Billy Wilder vira tema de exposição inédita no MIS-SP
Mostra relembrará a carreira do aclamado diretor com ambientes imersivos e exibição de clássicos do cinema
Walter Mirisch, produtor de “No Calor da Noite”, morre aos 101 anos
Walter Mirisch, ex-presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e produtor vencedor do Oscar por “No Calor da Noite” (1967), faleceu na sexta-feira (24/2) de causas naturais em Los Angeles. Ele tinha 101 anos. Dono de uma carreira longeva e impressionante, Mirisch também produziu filmes como “Sete Homens e um Destino” (1960) e “Amor, Sublime Amor” (1961). Além do seu trabalho como produtor, Mirisch ainda atuou como Presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de 1973 a 1977. Nascido em 8 de novembro de 1921, na cidade de Nova York, Mirisch não serviu na 2ª Guerra Mundial por causa de um problema cardíaco. Em vez disso, ele se mudou para Burbank para trabalhar em uma fábrica de aviões. Ele começou a carreira cinematográfica como gerente da produtora Monogram Pictures desde 1945, onde produziu filmes de baixo orçamento, incluindo “Bomba, O Filho das Selvas” (1949), uma franquia que durou 12 filmes. Mirisch continuou a fazer filmes B durante a década de 1950, até que lançou sua própria produtora, a Mirisch Company. Então, a produtora assinou um contrato de distribuição com o estúdio United Artists, o que elevou o seu trabalho como produtor. Em pouco tempo, Mirisch estava produzindo futuros clássicos de Billy Wilder, como “Quanto mais Quente Melhor” (1959) e “Se Meu Apartamento Falasse” (1960), ambos estrelados por Jack Lemmon, além de Marilyn Monroe e Shirley MacLaine, respectivamente. Ele também inovou o western com “Sete Homens e um Destino” (1960), remake hollywoodiano do clássico “Os Sete Samurais” (1954), de Akira Kurosawa. A versão americana, que conta a história de um grupo de pistoleiros contratados para proteger uma pequena vila, foi dirigida por John Sturges e estrelada por Yul Brenner, Eli Wallach, Robert Vaughn, Charles Bronson e James Coburn. Apesar do grandioso elenco, o filme fracassou nas bilheterias americanas, mas foi salvo pelo público internacional, especialmente o europeu e asiático, que ajudaram a tornar “Sete Homens e um Destino” um dos westerns mais famosos de todos os tempos e a transformar sua trama em franquia – com três continuações, uma série e um remake. Em 1961, a Mirisch Company produziu nada menos do que “Amor, Sublime Amor”, o musical baseado em uma premiada peça da Broadway. Narrando uma versão moderna da história de “Romeu e Julieta”, o filme estrelado por Natalie Wood e Richard Beymer venceu um total de 10 Oscars, incluindo Melhor Diretor, prêmio dividido entre Robert Wise e Jerome Robbins. Mas Mirisch recebeu seu próprio Oscar como produtor do filme “No Calor da Noite” (1967), em que Sidney Poitier interpretou Virgil Tibbs, um dos principais detetives de homicídios da Filadélfia que investiga o assassinato de um industrialista rico numa região rural – e racista – do Mississippi. O filme marcou época por mostrar Tibbs revidando racistas. Ele entra em conflito com o xerife local (Rod Steiger) e, em alguns dos momentos mais icônicos da história do cinema, responde a um tapa de um homem branco com um tapa ainda mais forte, e entrega uma fala que se tornou icônica na luta por justiça social: “Eles me chamam de Senhor Tibbs!”