprender a voar, ele percebe que nunca será capaz de alçar grandes voos e foge de casa. Mas quando os animais correm perigo de vida devido a uma nova ameaça, só ele será capaz de salvar o dia. My Hero Academia – Dois Heróis | Japão | Animação Deku e All Might são convidados para a principal exposição mundial de habilidades de Quirk e inovações tecnológicas de heróis: a I-Expo. Lá, Deku conhece Melissa, uma garota que é Quirkless assim como ele já foi. Tudo ia bem, quando o sistema de segurança do evento é hackeado por vilões e a sociedade ameaçada. O Amigo do Rei | Brasil | Documentário Misturando-se entre o documental e o ficcional, o maior crime ambiental da história do Brasil é explorado através de suas mais variadas perspectivas. Tratando do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, Minas Gerais, o deputado federal Rey Naldo (Luciano Chirolli) mostra ao Congresso Nacional como a política e a mineração se relacionam de maneira íntima. Alma Imoral | Brasil | Documentário O documentário trata sobre transgressão, buscando entender o anseio do ser-humano em viver novos relacionamentos e se tornar outras pessoas a partir do próprio conceito de evolução, deixando de se apoiar apenas em contextos bíblicos e obrigações morais.
Capitã Marvel é a única estreia ampla desta semana nos cinemas
Único lançamento amplo desta quinta (7/3), “Capitã Marvel” é o primeiro filme de super-herói do ano, e sua estreia vira a página do Oscar na programação dos cinemas. Com marketing intenso e distribuição ostensiva, o longa estrelado por Brie Larson deve se tornar um fenômeno cultural como “Pantera Negra” e “Mulher-Maravilha”. Não lhe faltam ação, diversão e efeitos em doses cavalares, além de ser exatamente o que se espera da Marvel. A jornada heroica que ecoa tantas outras, desta vez se diferencia por empoderar a primeira super-heroína do estúdio. Não se trata somente de um episódio intermediário, para se consumir entre “Vingadores: Guerra Infinita” e “Vingadores: Ultimato”, mas um capítulo vibrante da complexa “guerra cultural” travada no mundo real, entre defensores da diversidade e opressores. “Capitã Marvel” é também o único filme americano da programação desta semana, que tem até filme africano, “Yomeddine – Em Busca de um Lar”, representante do Egito na disputa por uma vaga no Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A lista de estreias ainda inclui o português “Raiva”, que contrasta uma fotografia belíssima em preto-e-branco com uma história sobre a miséria, o italiano “O Rei de Roma”, sátira à hipocrisia da classe política corrupta, o documentário “Diários de Classe”, sobre três mulheres – uma trans, uma ex-presidiária e uma doméstica – que tentam mudar de vida ao aprender a ler e escrever, e o drama brasileiro “O Último Trago”, vencedor de três troféus no Festival de Brasília. Dentre todos, o destaque do circuito limitado é o outra produção nacional, o suspense “Albatroz”. Não se trata de uma obra exatamente “fácil”. Mas foi escrita por Bráulio Mantovani, autor de “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”, que consegue dar um mínimo de coerência ao emaranhado de questionamento moral, sentimento de culpa e delírio da trama. Alexandre Nero (“João, o Maestro”) vive um fotógrafo que flagra um ato terrorista em Jerusalém, mas em vez de ajudar a vítima, apenas fotografa, o que lhe rende fama e patrulhamento. O detalhe é que essa informação vem fragmentada, junto do sumiço de sua mulher após um acidente de carro, a volta da ex com desejo de vingança e até um flerte com a ficção científica. Totalmente inesperado, tende a dividir opiniões – e aplausos pela ousadia. A direção é de Daniel Augusto, de “Não Pare na Pista”, sobre o escritor Paulo Coelho. Para saber mais sobre os filmes, confira abaixo os trailers e as sinopses de todos os lançamentos. Capitã Marvel | EUA | Super-Heróis Aventura sobre Carol Danvers, que tem contato com uma raça alienígena e ganha poderes sobre-humanos, tornando-se a mais poderosa entre os super-heróis de todo o mundo. Albatroz | Brasil | Suspense O