Record é acusada de demitir autores de novelas por preconceito religioso
A Record TV é acusada de demitir autores de novelas bíblicas que se recusam a seguir a religião evangélica de Edir Macedo. Uma das vítimas abriu processo contra a emissora por preconceito religioso. A emissora teria demitido nomes como Emílio Boechat (“Rebelde – BR”), Camilo Pellegrini (“Gênesis”), Joaquim Assis (“Os Dez Mandamentos”), Cristianne Fridman (“Chamas da Vida”) e Paula Richard (“Jesus”), que se revoltaram com a demissão supostamente injusta. Paula Richard abriu um processo judicial por preconceito religioso, onde diz que sempre respeitou as mais diversas crenças e que tentou adaptar novelas bíblicas sem priorizar uma igreja específica. A autora disse ter sido impedida de neutralizar as histórias e anexou falas dos colegas para defender as acusações contra a emissora. “Evidente que a autora nutre profundo respeito pela denominação religiosa dos donos da emissora em que laborou por tantos anos, mas esse respeito não foi recíproco”, diz o processo judicial. Entre os depoimentos, Paula resgatou um comentário de Emílio Boechat feito há dois anos atrás. Na época, o autor criticou as intervenções de Cristiane Cardoso, a diretora de Dramaturgia, e da Igreja Universal nas produções de novelas bíblicas. Segundo ele, a filha de Edir Macedo alterava sinopses e mudava diálogos. A situação já vinha ocorrendo em segredo desde 2015. “O que esperar de uma emissora que entregou a dramaturgia nas mãos de amadores cujo compromisso é apenas divulgar os dogmas de uma igreja específica? Tenho pena dos atores e demais profissionais que se submetem a essa humilhação porque precisam do dinheiro”, afirmou Boechat, em 2021. A autora ainda usou como exemplo outros autores, como Joaquim Assis e Camilo Pellegrini, que não tiveram seus contratos renovados por não se declararem evangélicos. “A saída de todos esses profissionais – entre os quais, a reclamante – , ao que tudo indica, é fruto da intolerância religiosa da Sra. Cristiane Cardoso que, na tentativa de formação da sua ‘nação cristã’, retirou todos os roteiristas de outras denominações religiosas e segue substituindo outros profissionais da cadeia do audiovisual, com base em parâmetros idênticos. Todos esses funcionários, como noticia a mídia, foram substituídos por membros da Igreja Universal”, diz o processo. Paula Richard acrescentou ter uma boa relação com membros da Igreja Universal. No entanto, a convivência com a diretora de dramaturgia teria sido uma exceção. “A relação de trabalho da autora com membros da Igreja, seja na produção ou com as colaboradoras que foram inseridas na sua equipe, sempre foi amena”, explica a ação. “Entretanto, ao que tudo indica, a já mencionada Sra. Cristiane Cardoso estava determinada a ter apenas membros da Igreja Universal escrevendo na Record TV – o que constitui, a toda evidência, inaceitável discriminação de cariz religioso.” Ainda no processo judicial, Paula anexou e-mails do período que trabalhou com a diretora, onde ela reforça as demissões arbitrárias. “Esse aspecto é ainda mais evidenciado quando se verifica que todos os roteiristas profissionais que trabalhavam na Record e não são membros da Igreja Universal foram demitidos. Hoje, somente a Sra. Cristiane Cardoso e membros da referida Igreja escrevem e atuam como roteiristas da Record”, completa a ação. Paula Richard pede cerca de R$ 5,6 milhões de indenização por preconceito religioso, entre outras solicitações trabalhistas.
Fordlândia: Diretor de “Pantanal” fará série sobrenatural na Amazônia
O diretor Rogério Gomes (“Pantanal”) vai dirigir uma nova série sobrenatural brasileira escrita pela roteirista Paula Richard (“Jesus”). Com título internacional de “Fordlandia – Battle Between Worlds” (Fordlândia – Batalha Entre Mundos), a trama vai se passar na cidade industrial falida de Henry Ford, localizada em plena Floresta Amazônica. Segundo a roteirista, a intenção é filmar a série em inglês, com um elenco composto por atores brasileiros e americanos. O projeto também contará com filmagens em português e munduruku, língua indígena local dos brasileiros que habitam a região da bacia do rio Amazonas. A série será “uma aventura épica, onde fatos históricos se misturam com a ficção e a magia com a realidade”, de acordo com Paula Richard. A trama se baseia na história real da cidade construída pelo magnata industrial americano Henry Ford em 1928. Com o objetivo de produzir borracha e quebrar o monopólio britânico sobre o material, Ford estabeleceu uma cidade moderna nas margens do rio Tapajós, próxima à cidade de Aveiro. Apesar dos benefícios de infraestrutura e qualidade de vida oferecidos, os moradores acabaram se revoltando contra as condições de trabalho e, no final, nenhuma borracha foi produzida. Em 1945, a família Ford vendeu as terras de volta ao governo brasileiro com grandes prejuízos. A sinopse conta que “forças sobrenaturais desconhecidas e perigosas são despertadas com a criação de Fordlândia, resultando em uma batalha entre os reinos físico e espiritual. Nascida no dia em que a floresta derramou lágrimas de sangue, a índia Ceuci e seus amigos se unem para enfrentar o mal que quer dominar o mundo”. Embora a seleção de elenco ainda esteja em fase inicial, especula-se que um renomado ator norte-americano esteja sendo vinculado à produção, juntamente com várias estrelas brasileiras. Três atores serão escolhidos para interpretar os papéis principais de Ceuci, Jovita e Emily. “Trata-se de como pessoas de diferentes origens e crenças distintas podem aprender umas com as outras, unindo-se para preservar o equilíbrio e a natureza. É sobre crescer em um mundo assustador, revelando força interior e coragem para mudar as coisas, e é sobre como o amor tem o poder de quebrar limites físicos e temporais, revelando-se a maior arma contra o mal”, disse a roteirista ao site Deadline. “‘Fordlândia – Battle Between Worlds’ é uma história sobre amizade e tolerância, sobre como juntos somos mais fortes”, ela explicou. O projeto está em fase de desenvolvimento pela produtora Diosual Entertainment, que buscar um acordo de co-produção com os Estados Unidos. Recentemente, a produtora brasileira de Guto Colunga tem se esforçado para expandir sua presença internacional. A empresa também está trabalhando na série “Land of Shadows”, uma parceria entre Portugal e Brasil, que retrata a história de dois soldados gays no século 17, baseado em uma obra de Aguinaldo Silva (“Império”).