. A frase acabou batizando a sequência da produção – que no Brasil foi chamada de “Noite Sem Fim” (1970). Outros clássicos produzidos pela Mirisch Company foram “Fugindo do Inferno” (1963), “A Pantera Cor-de-Rosa” (1963), “Uma Loura por um Milhão” (1966), “Os Russos Estão Chegando! Os Russos Estão Chegando!” (1966), “Crown, o Magnífico” (1968), “Um Violinista no Telhado” (1971) e “Tudo Bem no Ano que Vem” (1978), além das continuações de “A Pantera Cor-de-Rosa”. Aos poucos, Mirisch diminuiu a sua rotina de trabalho. Depois de um “Drácula” (1979) romântico e “Uma Comédia Romântica” (1983), ele se afastou do cinema e passou a investir na TV, atingindo novo pico de sucesso com a bem-sucedida série animada de “A Pantera Cor de Rosa” (1993-1996) e seus derivados. Ele também participou de uma série baseada em “Sete Homens e um Destino” e no remake do filme original, lançado em 2016. Em 2008, Mirisch publicou seu livro de memórias, intitulada “I Thought We Were Making Movies, Not History”. Ao longo da sua carreira, ele também ganhou dois Oscars honorários por suas realizações: o Prêmio Memorial Irving G. Thalberg em 1978 e o Prêmio Humanitário Jean Hersholt em 1983, além do Prêmio de Conjunto da Obra do Sindicato dos Produtores da América, em 1996. Ao saber da morte de Mirisch, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas emitiu um comunicado em sua homenagem. “A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas lamenta profundamente a morte de Walter”, disseram o CEO da Academia, Bill Kramer, e a Presidente da Academia, Janet Yang. “Walter foi um verdadeiro visionário, tanto como produtor quanto como líder da indústria. Ele teve um impacto poderoso na comunidade cinematográfica e na Academia, atuando como nosso Presidente e como governador da Academia por muitos anos. Sua paixão pela produção cinematográfica e pela Academia nunca vacilou, e ele permaneceu um querido amigo e conselheiro. Enviamos nosso amor e apoio a sua família durante este momento difícil.” O cineasta Steven Spielberg (“Os Fabelmans”) também prestou sua homenagem. “Walter foi uma figura gigantesca na indústria cinematográfica, e seus filmes foram clássicos pioneiros que cobriam todos os gêneros, sem deixar de entreter o público em todo o mundo”, disse o diretor, em comunicado. “Ele conquistou tanto na vida e na indústria – se você viver até os 101 anos e produzir ‘Se Meu Apartamento Falasse’, eu diria que foi uma boa jornada – e Walter permaneceu um cavalheiro e um fervoroso defensor de bons filmes, apoiando várias gerações de cineastas dedicados. Acima de tudo, ele conhecia uma boa história quando a encontrava e lutava com unhas e dentes para colocá-la na tela. Ele amou a Academia mais que muitos em nossa história, cumprindo quatro mandatos como presidente. Eu apreciei nossos almoços no Comissário Universal ao longo dos anos e ele foi tão generoso com seus conselhos quanto com sua amizade. Sou um diretor melhor e uma pessoa melhor por ter conhecido Walter.”
Nehemiah Persoff (1919–2022)
Nehemiah Persoff, ator veterano que apareceu em dezenas de séries e filmes clássicos, morreu na terça (5/4) num hospital em San Luis Obispo, Califórnia. Ele tinha 102 anos. Isralense nascido em Jerusalém, Persoff tinha 10 anos quando sua família migrou para os EUA em 1929. Ele serviu no Exército dos EUA e trabalhou como eletricista no metrô de Nova York, antes de virar ator. Com 18 anos, estreou na Broadway, chegando a trabalhar com o famoso diretor Elia Kazan em 1947. Por conta disso, foi convidado a participar de uma reunião organizada por Kazan, ao lado de John Garfield, Marlon Brando, Karl Malden, Montgomery Clift, Kim Hunter e Maureen Stapleton, entre outros, que deu origem ao Actors Studio, um centro de treinamento de atores de Nova York que originou o chamado “Método” de atuação e revolucionou a profissão. Sua estreia nas telas foi como figurante no clássico noir “Cidade Nua” (1948), de Jules Dassin, seguindo por outra ponta como taxista numa das cenas mais famosas de “Sindicato dos Ladrões” (1954), com Marlon Brando no banco traseiro e Elia Kazan atrás das câmeras. Ele também apareceu em “O Homem Errado” (1956), de Alfred Hitchcock, como cunhado de Henry Fonda, mas preferia a Broadway a Hollywood. Por conta disso, apareceu em várias montagens que marcaram época – inclusive “Peter Pan” com Jean Arthur e Boris Karloff. Devido a seu trabalho teatral, o ator tinha dificuldades