fotógrafo Simão (Alexandre Nero), casado com Catarina (Maria Flor), uma compositora de jingles publicitários, se apaixona pela atriz judia Renée (Camila Morgado), com quem viaja a Jerusalém. Lá ele acaba registrando um atentado terrorista, o que lhe torna mundialmente famoso. Mas, ao mesmo tempo, surgem críticas negativas por ele ter fotografado em vez de tentar evitar a tragédia. Simão entra em depressão e fica na fronteira entre realidade, sonho e delírio. O Último Trago | Brasil | Drama Uma mulher resgatada à beira da estrada incorpora o espírito de uma guerreira indígena desencadeando uma série de eventos que atravessam os tempos e os espaços. Do sertão nordestino ao litoral, séculos de lutas de dominação e resistência. O Rei de Roma | Itália | Comédia Numa Tempesta (Marco Giallini) é um focado e carismático empresário que, levado por uma gigante necessidade de ser bem sucedido, faz qualquer coisa para fechar um negócio, mesmo que isso o leve a infringir a lei. Depois de uma negociação dar errado, ele é pego pela polícia e condenado a cumprir um ano de serviço social, e fará qualquer coisa para voltar a trabalhar normalmente. Yomeddine – Em Busca de um Lar | Egito, França | Drama Beshay (Rady Gamal) é um coletor de lixo que decide sair do confinamento de uma colônia de leprosos pela primeira vez e embarca em uma jornada ao Egito para procurar sua família. Ele viaja com seu burro e seu aprendiz órfão ao longo do Nilo e, pela primeira vez, fica cara a cara com a maldição de ser um estranho. Raiva | Portugal | Drama Nos remotos campos do Baixo Alentejo, no sul de Portugal, a miséria e a fome assolam a população. Quando dois violentos assassinatos acontecem em uma só noite, um mistério toma o lugar: qual poderia ser a origem desses crimes? Diários de Classe | Brasil | Documentário O cotidiano de três mulheres – uma jovem trans, uma mãe encarcerada e uma empregada doméstica –, estudantes de centros de alfabetização para adultos em Salvador. Embora trilhem caminhos distintos, suas trajetórias coincidem nos preconceitos e injustiças sofridos cotidianamente.
Primeiro filme do Quênia selecionado pelo Festival de Cannes é proibido em seu país
As autoridades do Quênia proibiram a exibição de “Rafiki” no país. O longa, que se tornou a primeira produção queniana selecionada pelo Festival de Cannes, conta uma história de amor entre duas mulheres. Alegando que a obra incentiva o lesbianismo, o governo decidiu, em vez de celebrar seu feito, banir o filme da diretora Wanuri Kahiu. O Conselho de Classificação Cinematográfica do Quênia anunciou o veto nesta sexta-feira (27/4) e disse em um tuíte: “Qualquer um que seja encontrado com sua posse estará violando a lei”, numa referência a uma lei dos tempos coloniais ainda em vigor, segundo a qual o sexo homossexual é punível com até 14 anos de prisão. A porta-voz do conselho, Nelly Muluka, tuitou: “Nossa cultura e leis reconhecem a família como a unidade básica da sociedade. O (conselho) não pode, portanto, permitir que conteúdo lésbico seja acessado por crianças no Quênia”. “Estou realmente decepcionada, porque os quenianos já têm acesso a filmes com conteúdo LGBT na Netflix e em filmes internacionais exibidos no Quênia e permitidos pelo próprio conselho de classificação”, disse a diretora Wanuri Kahiu, em entrevista à agência Reuters. “Então, proibir só um filme queniano porque ele lida com algo que já acontece na sociedade parece simplesmente uma contradição”, completou. A proibição representa uma reversão de posição do conselho, cujo presidente, Ezekiel Mutua, havia elogiado o filme no início deste mês. “É uma história sobre as realidades de nosso tempo e os desafios que nossas crianças estão enfrentando, especialmente com sua sexualidade”, disse ele à rádio comercial HOT 96 FM, antes do conselho proibir a exibição. “Rafiki”, cujo título é a palavra swahili para “amigo”, é uma adaptação do conto premiado “Jambula Tree”, da escritora ugandense Monica Arac Nyeko. O filme terá sua première mundial em maio na mostra Um Certo Olhar, durante o Festival de Cannes.