em sair de Nova York, cidade que durante décadas também foi o centro das produções televisivas dos EUA. A situação estimulou suas muitas aparições em episódios de séries populares entre os anos 1950 e 1980, como a atração baseada no filme “Cidade Nua”, “Alfred Hitchcock Apresenta”, “Além da Imaginação”, “Os Intocáveis”, “Gunsmoke”, “Missão: Impossível”, “Agente da UNCLE”, “Túnel do Tempo”, “Viagem ao Fundo do Mar”, “Terra de Gigantes”, “James West”, “A Ilha dos Birutas”, “O Rei dos Ladrões”, “A Noviça Voadora”, “Chaparral”, “Mod Squad”, “Havaí 5-0”, “O Homem Invisível”, “O Homem de Seis Milhões de Dólares”, “A Mulher Biônica”, “Mulher-Maravilha”, “Galactica: Astronave de Combate”, “Ilha da Fantasia”, “MacGyver – Profissão: Perigo” e “Jornada nas Estrelas: A Nova Geração”, entre inúmeras outras. Em pouco tempo, ele se estabeleceu como o vilão da semana na TV, condição que acompanhou sua escalação em papéis de gângsteres e pistoleiros no cinema. Ele foi malvadão até naquela que é considerada a melhor comédia de todos os tempos, “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), de Billy Wilder, em que interpretou o mafioso Little Bonaparte. Outros desempenhos notáveis incluíram Johnny Torrio, mentor de “Capone” (1959), e o implacável Graile, rival do cowboy vivido por John Wayne no western “Comancheros” (1961), de Michael Curtis. Curiosamente, Persoff demorou a se destacar como interprete de judeus, o que veio a acontecer no dramático “A Viagem dos Condenados” (1976), de Stuart Rosenberg, sobre a tentativa de fuga de judeus da Alemanha nazista a bordo de um navio. Mas seu desempenho mais celebrado foi justamente como um judeu israelense: o pai que ensina secretamente o Talmud para a filha vivida por Barbra Streisand, no drama musical “Yentl” (1983). Também participou de duas filmagens do Novo Testamento: “A Maior História de Todos os Tempos” (1965), de George Stevens, e “A Última Tentação de Cristo” (1988), de Martin Scorsese. E encontrou sucesso como dublador com a animação “Um Conto Americano” (1989), dando voz ao patriarca da família do protagonista, o ratinho Fievel. O desenho foi um dos maiores fenômenos de bilheteria produzidos fora da Disney (pela Amblin, de Steven Spielberg) até então e ganhou mais três continuações (duas delas em vídeo no final dos anos 1990), que contaram novamente com dublagem de Persoff. Seu último trabalho foi como rabi na premiadíssima minissérie “Anjos na América”, vencedora de 11 troféus no Emmy de 2004. Persoff se aposentou da atuação no começo do século 21, mas não abandonou a carreira artística, dedicando-se à pintura. Ele passou seus anos finais trabalhando num estúdio ao ar livre em sua casa em Cambria, perto da costa da Califórnia.
Laurie Mitchell (1928 – 2018)
Morreu a atriz Laurie Mitchell, que foi rainha do planeta Vênus no clássico “Rebelião dos Planetas” (1958), no qual lutou contra Zsa Zsa Gabor. Ela tinha 90 anos. Ela morreu de causas naturais na quinta-feira (20/9), em uma instituição de saúde em Perris, na Califórnia. A atriz, que nasceu com o nome de Mickey Koren, foi criada em Nova York, mas se mudou com a família para a Califórnia quando era adolescente, o que lhe permitiu estudar atuação com o veterano ator Ben Bard (“O Sétimo Céu”). Loira de corpo escultural, ela se especializou em interpretar mulheres sexy e malvadas. Sua estréia no cinema foi no papel de uma prostituta que acompanha Kirk Douglas no começo de “20.000 Léguas Submarinas” (1954). E ela ainda figurou em dois filmes de presidiárias, “Mulheres Condenadas” (1955) e “As Lobas da Penitenciária” (1956), antes de conseguir seu primeiro destaque. A história de “Rebelião dos Planetas” foi concebida por Ben Hecht, roteirista vencedor do Oscar e responsável pelo clássico “Interlúdio” (1946), de Alfred Hitchcock. A trama se passa no começo da era espacial, em 1985, quando uma nave a caminho de uma estação no espaço perde o controle e acaba em Vênus. Lá, os quatro tripulantes são capturados por mulheres de mini-saias armadas, lideradas por uma rainha que odeia os homens e planeja destruir a Terra. Ela só não prevê a traição de sua cientista Talleah (Zsa Zsa Gabor), que se encanta com os astronautas. O papel da Rainha Yllane deu a Mitchell o status de sex symbol e de figura cultuada, além de convites para participar de convenções de sci-fi por várias décadas. No mesmo ano de 1958, ela apareceu em outras duas ficções científicas de baixo orçamento, “Terríveis Monstros da Lua”, em que voltou a viver uma alienígena sexy, e “Dr. Encolhedor”, consolidando seu status cult. Mas sua filmografia incluiu filmes muito mais famosos, como a comédia clássica “Quanto Mais Quente Melhor” (1959), na qual interpretou uma integrante da banda feminina de Marilyn Monroe. Ela chegou a dizer que participar desse filme de Billy Wilder tinha sido “a experiência mais emocionante da minha carreira no show business”. Também figurou como showgirl em outra comédia famosa, “Carícias de Luxo” (1962), com Cary Grant e Doris Day, participou do romance “Amor Daquele Jeito” (1963), com Paul Newman, e trabalhou no saloon de “Fúria de Brutos” (1963), com Audie Murphy. Mas os papéis de figurante não lhe abriram novas portas. Com a carreira estagnada no cinema, ela passou a aparecer em inúmeras séries, de “Perry Mason” até “A Família Addams”, coadjuvando por mais de uma década na televisão. Ela quase encerrou a carreira com um papel no cinema, contracenando com o eterno Batman Adam West no suspense “A Garota que Sabia Demais”, em 1969. Mas depois disso ainda fez uma última aparição televisiva, na série “The Bold Ones: The New Doctors”, em 1971. Casada, mãe de família e distante de Hollywood, acabou redescoberta por fãs de seus filmes nos anos 1980, voltando a ser coroada rainha, no circuito das convenções de ficção científica.
Quanto Mais Quente Melhor é eleita a Melhor Comédia de todos os tempos
“Quanto Mais Quente Melhor” (1959), de Billy Wilder, foi eleita a melhor comédia de todos os tempos por críticos de todo o mundo, num levantamento publicado no site da rede pública britânica BBC. O site compilou os 100 melhores filmes de comédia na opinião de 253 críticos de cinema de 52 países — incluindo o Brasil. Entre os dez primeiros colocados, a comédia mais recente é “Feitiço do tempo” (1993), de Harold Ramis. No ano passado, a BBC usou o mesmo critério para definir os 100 melhores filmes do século 21. No entanto, como várias comédias ficaram de fora, o site decidiu fazer uma segunda lista focada no gênero. Para chegar à lista, foram ouvidos 118 mulheres e 135 homens que escrevem sobre cinema. Cada um precisou responder a uma única pergunta da pesquisa: “Quais são as 10 melhores comédias da História?”. Entre os filmes lançados neste século, o mais bem colocado é “O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy” (2004), de Adam McKay, estrelado por Will Ferrell. Já o mais recente entre os 100 melhores é o alemão “Toni Erdmann” (2016), de Maren Ade, enquanto “O Homem Mosca” (1923), o grande clássico de Harold Lloyd, é o mais antigo. O Top 10 também inclui um clássico do cinema mudo, em contraste com o filme que originou as paródias modernas e até um falso documentário musical histórico. Mas principalmente grandes astros do humor: Buster Keaton, Jacques Tati, Irmãos Marx, Woody Allen, Peter Sellers, Jack Lemmon, Marilyn Monroe, Bill Murray, Leslie Nielsen e o grupo Monty Python. Confira abaixo. 10. “General” (1926) 9. “Isto é Spinal Tap” (1984) 8. “Playtime: Tempo de Diversão” (1967) 7. “Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu (1980) 6. “A Vida de Brian” (1979) 5. “O Diabo a Quatro” (1933) 4. “Feitiço do Tempo” (1993) 3. “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977) 2. “Dr. Fantástico” (1964) 1. “Quanto Mais Quente Melhor” (1959)




